XXI

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Harry suspirou uma última vez, inalando o cheiro doce e agradável do cabelo do rapaz que ainda o abraçava.

O detetive deu um passo para trás, segurando a mão de Louis e o puxando consigo em direção ao sofá, mas não sem antes tirar dos ombros do policial a mochila que ele carregava com algumas peças de roupa, considerando que passaria a noite ali, como de costume.

— Você está bem? — perguntou Louis um tanto confuso enquanto Harry deixava sua mochila no sofá menor. Só então ele tinha reparado o cenho franzido e a testa enrugada do mais alto que denunciavam o quão tenso e preocupado ele estava.

O outro deu de ombros e finalmente se sentou, fazendo com que Louis se aproximasse e fizesse o mesmo.

Nada foi dito por alguns minutos. Harry estava olhando para frente, para a parede branca e mal piscava, estando totalmente entregue aos seus pensamentos, independente de quais fossem. Já Louis optou por ficar calado, não sabia o dizer.

O rapaz se virou no estofado, ficando de frente para Harry e com a cabeça apoiada no encosto do sofá, não perdendo nem mesmo um piscar do homem à sua frente.

O detetive suspirou e se rendeu aos olhares que recebia de Louis e fez o mesmo, se virando de frente para ele e deitando sua cabeça naquela superfície fofinha.

— Eu posso confiar em você, não é?

Louis estranhou a pergunta, claro. Mas ainda assim assentiu e sorriu pequeno para Harry, pegando a mão dele, a deixando entre as suas enquanto acariciava a pele um tanto gelada do detetive com seu polegar.

— Claro que pode, Harry — respondeu.

O cacheado assentiu e suspirou outra vez, fechando seus olhos em seguida.

— Você se lembra que, na primeira vez que saímos eu te disse no restaurante que esse assassino filho da puta só podia ser um psicopata?

— Sim, eu lembro — disse Louis sem entender muito bem o que Harry pretendia dizer com aquilo.

— Você sabe as características de um psicopata? — questionou ao abrir suas pálpebras e dar de cara com o oceano profundamente azul que o rapaz carregava em seus olhos. Louis apenas assentiu, não deixando de acariciar a mão de Harry em momento algum. — Me diga essas características, Lou. Por favor.

Para Harry, ouvir alguém dizer em voz alta poderia ajudá-lo a pensar. Quando namorava com Cole e estava perdido em algum caso, pedia para o rapaz fazer a mesma coisa. E na maioria das vezes, os pensamentos de Harry iam clareando conforme ele ouvia parte de suas próprias conclusões em voz alta.

— Um psicopata é frio — começou ele sem pressa, dando seu melhor para não atrapalhar ainda mais o detetive. — Tem um desvio de caráter e não tem sentimentos, sequer os entende. São insensíveis e tem total falta de empatia. Também são manipuladores, narcisistas, vazios de remorso ou culpa, são bastante egocêntricos e muito, muito inteligentes.

— Inteligentes — sussurrou Harry a última palavra. — Eles cometem erros, Lou?

— Raramente, eu acho.

— Erros grandes?

— Acho que não — respondeu de forma sincera. — Só algumas migalhas, acredito eu.

— Mandar para uma lavanderia peças de roupa ensanguentadas é um erro grande?

Louis parou de acariciar a mão de Harry por um momento, incapaz de entender o rumo que aquela conversa tomou.

— Harry? — chamou ele, baixinho. Usando um tom de voz suficiente para atrair a atenção do detetive que já não o encarava mais. Harry tinha o olhar perdido. — O que você quer dizer com isso?

Deadly Lovers | L.S. |Onde histórias criam vida. Descubra agora