Lembranças na mala

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Eu tava tão confusa, não conseguia entender como tudo havia chegado aquele ponto, minha irmã me odiava, meu namorado morreu, minha mae engravida de outro, meu sonho de ser cantora vai por água à baixo e ainda meu amigo gosta de mim. Aliás, o que ele viu em mim? Uma garota problemática e cheia de defeitos. Stefen é um cara maravilhoso, não merece alguém como eu, na verdade, ninguém merece, não sei como Gabriell conseguiu me suportar. Talvez, porque ele também tinha vários defeitos e problemas, assim como eu.
Eu não queria dar motivos para que meu pai desconfiasse de mim, então combinei com Stefen para que ele ficasse com o quarto principal que ficava no início do corredor, eu ficaria com o quarto menor no final do corredor. Bem, o apartamento era muito aconchegante, não era muito grande mas para duas pessoas, estava de bom tamanho.
Eu estava desfazendo minha mala quando ele apareceu na porta:

- Precisa de ajuda ai, Bella?

- Não precisa, já estou terminando. Mas, ainda temos muitas coisas para arrumar.

- Você tem razão... Então... O que vai ser daqui pra frente?

- Ué, eu vou terminar de desfazer minha mala e depois vamos terminar de arrumar o resto das coisas.

Ele deu um sorrisinho:

- Você entendeu...

Parei, e olhei para ele fixamente:

- Não sei...

- Como assim, não sabe?

- Stefen... Vou ser muito sincera com você... Estou muito confusa, eu gosto muito de você, você é incrível. Mas, eu estou cheia de problemas e isto está me deixando louca... Desculpe, mas preciso colocar minha vida em ordem primeiro...

Ele ficou alguns segundos em silêncio e fiquei mal com aquilo, me senti péssima por ver ele daquela forma.

- Tudo bem. Mas... Tem alguma chance?

- Claro.

Ele assentiu e eu dei um sorrisinho leve voltando ao que eu estava fazendo.

°°°

  Havia se passado dois dias e tudo corria bem entre mim e Stefen, é claro que cada um respeitando o espaço do outro. Eu sempre ligava pro meu pai para saber como estavam as coisas.

- O que você e a mamãe decidiram sobre o bebê?

- Nada resolvido mas, sua mãe falou com o pai do bebê e estou pensando em assumir essa criança.

- Pai... Como você consegue?

- O quê?

- Depois de tudo que ela fez com você, você consegue continuar ao lado dela.

- Filha, ela me maguo muito, admito. Mas, eu amo sua mãe, muito. E quando se ama alguém, as pedras que atiram na gente, se torna arma em nossas mãos.

Fiquei alguns minutos em silêncio e uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

- Está bem...

°°°

  Acordei cedo e percebi que  Stefen havia acabado de sair para trabalhar. Ele tinha acabado de conseguir um cargo de administrador na Schubert. Decidi tomar meu café e ir dar uma volta, me troquei, tranquei a casa e fui, andando pela calçada olhando os riscos que demonstravam minha vida, riscos tão finos que viravam cordas bambas onde eu apenas me via no chão após cair, onde não havia ninguém para me ajudar, ou pelo menos, ele não estava lá.
Após 10 minutos andando, passei na frente da casa da Hanna. Só dava para ouvir gritos de discussão, mas, não dava para saber com quem, só conseguia ouvir a voz dela. Pensei em ir até lá e ver se estava tudo bem, mas pensei que só acabasse piorando a situação, então decidi continuar minha caminhada. 20 minutos depois cheguei no parque. Sentei bem no lugar onde vi Gabriell e Vick discutindo. Comecei a olhar em volta, e as lembranças dele me atropelando, e após, vindo em minha direção com sua linda voz doce, começou a jorrar em minha mente. Junto com as lembranças, vinheram aquela insuportável dor nas malas, e parecia que quanto mais eu pensava nele, mais eu sofria, mais isso doia, mais essa mala pesava, mais saudades dele eu sentia, sentia falta daquela sensação que eu tinha quando ele me abraçava ou quando me beijava, sentia falta de seus conselhos, de suas carícias, de sua ternura e de seu amor. Simplismente, queria que ele estivesse comigo, nem que se fosse como apenas anjo.

°°°

O dia já estava acabando e a noite já estava chegando, quando a campainha tocou. De primeira estranhei, mas fui ver quem era. Quando abri a porta, senti minha raiva voltando: Era minha mãe.

- O que está fazendo aqui?

- Temos que conversar...

- Não tenho nada para falar com você.

- Deixe eu entrar por favor!

Pensei um pouco e acabei deixando.

- Olha, eu sei que você está com raiva de mim e entendo...

- Não! Você não entende. A única coisa que você sabe, é fazer as pessoas sofrerem e nem se importar.

- Claro que me importo.

- Para! Para de falar como se fosse uma coitadinha.

- Anabella Schumacher, não fala assim com a sua mãe!!

- Pra mim você nunca foi uma mãe.

Ela ficou surpresa e se calou por alguns segundos:

- Sei que não sou a melhor mãe do mundo mas, não entendo por que diz isso.

- Desde quando uma mãe deixa sua filha de lado enquanto só pensa em dinheiro e dinheiro? Que mãe é essa que só despreza sua filha? Que só lembra dela quando precisa de alguma coisa.

- Não fale assim, Anabella. Eu sempre prestei atenção em você.

- Então... Aonde você estava quando eu fazia apresentações dos dia das mães? Com quem foi meu primeiro beijo? Qual era meu desenho favorito? Aonde você tava quando eu ficava chorando no meio da noite com medo das pessoas que me magoavam, que riam de mim, que zombavam de mim? Hein? Imagino que nem sabia disso né?

Ela começou a chorar como um bebê e eu tentei me aguentar mas acabei não conseguindo me conter, deixando que algumas lágrimas descesse pelo meu rosto. Ela ficou em silêncio por alguns minutos e depois disse:

- Olha, eu sei que não pude estar com você nos momentos bons e ruins mas... Agora vejo as tantas coisas que perdi com isso. Me perdoe filha?

- Olha...

Antes que eu respondesse, a campainha tocou novamente e então eu abri a porta e me assustei com quem era: Petter Rhodes. Minha mãe ficou espantada e disse:

- Petter? O que faz aqui?

Eu estranhei muito quando ela disse isso:

- Você conhece ele?

- Claro. Ele é o pai do bebê que estou esperando.

Ser humano ou AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora