Bem vindos à Budapeste

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Porque esse pesadelo misturado com felicidade estava voltando à tona? Não fazia sentido, Gabriell disse que havia voltado para mim porque eu precisava dele... Então por que apareceu para o Andew? Estava tudo muito confuso e só faltava eu abrir aquela caixa tão misteriosa.
Abri com uma certa leveza focando logo para dentro da caixa. Logo que abri, meus olhos se refletiram com o brilho da aliança de noivado que deveria estar no dedo de Gabriell se ele estivesse vivo, ou está, não sei bem, mas, isso não fazia sentido... Por que ele me devolveu? Ele não queria mais estar comigo? Queria que eu desistisse dele? 

 - Está brincando comigo? Por que ele devolveria?

Andew me olhava como se esperasse que eu soubesse a resposta, mas eu não sabia, aliás eu já estava farta de toda essa situação.

- Eu não sei, Bella.

- Olha Andew, desculpe mas não quero mais pensar nisso, nem nele, já sofri de mais... Já to cansada. 

Ele se levantou dizendo:

- Me desculpe, Bella. Eu não queria lhe perturbar... Talvez seja melhor a gente seguir a vida e aceitar que ele se foi. Eu vou indo...

- Está bem. Concordo com você.

Stefen levou ele até a porta e eu peguei a caixa, levei até o meu quarto,  tirei o anel e coloquei em cima da estante que estava cheia de cosméticos e outras coisas. Peguei a caixa e arremecei contra a parede e o desespero veio mais uma vez, tomando conta do meu coração, como se eu já não estivesse acostumada com isso. Afinal, o Gabriell queria que eu ficasse bem ou louca? Não dava para entender.                                                                                                                                                     Assim que me virei para a porta, avistei o Stefen assustado e com olhar de pena e tristeza, era péssimo perceber que eu estava acabando com a vida dele por conta de uma dor que eu não conseguia me livrar ou não queria me livrar, talvez eu só queria que ele voltasse para mim. Mas o Stefen não tinha culpa disso e nem tinha que pagar por conta disso.

Dois dias se passaram e eu não conseguia trocar nenhuma palavra com ele, eu estava abatida e com vergonha de fazer ele passar por tudo que passou. Estavamos na sala assistindo a um programa de culinária que passava na TV, e então ele falou a primeira coisa depois de tantas horas em silêncio:

- Preparei uma viagem para Budapeste na Hungria. Pensei que fosse bom para refrescar a cabeça, se afastar um pouco desse lugar. Mas se não quiser ir, vou entender. O que acha?

- Acho que vai ser bom...

***

Eu não estava muito animada com a viagem mas tinha esperanças que desce certo, porque até mesmo, a gente estava precisando. Minhas malas já estavam prontas, então eu esperava o táxi chegar enquanto isso Stefen carregava sua grande mala até a sala:

- Cuidado para não perder sua coluna no meio dessa mala. - Eu ria - Tem certeza que não esqueceu de nada?

- Hahaha. Em vez de ficar ai zombando de mim, me ajude aqui.

Fui até ele, e empurrei a mala junto com ele até que o taxista chegou.

***

No avião eu via as nuvens e minha cabeça foi ironicamente nas nuvens. Eu respirava fundo e tentava relaxar, olhei para o lado e o Stefen estava dormindo, parecia um anjo. Na verdade era. E esse pensamento me voltava a estaca 0 me lembrando do causador de minha dor. Sabe o que é você querer odiar alguém pelo simples fato de ela- ou no caso ele- ter te feito causar uma dor maior do que o normal, afinal, sentir dor é normal? Será que eu estava apenas sendo dramática ou louca? Não, louca não. Então o que era? Se ele pelo menos pudesse estar aqui para me responder isso...

***

Assim que eu tinha chegado no hotel, tomei um banho e depois deitei na cama... Assumo que eu não estava nem um pouco afim de sair e me divertir, eu só queria que minha coragem voltasse e me fizesse se jogar daquele prédio mas eu não podia, afinal, o Stefen não merecia isso.                     Fazia frio, eu estava toda coberta em minha cama tentando pegar no sono, e quando eu estava quase dormindo, meu celular tocou... Era meu pai:

- Bella, tudo bem?

- Estou bem, chegamos faz 2 horas... E você? Está bem?

- Aqui está tudo tranquilo...

- Tem certeza? Por que me ligou à essa hora?

- Nada de mais, apenas senti falta de falar com você... Sua mãe também está com saudades.

- Pai, por favor não fale dela. Não quero saber dela.

 - Está bem... Ah! Eu não queria falar mas, achei melhor que soubesse...

- O que foi?

- Vick... À vi ontem... Ela está morando na cidade... A Sra Rhodes disse que ela está mudada e que agora só quer esquecer tudo e ter outra vida...

Eu não acreditava no que estava escutando, como ela pode ser tão falsa?

- "Outra vida"? Por culpa dela Gabriell está morto! Como pode ter outra vida? 

- Me desculpe minha filha, não queria te deixar assim. Mas talvez ela esteja tentando mudar, depois do que houve, ela precisava perceber o erro que estava cometendo.

- Quem sabe... Pai, vou indo... Amanhã nos falamos mais.

- Ok, boa noite. Te amo filha.

- Também te amo pai.

Desliguei o telefone e tentei relaxar e deixar tudo isso pra lá, afinal, eu estava naquela viagem para relaxar e esquecer tudo, não era?                                                                                                                         Meu corpo arrepiou quando senti uma mão macia e grande me tocar, indo em direção as minhas costas e logo eu sabia de quem se tratava:

- Preciso de você... Não me deixe por favor... 

Stefen falava baixo no meu ouvido enquanto me abraçava. Assumo que naquela hora me senti, finalmente, relaxada e comecei a perceber que era melhor assim.                                                                 Me virei, ficando de frente com ele, e logo disse olhando bem nos seus olhos azuis:

- Eu não vou te deixar...

Ele me beijou e logo sua mão, que da cintura, desceu para meu bumbum e percebi que a noite seria longa. Se é que me entendem...

Ser humano ou AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora