Capítulo 1

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Três meses depois da minha partida, ainda encaro a janela do trem como se fosse a primeira vez que estivesse passeando pela Europa. Cada montanha tem seu charme e beleza e não é que naquele lugarzinho ainda existiam coisas interessantes a se fazer além de lamentar a morte dos seus. Desembarquei em Madrid por volta de dois dias depois da partida. Tomei alguns trens e troquei de passaporte para que meus pais não pudessem mais me rastrear. A vantagem de ser fluente em quatro idiomas era essa, além é claro do poder e dinheiro que falavam alto para quaisquer ouvidos no mundo. Uma olhada no meu sobrenome real e portas se abriam mais do que as pernas das prostitutas nas vitrines. Bruxelas foi uma visão interessante de um mundo totalmente novo, enquanto eu encarava algumas coisas e pessoas pelo caminho, nada me tirava da mente que eu tinha feito a escolha certa ao partir e tentar recomeçar de onde todos tinham desistido. Eu VOU achar o assassino do meu avô. E vou vingá-lo, nem que precise morrer pra isso.

De volta a Barcelona, conheci um italiano interessante, que estava apenas 'de passagem', como se meu faro me enganasse... Um cara baixinho pra meus 1,75, somados às minhas botas e com poucos cuidados pessoais, mas, já devia estar na casa dos 70 anos. Matteo, um dos mercenários mais conhecidos do meu povo. Eu deveria ter previsto que haveria um preço por me devolverem viva aos meus pais ou pelo menos enviar informações detalhadas à eles. Mas, não tinha me preocupado até aquele momento. Mais de 120 dias depois da minha partida e eu já me sentiria como um coelho enjaulado? Não senhor!

Nossas facas se cruzaram no ar, enquanto caminhava apressada por um beco escuro, meus dedos correram de volta pro casaco enquanto puxava minha pistola cromada Taurus .40, seus ágeis membros correram em minha direção mostrando controle e destreza extremos, eu devia supor que ele não era famoso apenas porque era bom de jogar conversa fora.

Enquanto nos atracamos no chão imundo, chuto seu queixo com toda a força que possuo enquanto encaro raivosa seus olhos sedentos pela recompensa, enquanto salto furtiva sobre os pés e jogo um soco poderoso em seu estômago, ele se esquiva me agarrando e prendendo com força, mal tenho tempo de me virar e socá-lo, ele já está me socando no maxilar. Fingir a derrota não me cai bem, mas, é uma opção atraente quando vejo que não poderei vencê-lo somente pela minha força. Um segundo de distração da parte dele e a surpresa vem.

-Eu dobro a proposta que eles fizeram se me ajudar a encontrar esse vampiro. - Disse ao me aproximar dele furtivamente com uma pequena faca pontiaguda ameaçando cravar-se num rim desprotegido. Com olhos alarmados recebi uma continência torpe e um pedido de desculpas por estar sendo vigiada.

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-É uma merda essa situação, corre logo!

Eu gritava para meu parceiro de batalha, que se tornara o que humanos podem confundir com amigo. Matteo era um lobisomem velho demais pra ser bonito, pelo menos pra mim, porém era extremamente habilidoso quando o quesito era matar sem olhar pra trás. Eu tinha um lema de não matar em vão, mas, estávamos na estrada e a temporada de caça a vampiros já tinha sido aberta à mais de dois anos, e, de maneira surpreendente a habilidade de Matteo, sobre passar despercebido para os nossos, sempre vinha a calhar. Estávamos seguindo o rastro do maldito imbecil que matou vovô. Pelo que me recordo foi tudo por causa de um acordo desfeito entre nós e os sanguessugas malditos, vovô achou que podia remediar a situação conversando com algum dos líderes deles na nossa região, mas, acabou sendo drenado até a morte. Seria cômico se não fosse trágico. Logo ele que odiava vampiros mais do que o demônio em pessoa.

Pelo menos tive avanços no quesito de achar o culpado, já havia descoberto que era uma mulher, ou fêmea, ou parideira. Enfim... a desgraçada ia se haver.

-Se sobrevivermos à essa merda, te mato com as minhas próprias mãos.

Para ele eu estava gritando em sua mente, como se tivesse dado um soco mental em sua cara. Mas, para qualquer humano que passasse por nós estava apenas correndo para um destino desconhecido, sussurrando palavras de auto-motivação. O vampiro atrás de nós também nos ouvia bem, podia dizer pelo som de seu sorriso descarado e sua careta distorcida num sorriso diabólico. Como infernos alguém pode achar essas coisas bonitas? Keanu Reeves no papel de Johnathan Harker mal acostumou a mulherada, vampiros são horrendos. Quem é que pode se apaixonar por algo que é tão podre por dentro que precisa de sangue humano pra viver? QUE NOJO!

Sombras da Lua - Livro 1 [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora