Era uma vez uma menina muito peculiar para alguém da sua idade e para os amigos muito estranha, ela se chamava Alina, tinha 10 anos e tinha todos os gostos que uma menina da idade dela odiaria ter. Ela amava andar de vestido branco pela casa e por onde ela resolvesse ir - ela dizia que ao estar em contato com a luz, ficava mais iluminada como já era normalmente - nem preciso comentar sobre seu egocentrismo. Ela gostava de andar de galochas de chuva, comer feijão com açúcar, arrotar, fazer bolinhas de
cuspe em tempo vago, uma vez ela cortou bem curtinho os seus cabelos com o facão do seu avô, depois se apaixonou pelo facão e colocou-o em uma bainha que ela mesma fez. Tudo no maior sigilo possível. Recortou a bolsa de couro de sua mãe e aproveitando as alças, para pregar no sinto que também era de sua mãe. Alina também gostava de tudo que fosse inacabado, um desenho quase pronto ela adorava, se o leite estava quase fervendo para ela estava ótimo, se ela visse uma casa sendo construída para ela dava como terminada do jeito que havia visto, e se via morando nela. Assim foi quando fizera seu vovô a construir a meia-casa na árvore, feita só de ripas, nada de pintura e erguida a mrio metro do chão, decisão consciente, pois Alina explorou apenas apenas uma vez e a casa desmoronou. Foi por essas loucuras que sua mãe Marta Lucia a convenceu a passar o fim de semana na casa do avô, sua mãe não gostava muito de ir, pois o velho a enchia com histórias repetitivas de como ele sobreviveu a segunda guerra mundial dentro de um buraco oval por trinta dias, ele contava de um jeito como se aquilo fosse algo fantástico, digno de um conto. Ao saber da visita da neta, seu avô demonstrou muito entusiasmo, porém avisou que o quarto estava interditado, o qual Alina sempre dormia em suas visitas, pois o assoalho havia quebrado. A menina se viu descoberta com o facão na mão e foi repreendia, reclamou e fez sua mãe prometer que o facão de seu avô
não iria ser devolvido se ela nao o tirasse da bainha, Marta Lucia então, o guardou dentro da mala em segurança e assim ambas foram para o chalé do avô.
Ao chegar Alina foi recebida por um abraço quente e apertado e um beijo babado do seu avô e logo foi levada a uma mesa farta de doces e bolos que estava aguardando a chegada das duas.
- Minha filha, quanto tempo! - exclamou o avô para Marta. se virou para neta e
disse: - aproveite todos esses doces, antes que as formigas ataquem, elas comem o que podem e salgam o resto - no fim fez uma careta engraçada.
Alina riu, o avô foi pertinho de seu ouvido e sussurrou em tom de mistério:
- Se há algum inseto que eu não suporto, são formigas. - e deu uma bela
gargalhada quase sem dentes.
Depois de comer de tudo, enquanto os dois conversavam sobre vários assuntos e o tempo que passaram longe um do outro, Alina subiu as escadas para um corredor, retirou o laço branco que prendia seus cabelos fartos e encaracolados e os deixou livres,
passou por três portas até chegar no quarto onde sempre dormiu. Ela se assustou ao pensar ter visto um olho ofuscado pela escuridão do quarto, espiando alguém se aproximar pela fresta da porta. Ela entrou e tateou a parede procurando o interruptor. E não havia nada, era impressão de Alina, mas ela reparou o enorme buraco no assoalho, e as janelas fechadas com ripas?
- Curioso. - e ela estava mesmo, muito curiosa. Se aproximou da janela para ver o jardim lá fora entre as ripas, quando de repente ela ouviu um:
"PSIU!"
Ela se virou rápido, imaginou ser seu avô pronto para recontar sua jornada na guerra. Mas não era ele, e outra vez ela ouviu soar pelo quarto...
- PSIU, PSIU... - Agora foram mais vezes e Alina ficou rodeando o quarto, quase enfiou o pé no buraco do assoalho, ficou ali parada em frente a cama coçando a cabeça para tentar achar o que estaria fazendo aquele barulho, quando alguma coisa gordinha saiu debaixo da cama e passou entre suas galochas e ela notou a criaturinha indo pegar um pedaço do assoalho e outro pedaço, e outro até formar uma pilha e voltou nem dando importância para Alina, quando a criatura chegou perto de suas galochas fez outra vez o barulho... PSIU!... era pra ele passar sem esbarrar nela e impedir que os pedaços de assoalho caíssem.
Alina se ajoelhou para ver pra onde a criatura iria, percebendo que estava sendo observado ele acertou um pedaço de madeira no nariz da menina. Ela indignada enfiou a mão debaixo da cama e conseguiu pegar a criatura que se debatia entre os dedos firmes dela, o levou até uma mesinha de estudo e repousou ali. Ele era felpudo como um ursinho de pelúcia e gordinho, usava uma calça e um suspensório
e uma gravata borboleta xadrez vermelho, lembrava muito um porquinho da índia só que mais fofinho. Ele reclamou muito por ter sido pego daquela maneira e Alina sem graça pediu desculpas, logo - perguntou como ele falava e de onde ele havia vindo. - Primeiro ele se apresentou como trufado, uma criatura feliz - e Alina logo imaginou um delicioso trufado de chocolate, mas jamais comentou essa comparação. - Depois
ele disse que vinha de um outro mundo, um lugar muito feliz, mas que precisava fechar o buraco que foi feito debaixo da cama se não as formigas geladas iriam sentir o cheiro de Alina e levá-la para o Bruturum, um formigueiro onde lá vive O
Formigo, um rei cruel que ameaça a destruir o mundo feliz e fazê-lo triste, para sempre. - Alina se encheu de coragem e medo ao mesmo tempo, imaginou que poderia enfrentar o tal Formigo com o facão de seu avô, mas temeu quando se perguntou o que o rei poderia querer com ela.
- Como ele sabe que eu existo - perguntou Alina preocupada.
Trufado respondeu que Formigo não sabe, apenas conhece este caminho para caçar uma rainha para o seu reino. Ele havia feito isso uma vez e foi nesse quarto, a mulher que estava solitária aguardando o marido que se foi e nunca mais voltou. Alina ficou triste em saber que sua avó havia sido levada por Formigo e por isso seu
avô ficava repetindo suas histórias da guerra, foi por causa dela que nunca mais viu sua esposa achando que ela havia morrido. Alina então, fez um trato com trufado:
- Me leve para o seu mundo feliz, me mostre o caminho para o reino do Formigo.
- Só com uma condição, que me leve com você! - disse Trufado.
Alina estendeu o dedo para que a criatura apertasse, ele pulou da mesa e correu bamboleando para baixo da cama e permaneceu por uns segundos e depois empurrou uma lanterna velha para fora. Alina pegou e bateu três vezes nela até ascender e se abaixou para se enfiar debaixo da cama. Alina se arrastava mais e mais e parecia não ter fim aquele espaço, ela iluminava com a lanterna e surgia mais breu, quando Trufado falou:
- Vai precisar do seu facão, não o esqueça.
Finalmente Alina tateou um degrau, realmente tentou fixar a ideia de que ainda estava debaixo de sua cama e foi se levantando lentamente para não se colidir com nada, foi andando devagar até que chegou a uma porta, tateou-a até achar uma maçaneta e ela simplesmente girou e um facho de luz a engoliu.
- Bem vinda Alina, ao Mundo feliz! - exclamou Trufado.
Ela foi abrindo os olhos e a sua visão turva foi ganhando as cores, de início ela se viu em uma estrada comprida fazendo curvas, sempre na mesma direção. Era tudo muito verde, tudo muito colorido, as casas eram bolas de sabão que flutuavam e quando as criaturas felizes entravam desapareciam, quase todos os habitantes eram como Trufado, alguns um pouco maiores até, Alina se sentiu uma gigante. Não por muito tempo quando avistou criaturas também do seu tamanho, animais como no mundo
dela também, porém, era tudo muito estranho, tudo fora do normal para Alina, contudo, ela estava gostando disso. haviam elefantes azuis dormindo em nuvens cor de rosa e eles roncavam e saiam bolinhas de sabão de suas trombas, sem falar
nos pôneis brancos com asas de mariposas, seus voos rasantes produziam arco-íris no céu... Ah, o céu... Alina descobriu que podia desfazer o tempo e deixar do jeito
que lhe agradasse, ela simplesmente passava a mão como se estivesse apagando um quadro negro e pintava o céu com o dedo usando sua imaginação. primeiro ela pintou a noite, depois pintou o dia de novo, resolveu pôr um lindo crepúsculo, mudou de ideia, clareou de novo, como uma alvorada... NÃO! melhor, ela fez o meio
termo, para direita o dia e para a esquerda a noite e ela achou graça e todos riram com ela. Alina resolveu sair da estrada e explorar mais o lugar e viu um lago, ali havia muitas sereias, suas caudas tinham escamas de ouro, a parte do céu que era noite refletia o lago, sendo assim Alina via os peixes nadando sobre sua cabeça, ela via garoar estrelas e brilhar os seus cabelos fartos como algodão doce. As árvores passeavam e conversavam entre elas, as montanhas se trocavam de lugar, tinha um grande Elemental da água que se levantava do rio e andava lentamente até o mar bem
distante e se jogava nele como quem se joga em um colchão macio, enquanto os pássaros de mármore voavam cantando em torno dele.
Mas de repente uma vibração na terra fez todos os seres mágicos e felizes se refugiarem para seus lares, e num instante o mundo ficou vazio e só restou Alina e Trufado ali e eles, viram uma massa negra se aproximar rapidamente daquele mundo, vindo junto uma tenebrosa força. Alina se apavorou quando viu milhares e
milhares de formigas geladas juntas. Elas eram brancas e tão frias que fumegavam e tinham assustadores olhos pretos e amarelos. Elas abriram um grande caminho para o rei passar em fim, e Alina expectativa e suando frio apertou o cabo do facão que estava posta na bainha.
Ele surgiu andando como uma formiga normal e fou se erguendo a medida que se aproximava, ele era enorme e cascudo, grotesco e arrepiante, seu corpo era negro e gelado, quando ele respirava Alina podia ver o ar cristalizar, suas presas poderiam cortar a menina em um segundo, ali mesmo se ele quisesse. Cada centímetro que ele ganhava, Alina sentia o clima do inverno dentro de sua alma, então ele parou, observou o mundo nem tão feliz naquele momento e encarou o
rosto pálido de Alina, ela olhou séria de volta e seu suor empedrava ao sair dos poros. Trufado tentava recuar mas haviam muitas formigas que pegariam ele no ato.
- Menina - sua voz saia como um rosnar de três ursos juntos e terminava enfraquecida num tom metálico e rouco. - que veio do outro mundo para servir-me!
- Nunca. - Alina encontrou essa palavra em algum lugar dentro dela, que nem
sentiu vibrar entre os lábios.
- Não? - Formigo ergueu-se ainda mais e pareceu fazer sombra sobre a menina. O frio ficou intenso. - Sabe, você não tem como voltar, você é minha, foi o trato.
- Trato? - perguntou Alina.
- Fui eu. - confessou Trufado. - Eu não estava trancando a passagem, eu estava
fazendo uma porta para você passar. Eu fiz um trato com o Formigo...
-REI FORMIGO! - bradou Formigo.
- Sim, Rei Formigo... - Trufado se encolheu. - Ele levou minha esposa e meus filhos, eu tinha que fazer você vir, mas foi mais fácil do que pensei.
Alina olhava para Trufado perplexa, mas logo esquecera a atitude do novo amigo, quando Formigo deu uns passos à frente e todo o céu de repente se fez negro.
- E agora cara menina, você vai me servir. - e chegou sua cara enorme e monstruosa bem perto do rosto de Alina congelando a pele dela. - Se não, eu mato a mulher e os filhotes desse ursinho feliz, eu mato como matei a sua avó! Depois eu vou salgar esse mundo e não vai sobrar um torrão de açúcar para testemunhar minha vitória!
Alina cresceu por dentro e encontrou coragem de repente quando seu coração voltou a bombear e desembainhou o facão transferindo um golpe na cara de Formigo, ele pulou para trás e todo o exército quis destruir a menina. - Mas o rei gritou que Alina era dele e partiu para cima dela. - Ela avançou no inimigo impetuosa e não conseguia ver seus paços, apenas se esquivava das enormes patas que tentavam perfurá-la. Ele conseguiu empurrar o facão quando ela tentou golpeá-lo, ela caiu brutalmente com a força do monstro. Trufado se escondeu atrás de uma pedra que estava ali, Alina no chão, parecia não ter mais coragem quando viu o monstro terrível avançar nela, mas algo surgiu entre os dois como um raio que afastou mais uma vez o rei Formigo. Era um cavalo adulto, lindo, parecia ter sido moldado da própria luz, pois ele iluminava intensamente, sua crina flutuava lentamente como se ele estive imerso na água. Ele encarava o rei, muito calmo enquanto esperava Alina se levantar, sua cara era muito comprida e no centro dela existia apenas um olho, tão brilhante como um diamante refletido no sol. E esse olho ofuscava a visão de Formigo e ele recuava furioso, retumbante com o seu exército gelado.
- Você não pode escapar, Alina! - berrou Formigo. __ Não de mim!
Ele emitiu um som estranho para as formigas geladas e o exército inteiro mergulho no chão passando por baixo de Alina e do maravilhoso cavalo, e as costas ambos, as formigas levantaram um grande muro rapidamente e este; se dividiu em três caminhos. Nas paredes e envolta de Alina as formigas ficaram aguardando, Formigo que gargalhava de costas para a menina para não ter que olhar no olho do cavalo.
- Então tudo bem... - Formigo andava de um lado para o outro de costas. - Eu posso te deixar ir, mas com uma condição. Terá que escolher o seu caminho. Existem três, um te leva a família desse ursinho feliz...
Trufado se encheu de esperança escondido atrás da pedra.
- O segundo caminho, te leva para mim, dentro do meu reino e lá você ficará para sempre! E o terceiro te leva para casa, entretanto, eu não garanto a felicidade deste mundo. - e ele relanceou sobre os cascos do ombro e riu.
- traiçoeiro, como vou saber o caminho certo? - perguntou Alina.
- É exatamente o que eu espero, que você falhe! Então, basta você decidir... Nos vemos em breve.
E formigo simplesmente se recolheu com seu exército, a massa negra foi se distanciando e o céu de novo clareando. Trufado se aproximou de Alina para ouvir sua decisão temendo ao mesmo tempo a resposta, O cavalo majestoso se mantinha de pé olhando para Alina. Ela se Aproximou dos três caminhos e todas as criaturas do mundo feliz saíram de seus refúgios, o cavalo estava a sua esquerda, trufado a sua direita e ela dizia sua decisão:
- Não se preocupe Trufado, vamos buscar sua família, vou deixa-los a salvo antes de eu ir.
Trufado amoleceu aliviado e cheio de expectativa, Alina percebeu que seu facão estava enferrujado pelo frio e assim não poderia lutar nessa aventura. Então o cavalo olhou para o facão e ele simplesmente virou uma espada de prata com o cabo de ouro e rubi, uma luz saiu de seu olho banhando o corpo de Alina e sobre seu vestido, uma armadura de prata se materializou. Trufado também ganhou uma pequena armadura e uma pequena espada de prata.
- Quem é você? - perguntou Alina ao cavalo.
- O nome dele é Relúzia, o senhor deste mundo, o que nos guarda. É o único ser
que o rei Formigo teme. - disse trufado.
Alina viu que estava protegida contra a maldade infinita de Formigo e que nada poderia impedir de cumprir sua missão.
- Muito bem Relúzia! - ela montou no cavalo e Trufado montou em seu ombro.
- Para o primeiro caminho, vamos resgatar a família do nosso amigo Trufado.
E Relúzia empinou dando um grande relinche e galopou veloz em um longo caminho, para uma aventura da qual Alina nunca viu antes, para um destino onde ela irá conhecer verdades que mudará sua vida, seu mundo e suas escolhas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Alina e o Rei Formigo - Conto I
Short StoryAlina é uma menina bastante peculiar e destemida para sua idade, um dia visitou seu avô com sua mãe e em seu quarto ainda em obra ela se deparou com uma simpática criatura, que se chamava Trufado. Ele a convenceu a embarcar em uma aventura num lugar...