•11• Diego

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Já havia separado uma roupa para aquela garota vestir e agora me encontrava sentado na cama, esperando ela sair do banheiro e me questionando do porquê eu não ter entrado lá até agora.

Porque olha, vou te falar, vontade é o que não estava faltando.

As coisas que a gente podia fazer aqui...

Sou tirado de meus pensamentos assim que vejo a porta do banheiro abrir.

Encaro a garota à minha frente, que estava com os olhos e o nariz vermelho.

Ela estava enrolada no roupão e seu cabelo estava solto, meio úmido.

A mesma me encarou por alguns segundos e logo desabou em lágrimas.

Me levantei da cama e fiquei encarando ela e pensando por alguns segundos no que eu devia fazer.

Porra, eu odiava ter que consolar as pessoas. Nunca fui bom nisso. Ainda mais uma garota que eu nem conheço.

Por impulso, ou talvez não, eu me aproximei dela e a abracei.

Ela encostou a cabeça no meu ombro e continuou a chorar.

- Eu não aguento mais... - Ela murmurou e eu me afastei um pouco, encarando seu rosto. - Eu não aguento mais tudo isso... - Diz e fecha os olhos, tentando controlar a respiração. - Hoje eu só queria vir pra cá e esquecer de tudo que a minha mãe me disse mais cedo, de tudo que ela já fez pra mim... Tudo isso me destruiu de uma maneira inexplicável... - Segurei seu rosto com as minhas duas mãos e ela apoiou as suas nas minhas. - Eu sempre finjo que eu tô bem pra todo mundo... - Dá uma fungada e fecha os olhos, deixando as lágrimas tomarem conta de seu rosto. - Mas a verdade é que eu não tô nada bem. - Nos encaramos. - Eu levo meu sofrimento pelas multidões, mas eu os escondo melhor do que qualquer um. Porque eu sei que as pessoas não vão dar importância pra isso... - Começa a chorar ainda mais e eu penso em uma maneira de amenizar isso.

- Por que você pensa assim? - Ela me encara com aqueles olhos azuis, que estavam um pouco vermelhos e inchados.

- Porque é assim que as pessoas são, Diego. - Pera. Ela sabe o meu nome? - Elas acham que tudo é drama. Se você ficou triste do nada, você tá só fazendo drama. "Para de ser tão dramática. Nem é pra tanto. Logo isso passa."... É só o que elas sabem dizer. - Solta uma risada irônica. - Mas elas não sabem o que se passa comigo, ou, o que se passa dentro da minha cabeça... Elas não sabem como é viver, dia após dia, sabendo que você não é amada por ninguém! - Grita e logo eu a puxo para um abraço. - O que eu fiz pra merecer isso? - Murmura contra meu ombro e logo envolve minha cintura com seus braços.

- Eu realmente não sei o que te falar pra melhorar o jeito que você tá se sentido... - Digo e começo a acariciar seus cabelos. - Mas não se preocupa. Isso vai... - A mesma se distancia um pouco de mim e me interrompe.

- Não, Diego. Isso não vai passar! - Grita e tanta controlar suas lágrimas. - A minha mãe já me disse tantas coisas, e nenhuma delas nenhuma mulher devia escutar, principalmente vindo da própria mãe. Alguém que devia te amar e cuidar de você! Ela já me chamou de vadia na minha cara, Diego... Você sabe o quão horrível é alguém te chamar de vadia? Mas agora a sua própria mãe? - Solta uma risada irônica e balança a cabeça. - Mas é claro que você não sabe, não é? Porque é assim que você chama as mulheres que você transa. Isso é patético. - Sorri balançando a cabeça e eu fico a encarando, pensando no que dizer, porque, afinal, aquilo tudo era verdade.

Eu nunca havia parado pra pensar em como elas se sentiam quando eu as chamava assim.

Nunca pensei que aquilo podia realmente machucar nenhuma delas. Mas agora, olhando pra essa garota à minha frente, eu percebo que sempre fui um verdadeiro idiota. E ela havia acabado de me mostrar isso.

- Você tem razão. - Digo e ela me encara. - Eu nunca parei pra pensar em como essas mulheres se sentiam quando eu as chamava de vadias. Nunca pensei que uma palavra pudesse machucar alguém desse jeito...

- Pois machuca. - Me interrompe e engole em seco. - E muito. - Molha os lábios e desvia o olhar. - O que eu tô fazendo? - Solta uma risada abafada e eu franzo o cenho. - Eu tô mesmo desabafando com você? Logo com você? - Me encara incrédula.

- Ei! - Digo e ela solta uma risada.

- Eu sou tão patética. - Fecha os olhos e balança a cabeça. - Só... - Me encara. - Esquece de tudo o que eu te disse. E me poupe desse olhar de pena. Porque eu odeio isso. - Passa por mim e vai até a cama, pegando a lingerie e um moletom que estava em cima da mesma.

Logo a garota passa por mim e entra de novo no banheiro, fechando a porta.

Mas que porra acabou de acontecer aqui?

Candy |•| Lil XanOnde histórias criam vida. Descubra agora