Alfa

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Sentada perto das escadarias da universidade no intervalo, leio um livro para me distrair enquanto “living on a prayer” grita em meus ouvidos.

-Hey Gaia!– Vanessa senta ao meu lado e seus cabelos cacheados balançam alegremente. –Qual o livro de hoje?

         Fecho o livro e mostro a capa para ela:

-O silêncio das Montanhas. – Leio o nome em voz alta.- Está tão incrível. Eu preciso te emprestar depois que acabar, a história é sobre...

-Eu realmente quero ouvir sobre isso mais tarde – ela me corta, ajeitando os óculos. – Mas tenho uma notícia muito importante e faltam apenas dois minutos para o intervalo acabar e cada uma ir para o seu prédio.

-O que houve? – Pergunto preocupada.

-Lembra da festa em que nossos nomes estavam na "lista"? – Ela me encara com olhos intensos, um brilho de alegria permutando-os.

-Vagamente. – Ajeito a postura e tiro os fones de ouvido, receosa.

        Vanessa exibia sua carteira de identidade ao moço do caixa com uma confiança recém adquirida.

         -Aqui, senhor. Sou maior de idade, pode conferir!

         Ele apenas suspirou entediado.

         - Vinte e cinco reais pela Vodka.

         Entreguei o dinheiro rapidamente e saímos de lá, direto para a noite fria de sexta feira.

                   -Você viu isso? Foi tão fácil. – Ela riu e estourou uma bolha com chiclete. - Agora eu tenho dezoito anos, galera. Cidade de Braga, você que se segure!

                   -Isso aí, cidade de Braga. Agora você terá que lidar com a Super Vanessa e sua arma ultra violenta: a carteira de identidade!

                       -Isso aí cidade de Braga bla bla bla.... -Ela revirou os olhos e eu só gargalhava sem parar.

                        -Admita, essa foi boa.

                      -Agora que eu finalmente tenho dezoito anos, nós duas podemos definitivamente...

                   -Ser presas?

         Ela deu um tapa no meu ombro. Eu ri.

                   -Ta engraçadinha hoje, hein. Eu quis dizer ir aos bares, Gaia. Ba-res. –Ela fala pausadamente, um sorriso bobo no rosto.

                   -Finalmente!

         Andamos pelas calçadas em direção a sua casa, até que um barulho alto de música eletrônica chamou a nossa atenção.

Quando olhamos para o lado, nos deparamos com um carro sem teto, parado no sinal vermelho, abarrotado de garotos da universidade.

         Nós os víamos pelos corredores, mas é claro que eles não nos viam. 

                   - Ei, garotas. – Um jovem de camisa vermelha e calça jeans nos encarava, meio preocupado. – Estamos indo a uma festa, mas não sabemos direito onde fica, será que vocês podem nos ajudar?

                   -Ahn, claro. 

                   - Muito obrigado, você está salvando vidas. – Ele riu, e gritou em direção ao cara que estava dirigindo para se sobrepor à música alta. – Rodrigo, para aqui no encostamento!

No princípio, era o CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora