1° Capítulo

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Acordei com um barulho alto,me espreguiçei e percebi que era o despertador.Me sentei na cama o peguei e desliguei.Me levantei,peguei o uniforme o vesti pensando em como o dia seria longo hoje simplesmente porque teria aulas de matemática e física.Eu odiava matemática.
De repente lembrei que meus pais estavam em casa.Me alegres um pouco ao ouvir as vozes deles que vinham da cozinha.Eu sempre fui solitária,porque meus pais trabalham muito chegam a passar meses fora de casa.Só não fico completamente sozinha,pois vou para escola em tempo integral e ainda tenho a Regina que é uma antiga amiga da família.Ela é uma mulher morena,baixa e de cabelos pretos.Depois de muito tempo de trabalho ela se apegou a mim tanto que se preocupava comigo mais que o necessário.
Desci correndo e entrei na cozinha me deparando com meus pais sentados tomando café.Era tão bom vê los alegres,juntos,apaixonados.O amor deles era lindo e eu gostava de ouvir a história de quando eles se conheceram que sempre era contada por minha mãe,mas foram poucas as vezes que estivemos juntas para conversar sobre este assunto.Eles evitavam falar do passado e de tudo que envolvesse o restante da família. Eu não meu atrevia a perguntar por mais que minha vontade fosse outra. Meus pais não sabiam de nada que acontecia comigo,mas eu tinha a Regina que podia me ajudar me dando conselhos.
-Bom dia filha-disse meu pai sorrindo-Ainda bem que acordou na hora certa hoje.
Revirei os olhos,mas não pude deixar de sorrir.Nos últimos dias eu estava acordando tarde por volta das 06:30.
-Oi pai.Não quis atrapalhar vocês-pisquei para minha mãe que balançou a cabeça e me sentei-So faz quatro dias que vocês chegaram e ainda não tivemos muito tempo juntos. A propósito hoje a noite podíamos sair?
Eles se entreolharam e depois pararam de sorrir.
-Não sei se vamos poder-respondeu minha mãe rapidamente-Estávamos pensando em sair hoje, mas somente eu e seu pai.
Ela respirou fundo olhou para mim e saiu da cozinha a passos largos.Estranhei seu jeito que mudou de repente só por causa do que falei. Olhei para meu pai esperando que ele entendesse minha expressão de desententida,mas ele estava de cabeça baixa. Minha família era unida as vezes só que agiam de forma estranha comigo. Eu estava cansada de não saber das coisas. O que eu mais queria  agora era aproveitar momentos com eles.Queria saber como era ter pais presentes.
Bufei terminei a merenda e fui para o quarto novamente para pegar minha mochila,mas quando olhei pela janela vi nuvens de chuva se formando. Que ótimo iria chover logo agora. Suspirei,abri o guarda roupa revirei tudo até encontrar um casaco e desci. Meu pai não estava na sala a casa estava silenciosa então resolvi procurar minha mãe para dizer que já iria.
-Já vai minha menina?-me assustei ao ouvir a voz de Regina.
-Que susto a senhora me deu-botei a mão no coração-Estou indo para a escola-exitei um pouco antes de continuar-Percebeu como minha mãe está diferente?
Perguntei sussurrando. Regina levantou a sobrancelha direita e limpou a garganta.
-Ela deve estar só cansada-respondeu dando de ombros- Não seu preocupe com isso. A dona Carmem e o senhor Alberto são pessoas ocupadas filha-abriu um largo sorriso-Querem o melhor para você por isso se esforçam tanto. E você é uma menina de ouro. Me sinto orgulhosa de você por ser tão responsável.
Eu gostava de receber elogios mas ela exagerava as vezes e queria me paparicar.
-É...desculpa-a interrompi- Preciso ir logo se não perco o ônibus e se eu chegar atrasada só entro na segunda aula.
Abracei ela e acenei enquanto corria para o ponto de ônibus. Pingos grossos de chuva já caiam e as pessoas abriam seus guarda chuvas. No ônibus lembrei dos momentos bons e ruins que passei com a Regina. Foi ela quem me fez companhia,quem conversou comigo e quem me deu conselhos. Sempre serei grata a ela por tudo.
Cheguei na escola andando rápido e corri ao entrar quase ia derrubando o vigia baixinho que ficava na entrada observando os alunos entrarem. Não sabia se havia tocado e nem tinha noção de que horas eram. O problema do meu atraso foi o trânsito. Olhei para trás me desculpando e parei de correr ao ver a secretária gritando com umas meninas que estavam fora de sala.
Andei pelos corredores daquela escola grande onde eu nunca fiz amigos e os alunos me chamavam de nerd. Qual o problema de gostar de estudar e aprender? Eu nunca tive amigos de verdade e naquela escola as regras eram rígidas. Era lá que eu passava meus dias,mas mesmo assim eu amava o ensino de lá e alguns professores. A escola era grande de somente um andar. Finalmente cheguei na sala e várias cabeças se viraram para mim. Continuei de cabeça erguida me desculpei com a professora de biologia e entrei. Eu estava no 2° ano.
A primeira aula foi cansativa e tediosa apesar de eu gostar de biologia. A professora nova não sabia ensinar bem e queria nos dar muitas informações novas em um só dia. Metade do tempo eu passei escrevendo coisas que ela colocou na lousa,mas eu não entendia nada porque estava cansada e também porque eu sentia uma coisa estranha. Era como um pressentimento ruim.
Afastei aquele pensamento tentando me concentrar. O dia se passou rápido e ainda chovia quando o sinal tocou para sermos liberados. Assim que entrei em casa vi a luz da cozinha acesa. Me joguei no sofá cansada fechei meus olhos já prevendo uma dor de cabeça. Ouvi uma pessoa cantando baixo. Minha mãe costumava cantar só que não era ela.
-Regina?-gritei.Ninguém falou nada-Eu já cheguei gente-me levantei coloquei a mochila no sofá.
Andei até a cozinha estranhei quando vi vários pratos na pia e todos estavam sujos. Franzi as sobrancelhas intrigada. Regina não deixaria a luz acesa e nem com pratos sujos na pia.
Não havia mais música. Parecia que eu estava sozinha,os únicos barulhos eram de uma coruja ao longe e vozes de crianças brincando na chuva. Apaguei a luz sentindo novamente aquele pressentimento. Tentei me convencer que nada tinha acontecido com ela apesar de eu ainda estar com medo de algo.
A porta se abriu de repente depois de um trovão forte. Cruzei meus braços sentindo meu coração batendo rápido e decidi ficar em silêncio perto da pia.
-Já era para Bianca ter chegado-tentei respirar normal ao reconhecer que era ela. Eu havia me preocupado sem motivos e eu nem sabia o porque.
Sai de lá correndo me deparando com ela com as mãos na cintura olhando para os lados. Quando me viu deu um suspiro de alívio. Abracei ela forte e a surpreendi.
-Querida o que aconteceu?-ela passou as mãos em meu cabelo-Pensei que você não havia chegado.
-Nada-a soltei- Eu cheguei aqui,mas não vi ninguém e...-a olhei me lembrando de ter ouvido alguém cantando-Cadê meus pais?
Contá la sobre o que ouvi a faria ficar preocupada. O que ouvi não foi qualquer pessoa cantando. Agora que eu estava mais calma percebi que a voz parecia ser de alguém que estava na casa. Em um cômodo perto de mim. Me arrepiei sem entender o que aconteceu. Será que eu ouvi coisas?
-Eles saíram- respondeu depois de um tempo-Foram para um jantar romântico filha. E eu precisei sair fui no mercado.
Ela me deu as sacolas me pedindo para a ajudar se queixando de uma dor no braço. Senti como se alguém me observasse olhei para o lado rapidamente mas me arrependi quando vi o que me assustou mais ainda. Uma sombra escura parecia segurar um guarda chuva estava na janela olhando diretamente para mim e depois correu ou se escondeu quando percebeu que eu a havia visto. Não consegui distinguir quem era. Engoli em seco tentando respirar direito novamente,mas não deixei transparecer nada para a mulher a minha frente que falava sem parar.
Foi assim que percebi que ela ainda falava sobre o mercado,mas eu não prestava atenção. Quando finalmente ela foi guardar as compras eu subi para o quarto. Primeiro escuto uma música e agora vejo uma sombra na janela. Minha imaginação era só imaginação minha. Repeti isso para mim mesma enquanto trocava de roupa. Um vento entrou no quarto trazendo um desconforto junto com medo.
-Não foi nada-sussurrei- Não existem fantasmas nem ninguém te observando.
O telefone tocou lá em baixo e eu peguei uma foto que estava em cima da escrivaninha. Eram meus pais sorrindo alegremente para a câmera e eu aparecia atrás deles fazendo uma pose. Eu continuava magra assim como era quando criança,na foto meu cabelo castanho ia até abaixo dos ombros,eu usava um vestido azul claro. Sorri me lembrando daquele dia calmo. Meus pais eram mais novos e eu tinha sete anos.
Uma batida na porta me fez voltar a realidade.
-Pode entrar-eu disse e vi Regina escancarar a porta com lágrimas nos olhos.
-Filha-ela disse entrando-Aconteceu uma coisa-soltou o ar.
-O que foi? Está me assustando-disse com a voz falha.
O que havia acontecido para deixa lá assim?
Ela sentou na cama e me chamou para perto dela. Me aproximei percebendo que minhas pernas estavam sem muitas forças.
-Acabei de receber um telefonema-sussurrou e pegou na minha mão- Aconteceu um acidente com...seus pais filha. O carro deles bateu em outro e...seus pais-me olhou com aquele olhar de pena que eu não gostava muito-Eles não resistiram Bianca-começou a chorar muito.
Eu não tinha nenhuma reação só senti minha cabeça latejando enquanto eu tentava assimilar o que ela havia dito. Me deixei cair na cama e as lágrimas começaram a descer. A voz de Regina ecoando na minha cabeça junto com seu choro. Botei a mão na boca me tremendo,senti tonturas e vi as coisas se mexerem muito ficou difícil de eu enxergar depois das lágrimas. Só deu tempo de eu ouvir um grito e depois tudo ficou escuro.

Fico feliz de você ter chegado até aqui. E então gostaram deste capítulo? A vida solitária e monótona de Bianca está longe de mudar?As coisas sempre podem ficar piores. Se gostarem não se esqueçam de votar e deixar seu comentário. Bjs até o próximo capítulo.

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