Tradução do título: Eu vou, gostando você ou não.
Allison's POV
-E o que é que tem demais nisso, pai? Eu já tenho 19 anos sabia?- minha voz ecoou alto na sala. Não estava acreditando que meu pai viajaria e não me deixaria ir também. Isso era muito injusto!
-Nem pensar! Preciso de alguém coordenando a Golden Global, Allison!
Desde que fiz 15 anos meu pai adora jogar as responsabilidades da Golden Global para mim como se EU fosse a presidente e não ele.
A Golden Global é a mais famosa e bem sucedida empresa de tecnologia do mundo atual, tendo como concorrente ao seu nível apenas a Silver Global (Fundador- Richard Davis). William Chase é um de seus fundadores, junto com Daniel Chase, seu irmão. Assim sendo, os Chase são considerados uma das famílias mais ricas do mundo.
Segundo ele, tenho que aprender a herdar o negócio da família desde cedo, para quando eu assumir já saber coordenar tudo muito bem. Cansei de falar que jamais farei isso, eu quero ser artista. Viajar, colocar o mundo todo num pedaço de papel. Na opinião da minha família, ou o que restou dela, isso é apenas um sonho infantil. Numa última tentativa de convencê-lo, ainda me mantendo controlada e sem gritar, falei:
-Você acha que pode me manter nessa casa para sempre?! Se a mamãe estivesse aqui me deixaria ir! -criei lágrimas nos olhos, teatro é tudo numa hora dessas.
Pude sentir que seu olhar fundia-se em uma avalanche de sentimentos. Fúria, ódio, tristeza, surpresa... Apenas por uma palavra: mamãe. Tenho certeza que isso o atingiu de tal forma que agora seria praticamente impossível conseguir seu consentimento para viajar. Ótimo, tudo o que eu queria.
-Mas não está.- terminou num tom frio e seco. Eu saí da sala enorme mantendo a postura. Aguentei anos ao seu lado, não seria agora que eu fracassaria. Se eu quero uma coisa eu consigo. Bati firme meu pé no chão enquanto subia as escadas, querendo demonstrar a raiva que sentia. Pude ouvir meu pai derrubando umas coisas no chão e dizendo:
-Nossa conversa não acabou, volte aqui! -mas eu já havia trancado a porta de meu quarto.
Não ache que eu sou do tipo mimada que consegue tudo o que deseja, mas desde o trágico incidente ele não me deixa nem ir ao shopping sozinha. Minha mãe morreu quando eu tinha 17 anos. Então meu pai virou uma pessoa fria e rígida, de coração partido. Não posso culpá-lo. A perda de um amor verdadeiro deve congelar até o mais bondoso coração. Decidi tomar um banho quente para relaxar um pouco. Após me secar, vestir e deitar na cama vi que meu celular estava tocando e corri para atendê-lo.
-Alô? -eu disse.
-Oi, Ally!- logo identifiquei a voz tão conhecida.
Sophie é uma das minhas melhores amigas desde os 12 anos. Ela me ajudou a superar a morte de minha mãe e vários outros desafios que tive de enfrentar. Isso é muita coisa, ou seja, nossa amizade é muito, muito forte.
-Ah, oi, Sophs! Tudo bem? -falei num tom alegre, mas nem tanto.
-Sim! Então, sobre a viagem...
-Não posso ir. -interrompi falando rapidamente. Segurei meu riso ao máximo já esperando sua reação.
-COMO ASSIM VOCÊ NÃO VAI, ALLISON? ESTAMOS COMBINANDO ISSO HÁ MESES! VOC...
-Eu disse que não posso ir, não quer dizer que não vou. -ri irônica.
-Woow! Nossa, eu... Allison? -eu pude escutar leves risinhos no outro lado da linha.