Capítulo 1

92 15 1
                                    

Nunca imaginei que esperar um metro mudaria minha vida. Era pra ser mais uma noite normal fazendo as velhinhas que passam na rua terem ataques cardíacos com meu cabelo nada natural, um degradê que começa do rosa e termina em roxo. Acho que foi esse cabelo que estragou tudo, droga.

Cerca de cinco homens andavam juntos parecendo um gangue pela plataforma, estavam todos de sobretudo em cores escuras, alguns com óculos escuros mesmo em plena noite, na melhor das hipóteses, era espiões que podiam estar em uma missão que decidiria o futuro da humanidade, ou era melhor eu correr se viessem em minha direção.

O trem chega à estação, o lugar vira uma total bagunça, pessoas empurrando para entrar e outras tentando sair, pela minha baixa estatura, sou empurrada de um lado para o outro sem conseguir embarcar. Um grito de medo corta a multidão, não consigo ver o que está acontecendo e por que alguém gritou, mas faz todo mundo sair correndo. Entro na onda e tento correr também, não quero ficar para ver, algo me diz que aqueles caras estão envolvidos.

Com a quantidade de gente que está no local não da para corre, não tem espaço e certamente pessoas em pânico não são bondosas o suficiente para dar passagem. Alguém me empurra antes que eu consiga alcançar a escada de acesso para a rua, tateio o chão em busca da parede para não ser pisoteada.

—Atacando pelas costas, Ivy? – pergunta uma voz extremamente grossa. – Sempre acreditei nos boatos de que não era confiável.

A maioria das pessoas tinham se mandado, os homens esquisitos estavam falando com uma mulher totalmente sexy vestida como se fosse uma super heroína e acompanhada de seis pessoas a sua volta, quatro homens e duas mulheres, obviamente ela era a líder pelo jeito que os outros só se mexiam se ela também o fizesse. Ela solta uma risada sedutora.

- Você está invadindo meu território sem avisar, não sou conhecida por abaixar a cabeça, lembre-se disso. – ela responde a altura. Noto que há um enorme lobo ou cachorro cinza rosnando para o grupo de possíveis estupradores, é grande demais para qualquer raça canina que eu tenha visto, com certeza é algo saído de algum laboratório.

—Estamos apenas de passagem. – rosna o aparente líder dos esquisitos, ele é incrivelmente alto e careca.

—Pegamos um dos seus rondando meu teatro, espionagem não é algo que costumo tolerar. – rebate Ivy, olhando melhor, foi o seu cachorro-experimento que causou a dispersão de pessoas.

—Temos que conhecer melhor os outros bandos, de que forma iremos saber que são confiáveis? – argumenta. – Além disso, você é a primeira mulher Alfa, temos que saber se está conseguindo segurar as pontas.

Duvidando da capacidade dela por ser mulher, que cara legal, provavelmente não a acha confiável pelo mesmo motivo. Acho que isso é um conflito de gangues ou então algo como uma disputa de quem criou aquela aberração em forma canina, ele é bem assustador tem pelo menos um metro e meio e parece louco para entrar em um conflito corporal. De qualquer forma, estou torcendo uma pouco para essa tal de Ivy, não só por que ela é bonita, o cabelo dela parece ser feito de seda negra, levemente ondulado na altura dos seios, olhos azuis que parecem gelo e um corpo totalmente atlético, com certeza estou babando, mas quero muito que ela dê um chute na bunda desse filho da puta que tem cara de pedófilo pelo que ele disse.

—Tem razão, depois que eu esfregar sua cara no chão só por que meus hormônios femininos estão fora de controle, você pode se arrastar para seu covil de cachorros sardentos e dizer que sou completamente histérica para o Clearwood. – ela manteve um sorriso de lado e expressão estática enquanto falava. – Eu consigo liderar muito bem e não quero nenhum idiota que tente roubar meu posto, quem pensar em fazer isso, vou estripar sem pensar duas vezes e pendurar sua cabeça no meu quarto.

Isso. Ela vai acabar com ele e essa é a minha deixa para cair fora, estou a três metros da escada, se fizer movimentos suaves até lá nem vão me notar. Ivy gesticula com a cabeça para que seu pessoal ataque o outro grupo, eles simplesmente se contorcem com ossos estralando como se quebrassem, possuem uma expressão de dor, mas mesmo assim continuam a forçar seu corpo a contorcer, logo viraram outros lobos gigantes, e todos partiram para cima dos esquisitos que claro, não deixaram serem atacados de graça, viraram lobos também.

Arrasto meu corpo utilizando meus braços enquanto me mantenho no chão para não chamar a atenção, mas depois de pessoas se transformando em animais eu estou com muito mais pressa. Ivy agacha no chão para assistir a luta, está observando o desempenho do seu pessoal e provavelmente calculando as forças e fraquezas do inimigo, seu olhar encontra com o meu, ela sorri e eu não sei dizer se é uma boa coisa. O cara careca, que agora é um lobo marrom claro de olhos verdes investe sobre Ivy, ela desvia um pouco seu corpo para que o focinho dele não alcance sua cabeça e lhe dá um belo soco na lateral do rosto, o cara voa uns dois metros de distância. Ivy começa a se transformar também, ganha a forma de um belo lobo preto na parte de cima e cinza claro na barriga e patas, os olhos se mantém iguais, ela pula sobre seu adversário mordendo-o pelo pescoço.

Minha mão esquerda alcança o primeiro degrau, não sei se continuo devagar ou saio correndo, vou a meio termo. Algo atinge minhas costas e minha cara vai para a escada, todo lado esquerdo do meu rosto está latejando, sinto sangue quente escorrer pelo meu nariz. Viro de barriga para cima para olhar o que me acertou, é o homem careca em cima de mim, ela se levanta e logo é derrubado, pois Ivy pulou para cima dele, minha cabeça estava no caminho e bato com ela novamente no chão, mas desta vez é a parte de trás. Os dois estão quatro degraus acima de mim, já era a idéia de fugir.

Sento-me e avalio a opção de correr pelos trilhos, mas é arriscada demais e tem mais lobos na plataforma. Viro para cima para olhar se há alguma brecha. Assim que olho, o lobo preto é derrubado e cai com as patas dianteiras no meu peito, rolamos escadas a baixo com ela me arranhando para tentar se equilibrar. Quando chegamos à plataforma bato mais uma vez com a cabeça no chão, dessa vez tudo fica escuro.

Depois da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora