2. Despedidas

11 6 13
                                    

Passei o restante da tarde e início da noite olhando para a tela do celular tentando enviar uma mensagem, essa era a mensagem, a mensagem que acabaria tudo. Não sabia o que dizer, apenas sabia que precisava fazer isso. Então, com toda dor que eu poderia sentir enviei apenas duas palavras.

Precisamos conversar.
-Lucy

Aguardei, fiquei alguns minutos esperando uma resposta e enfim eu a tive.

Tá tudo bem? Me liga.
-Dinah

Eu não poderia terminar por mensagem, seria doloroso demais, não conseguiria dizer pessoalmente, então resolvi ligar, cada toque da espera parecia que levava uma eternidade para acabar até que finalmente ouvi sua doce voz do outro lado da linha.

- Lucy, tá tudo bem?
- Não Dinah, tudo está desmoronando - Comecei a chorar
- O que aconteceu?
- Lembra quando você disse que alguém tinha tirado uma foto nossa?
- Sim mas, deve ter sido coisa da minha cabeça.
- Não Dinah, não foi, enviaram a foto para os meus pai.
- Eu sinto muito Lucy!
- Dinah, eles me... me obrigaram a... - Comecei a gaguejar e me bater mentalmente por não conseguir falar - Precisamos terminar...
- Como... como assim? - Sua voz começou a ficar trêmula e notei que ela também começará à chorar.
- Eu sinto muito, eu te amo muito. Não sei o que fazer.
- Vamos lutar, eles não podem nos afastar, trabalhamos juntas... eles não podem tirar o Willows da gente - Seu choro tinha aumentado
- Sim eles podem... amanhã é meu último dia em Seattle, eles estão me transferindo para um internato em Londres.
- Não, eu não posso aceitar isso, eu não posso te perder!
- Nos veremos amanhã quando eu for devolver meu uniforme. Eu prometo!
- Eu te amo...
- Também amo você Dinah.

Desliguei o telefone, deitei na cama e comecei a olhar o teto. As lágrimas quentes ainda escorriam por minhas bochechas, não sei por quanto tempo eu fiquei daquele jeito, apenas senti minhas forças me deixando e me entreguei ao sono.

Acordei com o barulho do despertador, me levantei e fui em direção ao banheiro. Coloquei a primeira roupa que vi, peguei cuidadosamente o uniforme do Willows e desci.
Ao chegar na mesa de refeições, vi que meus pais estavam sentados me esperando. Sentei em silêncio e sem olhá-los comecei a tomar meu café.

- Bom dia - Exclamou meu pai abaixando seu jornal matinal - Desde quando você esqueceu a educação que te demos?
- Vocês estão destruindo minha vida, esperavam o quê? Um agradecimento? - Falei grosseiramente.
- Bom, não importa - Disse minha mãe entrando na conversa - A essa hora amanhã você já estará longe daquela menina.
- Perdi a fome, já to indo pra escola - Levantei jogando meu guardanapo sobre à mesa.
- Espera aí mocinha, iremos com você - Disse meu pai já se levantando seguido por minha mãe.
- Ótimo - Bufei.

Durante todo o percurso me mantive em silêncio, conseguia apenas ouvir um leve zumbido de fundo que era a conversa que meus pais estavam tendo. Ao chegarmos na escola e antes mesmo que eu pudesse sair do carro, minha mãe iniciou a conversa.

- Seu pai e eu iremos até a diretoria resolver sua transferência, aproveite esse tempo para esvaziar seu armário e se despedir.
- Não irei a aula hoje? - indaguei.
- Não será necessário, seja rápida, quanto antes resolvermos isso mais tempo você terá para arrumar suas malas - Disse meu pai já saindo do carro.

Sai do carro e adentrei a escola, fui até o meu armário, o esvaziei e fui atrás dos meus poucos amigos para dizer adeus. O que eu realmente queria era ver a Dinah uma última vez, por isso encurtei minhas despedidas para que pudéssemos ir o mais rápido possível para o Willows.
Assim que disse o último adeus, peguei a caixa com minhas coisas do armário e fui para o estacionamento. Meus pais ainda não tinham chegado, então, coloquei as coisas em cima do carro e peguei meu celular. Não consegui evitar, comecei a ver nossas fotos, éramos tão felizes juntas. Resolvi que não iria jogar na sorte e esperar que ela realmente fosse, escrevi uma mensagem para ter certeza se ela realmente iria hoje.

After the Storm Onde histórias criam vida. Descubra agora