Capítulo 23

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    Eles seguiram pelo centro da aldeia, Val olhava tudo com admiração, pois a aldeia estava bem cuidada, ela também notou que os soldados agiam normalmente como simples aldeões mas ao mesmo tempo vigilantes. A aldeia transmitia tranquilidade, segurança e paz, era um local alegre, as crianças brincavam enquanto as mães faziam suas tarefas. Quando chegaram ao pé da montanha eles seguem o caminho contrário da casa e vão ao galpão, chegando lá Brayan abre as portas para Val, quando ela entra fica triste ao ver tantas pessoas daquela forma, mas o que a deixa feliz é ver que estão sendo bem cuidadas.

- As mulheres vem uma vez por semana aqui e lavam todas as estátuas para tirar o pó e sujeira que se acumula nelas. – Diz Brayan ao notar o olhar de Val.

- Vocês realmente se importam com eles, na verdade não esperava ver tanto cuidado assim.

- Meu pai me ensinou que devemos valorizar as pessoas independente de classe social, cor ou origem, mesmo sendo estátuas eles são seres humanos que foram amaldiçoados e quando voltarem ao normal queremos que se sintam limpos, e saibam que alguém cuidou deles enquanto eles não podiam se cuidar.

- Obrigado Brayan, por tudo o que fez e está fazendo não só pela aldeia mas por mim.

- De nada, se fosse o contrário tenho certeza que faria o mesmo.

Eles saem do galpão, Brayan fecha as portas, então eles retornam e seguem agora em direção a casa do guardião, quando contornam novamente a montanha Val vê um caminho coberto de grama com árvores dos dois lados elas se juntam no topo, criando assim um túnel verde até os portões de madeira do pátio da casa, quando chegam nele Brayan os abre revelando um imenso jardim com flores de todos os tipos, cores e perfumes, tem também muitas árvores silvestres e frutíferas. Val fica encantada com a beleza do jardim ela então segue pelo caminho feito de pedras até a casa, enquanto anda ela observa tudo a sua volta, ela vê a fonte que tem um chafariz em forma de anjo, alguns bancos de pedra sob uma árvore próxima a ele, nota também vários pássaros de várias cores e espécies. Val sente a paz que o local tem, ela sente também o amor que existe ali.

Finalmente eles chegam a casa, ela tem dois andares, como casa de campo, mas num dos lados tem um sótão, com o telhado um pouco mais alto, ela é toda feita de pedra, seu coberto é de telhas grossas feitas de argila, boa parte das paredes são cobertas por trepadeiras com flores vermelhas muito perfumadas, um lugar lindo e mágico que deixa Val sem ar com a beleza. Ela então diz;

- Esse lugar é lindo parece um sonho, não imaginava que fosse assim, na minha mente era um lugar mais simples e comum.

- Todos que vivem ou vieram aqui ficaram encantados, minha mãe veio uma vez e se apaixonou pela casa, ela levou várias mudas de flores para plantar em seu jardim, até pediu a meu pai para fazer uma pequena casa parecida com essa para ela fazer de seu lugar de descanso.

- Gostaria de entrar agora, estou ansiosa por isso.

- Está bem vamos. – Diz Brayan abrindo a porta.

Val entra e fica sem ar por uns segundos, pois é atingida pelas lembranças de tudo o que seus pais viveram e sentiram na casa, ela quase cai com o impacto pois não estava preparada para isso, Brayan a ampara e pergunta;

- O que houve, você está bem, seu ferimento...

- Brayan eu estou bem, não se preocupe eu só não esperava ver as lembranças de tudo o que houve aqui, não me preparei emocionalmente pra isso, pois não imaginava que isso aconteceria, só me ajude a sentar um instante.

- Como assim, você pode ver o que houve aqui? – pergunta Brayan.

- Sim posso ver tudo, vejo o amor que existe entre meus pais, ele e forte e verdadeiro, vi a dor de minha mãe por não poder ter filhos o medo de meu pai deixar de ama-la, mas o amor dele por ela vai além disso, agora estou vendo a alegria dos dois ao descobrir minha existência, o choro de alegria de minha mãe, seu amor por mim já é muito forte assim como de meu pai, eles estão tão felizes por eu existir meu pai procura estar sempre perto de minha mãe e sempre que consegue fica o tempo todo acariciando seu ventre onde estou transmitindo seu amor, agora vejo sua luta com o Mago Negro seu desespero quando ele lança as maldições, seu alivio ao ver minha mãe bem, a dor deles ao saber que terão pouco tempo comigo, sua dor ao me ver com as manchas, ele tenta desesperadamente me curar e não consegui, minha mãe me abraçando e dizendo que não importa que me ama mais que tudo no mundo. A dor e o desespero ao se despedirem de mim antes de se tornarem pedra, eu sinto tudo o que eles sentiram e é horrível, dói demais.

A ordem dos guardiões do mundo mágicoOnde histórias criam vida. Descubra agora