° 2-Fantasmas °

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-Mas eu não estou entendendo, tudo no seu livro está normal. _ Minha mãe diz terminando de ler o livro.

-Não está!  _ Pego o livro e começo a rasga-lo.

-Cara, que menina exagerada! Não se preocupa mãe, ela só é medrosa mesmo. _ Diz Vivian, a minha irmã completamente irritante.

-Vivian você já tem 14 anos! Se comporte melhor com a sua irmã.

-Eca, eu só vim aqui pra falar que a "amiguinha"  da Mabel ta enchendo o saco, ela ta te esperando lá em baixo.

-A Emma?

-Você tem mais alguma amiga? Isolada. _ Ela começa a rir.

-Vivian!  _ Minha mãe a repreende.

Ela revira os olhos e sai do quarto, eu estou muito feliz que a Emma veio me visitar, eu não tenho amigos, eu sou tímida e todos acham isso um defeito. Mas Emma foi a única que se aproximou de mim. Emma é a minha vizinha, ela mora na frente da minha casa.

Desço as escadas correndo e Emma está segurando uma boneca, a aparência da boneca me assusta um pouco, os olhos dela são de botões, ela só tem uma metade de sua perna, e ela está completamente suja.

-Mabel!

-Emma! Aonde achou essa boneca?

-Essa aqui? _ Ela olha para a boneca. _ Na sua porta.

-Na minha porta?

-Acho que alguma menina a perdeu.

-Deve ser. Vem! Vamos para o meu quarto. _ Pego em sua mão.

Subimos para o meu quarto e Emma senta em minha cama.

-Eu vou dormir na sua casa hoje. _ Diz Emma passando a mão no cabelo da boneca.

-Sério?  _ Digo feliz.

-Sim!

-Se eu te contar uma coisa promete que não vai rir de mim?

-Prometo. _ Emma estende sua mão pra mim e a aperta.

{...}

-Mas Mabel, oque vamos fazer?

-Como assim?

-Um fantasma está te perseguindo e eu quero te ajudar.

-Não tem fantasma nenhum Emma.

-E se realmente for o fantasma da princesa Katherine?  _ Diz Emma se levantando.

-Mas a minha mãe disse que fantasmas não existem!

-O meu pai também disse isso, mas e se eles estiverem errados?

Fico em silêncio, eles realmente podem estar errados, e isso não é nada bom.

-Vocês estão se perguntando se os fantasmas existem?  _ Ouço uma voz, eu e Emma nos viramos para trás e não vimos ninguém.

-De onde vem essa voz?

-E-eu não sei! Só pode ser da boneca!

-Não me chame de boneca! Eu sou um fantasma, e vou puxar os seus pés quando vocês duas estiverem dormindo.

-Não! Você é apenas uma boneca!  _ Diz Emma se afastando.

-Eu vou assombrar vocês! E vocês vão morrer.

-Vamos sair daqui!  _ Digo puxando Emma.

Saímos correndo e começamos a descer a escada, tropeço no último degrau e Emma me puxa.

-Não temos tempo para cair! Vamos.

-Ei oque está acontecendo? _ A minha mãe diz nos parando.

-A boneca! Ela começou a falar que iríamos morrer. _ Diz Emma.

-A boneca?  _ Minha mãe parece confusa.

Ouço uma risada e então vejo Vivian com a boneca na mão, morrendo de rir apoiada na escada. Minha mãe olha para Vivian e logo em seguida olha para a gente.

-Vocês são umas medrosas mesmo!  _ Ela ri mais ainda.

-Vivian! Isso é brincadeira que se faça com alguém! Uma semana sem celular.

-Oque? Eu não acredito. Mãe!

-Pro seu quarto Vivian.

-Eu não vou ficar de castigo por causa dessas pirralhas!

-Mais uma palavra e eu aumento para um mês!

Ela sobe para o quarto pisando fundo. Olho para Emma e a mesma olha para o chão.

-Não acredito que acreditamos nisso. _ Diz Emma.

-A Vivian é uma idiota._ Digo.

Vejo meu pai entrando em casa com algumas sacolas, ele deixa as sacolas no balcão e percebo que ele não está muito bem. Ele está sério e parece preocupado. Eu e Emma saímos da minha casa e sentamos no banco do jardim.

-Tudo parece besteira e bobagem, mas porque os adultos nunca acreditam em nois?

-Porque temos menos idade que eles. _ Emma olha para baixo. _ Eu queria que os fantasmas existissem, assim eu poderia conversar com a minha mãe e o meu irmãozinho.

Lembro sobre oque Emma me contou. Que a sua mãe morreu quando foi dar a luz a seu irmãozinho, e logo em seguida os médicos perceberam que ele também havia morrido. Isso me deixa bem triste.

-Se fantasmas realmente existissem, eu iria querer falar com todos os meus avós.

-Seria bom.

Olho para Emma e vejo que ela está chorando, ao perceber que estou a olhando ela levanta rapidamente.

-Podemos ir na biblioteca. _ Diz Emma.

-Boa idéia.

Pegamos nossas bicicletas e fomos a caminho da biblioteca, Emma também gosta de ler, igual a mim. A bicicleta da Emma ainda tem rodinhas, mas o meu pai as tirou quando aprendi a andar.

Ao chegar, colocamos as nossas bicicletas encostadas na parede e entramos. Olho para as prateleiras e vejo livros com capas lindas, entre eles, bem no meio, vejo um livro com a capa totalmente preta.

-Ei Emma! Olha aquele livro. _ Digo apontando para ele.

-Do que será que ele fala? _ Emma fica na ponta dos pés para pegar o livro, mas alguém o pega.

-Não podem ler esse livro. _ Diz Benedith, a dona da livraria.

-A é? Porque? _ Emma cruza os braços.

-Esse livro trás acontecimentos reais de coisas ruins, não é apropriado para crianças.

-Não somos crianças!  _ Digo.

-Você acha que temos sete anos? Temos oito!

-Isso não muda o fato de serem crianças. Agora, peguem algum livro mais educativo.

Emma bate o pé no chão e olha para Benedith, que não tira os olhos de seu jornal.

-Estou tão curiosa para ler esse livro!  _ Digo.

-E quem disse que não vamos ler?

Olho confusa para Emma e a mesma se estica e pega o livro da mesa da Benedith.

-Vamos Mabel!

Benedith se levanta e tenta pegar o livro, mas fomos mais rápidas. Emma põe o livro na cesta de sua bicicleta e saímos da biblioteca.

-Vocês duas! Voltem aqui!

 AMOR DOENTIO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora