° 9-Uma família de coelhos °

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Acordo com uma enorme dor de cabeça, ao olhar ao redor, percebo que dormi na sala. Porque eu dormi logo aqui? Eu não lembro de nada, exatamente nada! A única coisa que me lembro é que a minha mãe está no hospital e...

O meu pai foi ver a minha mãe e até agora não chegou! Vou correndo até o meu quarto e pego o meu celular. Ligo pra ele e ele não atende. Na quarta ligação ele atende.

-Pai! A mamãe melhorou?

-Quando eu chegar em casa, conversaremos.

-Diz logo pai!

-Eu já disse Vivian, vou desligar.

-Custa você me falar?

Sem mais nem menos ele desliga o telefone. Tenho medo de ser algo grave, porque se fosse algo bom, ele teria me contado.

Me lembro que hoje faço quinze anos. Mas droga... Quem se importa? Estou mais preocupada na situação da minha mãe. Saio do meu quarto e vejo Mabel, que vem correndo me abraçar.

-Feliz aniversário Vivian!

-Valeu Mabel. Porque não foi para a escola?

-O papai disse que não preciso ir hoje, Toma. _ Ela me entrega uma caixa vermelha grande.

-Obrigada Mabel. Mas oque você colocou aqui? Ta bem pesada.

Ao abrir a caixa vejo que nela tem três quadros. Pego o primeiro e vejo uma menina loira segurando um cachorro.

-Eu não sabia que você pintava! Quem é essa?

-É você! A Nora me ensinou.

Nora sai do quarto dos meus pais sorrindo.

-A Mabel é uma ótima aluna!

-Aa sim. _ Pego o outro quadro e vejo oque provavelmente é o retrato da nossa pequena família. _ É... Ficou bonito Mabel.

-E esse a Nora fez!

Pego o último e vejo uma casa de madeira, com uma família de coelhos. Esse desenho está muito bem feito! Parece até que foi feito por um pintor profissional.

-Você que fez Nora?

-Sim. Essa família de coelhos é uma família feliz, mas sabemos que para algumas pessoas coelhos são uma refeição. Então, logo logo a família de coelhos vai acabar.

-Oow... Ficou... Fantástico.

-Sabia que iria gostar. Já tem noticias da senhora Carter?

-Ainda não, meu pai tava enrolando e não me deu nenhuma notícia.

-E você não se lembra de nada?

-Lembrar do que?

-É... Nada não. _ Nora dá um sorriso sem jeito.

Ouço um barulho de alguém abrindo a porta e então vejo Miranda.

-Aonde você estava quando preciso de você Miranda? Eu ia no hospital ontem com o meu pai mas não pude porque eu tinha que ficar com essas duas.

-Não devo satisfações. Vamos, todas vocês, troquem de roupa e desçam pra tomar café.

Porque todos parecem que estão escondendo algo hoje? A Miranda está conseguindo ser mais estranha do que o meu pai, e nem disfarçar ela consegue.

-Miranda! Você tem notícias da minha mãe? 

-Daqui a pouco o seu pai chega, e então vocês conversam.

-Porque você não quer me falar cacete?

-Eu não quero ficar repetindo as coisas Vivian! Troque de roupa e venha tomar café.

-Eu não vou fazer merda nenhuma! Nem de café eu gosto. Eu quero notícias da minha mãe! E se você não falar, eu... Eu vou tacar fogo em você Miranda!

-Ta louca Vivian?! Já falei pra você esperar pelo o seu pai!

-Olha Miranda, se você não me der notícias da minha mãe, juro que desço aí e...

Paro de falar quando vejo meu pai entrando. Finalmente! Olho para ele e vejo que seus olhos estão completamente inchados. Mas oque aconteceu?

-Pai! _ Desço a escada correndo e ele me abraça. _ Vai me falar agora como a mamãe está?

Ele pega em minha mão e me leva até o sofá. A Miranda sai da casa e cinceramente não estou entendendo nada.

-Antes de tudo, lembre-se que te amo muito.

-Ta pai, para de enrolar!

-Quero que seja forte.

-Como assim pai?  _ Já sinto um enorme arrepio pelo o meu corpo.

-Ela não... _ Meu pai começa a chorar. _ Ela não resistiu. Ela morreu Vivian!

-OQUE? Não é possível!  Não, ela não morreu! Deram a informação errada pra você pai! Outra mulher deve ter morrido e a confundiram com a mamãe!

-Como eu queria que isso fosse verdade. _ Meu pai põe a mão no rosto e começa a chorar novamente.

-E-Então... É ver-verdade?

Em resposta ele só me abraça. Isso não pode ser verdade! Me belisco e percebo que não estou sonhando. Isso não é um sonho! É um pesadelo! É um pesadelo em vida real!

Porque diabos isso aconteceu logo com a minha mãe? Poderia ter cido com qualquer outra mulher por aí. Eu não consigo imaginar em quanto difícil vai ser ficar sem sem seus sermões engraçados e ficar sem ouvir a sua voz.

Ouço a voz da Mabel e da Nora, e logo em seguida as duas descem. Mabel vem correndo animada até o meu pai.

-Papai a mamãe melhorou? Quando ela vai voltar pra casa? Papai? _ Ela se estica e o olha de perto. _ Porque está chorando?

Sem olha-los, saio de casa e começo a correr. Eu não quero ficar vendo todo esse sofrimento, ainda mais a reação da Mabel. Eu não quero chorar, mas não dá para ser forte o tempo todo. Percebo que esbarrei em alguém que está de bicicleta e acabo caindo no chão.

-Ryan?!

-Oi Vivian! Porque está chorando? _ Ryan tira o capacete e estende a sua mão pra mim.

-Não é nada, tenho que ir.

-Ei Vivian espera. _ Ryan pega em minha mão. _ Me conta, não quero ver você desse jeito.

-Uma desgraça aconteceu na minha vida Ryan. E quer saber? Eu não me importo mais. Eu não me importo mais com nada nesse mundo. Se eu não morrer até amanhã, eu passo na sua casa depois da escola.

Ele fica me olhando com um olhar confuso e saio de perto dele e começo a caminhar. Não quero falar sobre isso. Pelo menos agora não. Eu só quero pensar menos nisso, porque enquanto mais eu penso, com mais vontade de meter uma faca no pescoço eu fico. Mas não pensar na morte da minha mãe, é impossível!

 AMOR DOENTIO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora