Suna ri das piadas mais tolas ja ouvidas em todo seus dezessete anos de vivência, sentada ao pé da cama de Hamad.
Ambos, passam quase todas as noites assim, ja se tornou tradição. Ora no quarto da jovem, ora no quarto dele, enquanto Yazin dormia feito uma gazela. Coisa que o próprio Hamad enfatizou.
Seu irmão se mantia sentado sobre a cama com uma roupa bem quente para dormir. Os cabelos bem ajeitados e a barba feita, parece até que ele prevê algo. De vezes, ele olha para a janela aberta ao seu lado, querendo encontrar algo nas ruas iluminadas da pequena Qnash.
No recinto faz-se um breve silêncio entre o término de uma piada e o início da outra. Os olhos do irmão mais velho novamente vaga pelas ruas deixando Suna mais atenta que o normal. Porém dessa vez, é mais tardio.
- Hamad! - Suna o chama baixo e não obtém resposta nem atenção.
Ele franze a testa e como um incrédulo, balbucia.
- Será uma visão?- aperta mais seus olhos e sente um arrepio. - Não é.
Suna ja está de pé e vai decididamente em direção a janela, ela se atenta para o lugar que o irmão observa e quase engasga.
- Uma mulher na rua a essa hora! - diz alto o bastante para assustar Hamad que está concentrado.
Ele a fita com um olhar desconhecido, que nem ele mesmo é capaz de descrever. Há misto de sentimentos em seu coração, porém o maior deles é o medo.
- Ande Suna, vá para cama! - ele lhe afasta com a mão e fecha as cortinas da janela.
Ela continua o caminho todo empurrada por ele, mesmo querendo ficar e saber o que está acontecendo o porque dele ter mudado tão derrepente.
- Hamad - ela tenta despertá-lo várias vezes de seus desvandeios. Mas ele nada diz, apenas coloca-a na cama e sai após lhe dar um beijo na testa,fechando a porta de seu quarto.
O recinto escuro traz para Suna um arrepio na espinha. Ela se pergunta o que há com Hamad, ou com aquela mulher. Em meio a esses pensamentos ela escuta os passos abafados do irmão pelo assoalho da casa. Alguns segundos depois, o fino ranger da porta principal lhe informa algo estranho.
- Hamad - seus lábios secam repentinamente.
Mesmo indo contra as ordens do irmão, ela se levanta com dificuldade da cama, fazendo o que o irmão fazia minutos antes com os pés para não despertar a atenção do tio nem de Yazin.
Seu corpo encosta na madeira gélida da porta de seu quarto ao mesmo momento em que seus dedos girem a maçaneta de forma que ela abra uma fresta suficiente para observar a sala.
Como imaginado, a entrada principal está aberta levemente para dentro, de forma que só o corpo de Hamad passasse e após ele, a luz delirante do luar. Mas o que chama a atenção da menina é as silhuetas no quintal, perto do carro do tio Ali. Uma com certeza é de Hamad e a outra é... a
uma mulher.O corpo de Suna treme a medida que ambos vão se aproximando. Ela observa que a mulher parece estar desesperada e em uníssono, seu irmão também. Depois, seus olhos se arregalam ao presenciar o beijo que os dois dão, então ela percebe que não é uma mulher qualquer e sim, aquela a quem seu irmão ama.
O que significa que se ela está ali, tarde da noite,sozinha e assustada é porque algo ruim aconteceu. A jovem treme só de pensar nas possibilidades e antes mesmo que se imagina seus pés a levam para o quintal, junto ao casal. A mente dela entende cada detalhe, inclusive o porque deles estarem perto do carro. E o momento em que ela se aproxima é exatamente o que seu irmão mais a mulher vão entrar no veículo.
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SUNA (Degustação)
RomanceHussein Abdullah é o chefe da família mais importante de Qnash, um vilarejo na península árabe, próximo a Arábia Saudita. Quando a honra de sua família se vê manchada pela tolice de sua irmã Al Jalila com um mero subordinado,Hamad, ele se vê obrigad...