Will Herondale e Sua Despedida Para Jem Carstairs.

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Livro: Princesa Mecânica.

Will se sentou, pensando se deveria se forçar  a tomar outro copo de vinho para garantir o sono quando sentiu uma dor aguda e penetrante no peito. Foi como receber uma flexada, e Will cambaleou para trás. A taça de vinho caiu e se estilhaçou. Ele se levantou, apoiando ambas as mãos na mesa. Teve vaga consciência dos olhares e da voz ansiosa do dono da pousada ao seu ouvido, mas a dor era forte demais para conseguir pensar, quase grande demais para conseguir respirar.

O aperto no peito, que ele achava ser a ponta de uma corda que o prendia a Jem, estava tão tenso que estrangulava seu coração. Cambaleou para fora da mesa, atravessando um amontoado de clientes perto do bar, e passou para a porta da frente da pousada. conseguia pensar em ar, em encher os pulmões de ar e respirar.

Abriu as portas e saiu aos tropeços, para a noite. Por um instante, a dor no peito melhorou, e ele caiu contra a parede da pousada. A chuva caía, ensopando seus cabelos e roupas. Engasgou, o coração tremendo com uma mistura de pavor e desespero. Seria apenas a distância de Jem o afetando? Ele jamais havia sentido nada parecido, mesmo nos piores dias de Jem, mesmo quando ele se feria e Will sentia dores solidárias.

A corda se rompeu.

Por um instante tudo ficou branco, e o jardim clareou como se tivessem jogado ácido nele. Will se curvou até os joelhos, vomitando o jantar na lama. Quando os espasmos passaram, ele se levantou cambaleando e se afastou cegamente da pousada, como se tentasse escapar da própria dor. Apoiou-se contra a parede dos estábulos, ao lado do bebedouro dos cavalos. Ajoelhou-se para colocar as mãos na água gelada — viu o próprio reflexo. estava seu rosto, branco como a morte, sua camisa e uma mancha vermelha se espalhando pela frente.

Com as mãos molhadas, ele segurou a lapela e abriu a camisa. Sob a luz fraca que escapava da pousada, ele viu o símbolo parabatai, acima do coração, sangrando.

Estava com as mãos cobertas de sangue, sangue e chuva, a mesma chuva que limpava o sangue do peito, mostrando o símbolo que começava a desbotar de preto para prateado, mudando tudo que fazia sentido na vida de Will para uma grande falta de sentido.

Jem estava morto.

[...]

Woolsey se aproximou mais um passo, com os olhos examinando Will, frios como gelo verde.

Presumo que seu parabatai esteja morto, então.

Will não estava pronto para ouvir as palavras, jamais estaria. A luta o fizera esquecer a dor por um instante. Agora ela ameaçava voltar, opressora e assustadora. Ele engasgou como se Woolsey o tivesse socado, e deu um passo involuntário para trás.

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