Pov Lauren
- Como você está se sentindo? – Respirei pesadamente ao ver Liz com um olhar cansado. – Quer conversar um pouco?
- As contrações já comeram. – Sorri e segurei sua mão. – Eu não acredito que você está aqui. Muito obrigado.
- Eu prometi que estaria aqui. – Ela concordou sorrindo, mas logo em seguida deu uma gemida de dor. – Eu vou precisar sair daqui eu só vim te avisar que vou esperar lá fora e caso você ainda queira eu vou te ajudar.
- Eu já fiz minha escolha. – Disse convicta em meio a uma careta de dor. – Eu vou para índia, quero fazer todo meu processo de iniciação, ter uma nova vida lá.
- Certo. – Concordei. – Eu vou estar lá fora.
Conheci Liz na semana que o centro foi aberto, ela estava gravida de dois meses, com alguns pensamentos sobre suicídio, não queria abortar mas sabia que não poderia criar aquela criança. Decidi que ela poderia morar no centro e ajudar com algumas coisas, ali para entender se era aquilo que ela quer mesmo.
Ela já tinha na cabeça que ia se exilar e se dedicar cem por cento ao budismo, achei sua garra maravilhosa, mesmo sem conhecer tanto. Ela me pediu ajuda para conhecer algum lugar para realizar sua transição.
Conversei com algumas pessoas e achamos que ela vai ficar melhor na índia, sobre o bebê acabei me apegando a ele mesmo sem ter nascido, como mentora estou sempre aconselhando ela.
Ela criou uma pequena ligação com ele apenas para que as energias dele quando nascer não estejam ruins, ela me pediu para que eu acompanhasse ela durante o parto, estou aqui esperando.
Ela falou que não quer ter contato com a criança, que vai atrapalhar suas energias e a do bebe, entendo ela e vou tratar as coisas, para que ele seja enviado para adoção.
(...)
Depois de quase seis horas de parto fui informada que Liz e o bebê estão bem. Queria ir ver ela logo mas iria demorar um pouco para ser liberada as visitas.
Então pedi para ver o bebê, afinal no centro praticamente todos os dias conversava um pouco com ele, pelos seus chutes ele gostava da minha voz.
Enquanto andava para o berçário um frio percorreu minha espinha me fazendo estranhar, nunca havia sentido aquilo antes. Estava nervosa.
O enfermeiro me mostrou qual era o bebê, perguntei se podia entrar para ver um pouco de perto, não conseguia ver direito sem óculos, maldita seja minha falta de atenção.
Mesmo um pouco relutante ele deixou, acho que ele acredita que sou alguma coisa de Liz. Havia vários bebes ali. Um mais fofo que o outro, parecia não haver nenhum prematuro ali, apenas bebês gordinhos.
- Esse é o garoto. – Disse antes de me deixar ali sozinha.
Lindo. O garotinho é um dos bebês mais lindos que já vi na minha vida. Sua pele branquinha. Os olhos clarinhos e os fios de cabelos loiros. Deve ter puxado ao pai, Liz é um pouco morena de cabelos encaracolados. Ele estava acordado, mas não estava agitado como aprecia sempre estar na barriga de Liz.
Em um certo momento, nos olhares se cruzaram, dei um meio sorriso e ele estava me olhando curioso, queria enfiar a mão naquela caixa transparente mas sabia que a qualquer momento alguém iria entrar e me expulsar.
Fiquei ali com ele apenas em silencio, ele continuava me encarando questionador, daria qualquer coisa para saber o que se passa na cabeça dele. Um tempo depois senti meu celular vibrar, olhei e vi uma mensagem de Liz falando que estava no quarto, que eu poderia subir.
- Daqui a pouco eu volto para te ver garoto. – Disse para ele que continuava questionador.
Subi para o quarto da minha mentorada e em nenhum momento perguntou do bebê, mesmo achando que ela era um pouco fria perante a isso, mas tentei não julgar e também respeitei.
Quando nos conhecemos ela me pediu para resolver todo o processo de adoção da criança, mesmo um pouco relutante aceitei. Não sabia como era isso mas achei uma boa casa de adoção. As pessoas amam recém nascidos, tive a opção de colocar o nome dela na pré-adoção, mas esperei que ela talvez poderia mudar de ideia.
Conversamos um pouco sobre como seria no novo país, ela vai para índia assim que ter alta. Entreguei todos os papeis e eu já estava louca para descer mais uma vez e ficar olhando o garotinho.
Nunca fui tão ligada a crianças, mas ele parecia um anjinho. Uma coisa fofa. Com aquelas bochechas rosinhas pedido para serem apertadas.
Quando ela estava quase dormindo sai do quarto e voltei para o berçário. Não podia mais entrar pela horário, então fiquei ali no vidro um tempo, com uma ideia matutando minha cabeça.
Olhar ele me fez pensar em adotar. Não pensava em ter filhos por esse momento. Mas já sou independente, tenho minha casa, minha formação e meu emprego, eu posso adotar uma criança certo?
Meus pais vão querer me matar, mas logo depois vão achar uma maravilha ter uma criança, meus amigos vão achar maravilhoso. Parei meu monologo sentindo meu celular vibrar indicando uma mensagem. Olhei a remetente e sorri.
Camila tinha enviado uma foto, abri é meu sorriso se alargou. Bart estava dormindo debaixo dos cobertores do seu lado na cama dela.
Ele está se sentindo em casa, acredito que vamos ter que compartilhar essa guarda.
Disse colocando umas carinhas rindo, mas nem pensar, não consigo ficar muito tempo sem Bart. Um choro fino de algum dos bebês me fez olhar para o vidro mais uma vez.
Me fez pensar em Camila, as coisas estão maravilhosas mas eu nunca falei sobre Liz ou sobre a gravidez dela, pelo fato que precisamos ter discrição e não podemos falar nada sobre nossas conversas no centro.
Não sei qual seria sua atitude se eu adotasse uma criança, meu coração diz que ela vai amar, mas minha cabeça não sabe o que vai acontecer.
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Destiny Segunda Temporada
FanfictionContinuidade u-i/ substantivo feminino 1. persistência das características inerentes a um determinado contexto. "a c. cultural de um povo"