Capítulo 2 - Thomas Dinkley odeia quartas-feiras

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     Foi como acordar de um sonho. Abri os olhos enquanto retirava a mão do rosto. Ainda estava um pouco zonzo, mas pelo menos já não tremia tanto, o que por sua vez, não significava que meus níveis de adrenalina haviam baixado. Eu estava num ginásio abandonado da cidade, o piso de concreto se estendia por todos os lados dali, enquanto pequenos matinhos invasores dominavam parte do local. As arquibancadas, também feitas de concreto, estavam empoeiradas e cheias de vazio e esquecimento. O local ainda tinha duas traves nas extremidades, as duas estavam enferrujadas, a rede de uma delas estava rasgada e desgastada, enquanto que a outra era quase inexistente. As marcas de pintura do chão que delimitavam as áreas do jogo estavam por sumir e o teto em formato de arco permitia que os raios solares se refugiassem em várias partes do interior, de modo que talvez o ginásio estivesse abandonado apenas pelos humanos. E lá estava eu, bem no centro, com o braço esquerdo ainda dolorido e sangue na testa, fora os sentimentos ruins que me cercavam. O Jimmy! também estava lá, flutuando e brilhando de uma maneira que parecia que ele estivesse se curando como em jogos de RPG. E de fato ele estava, tendo em vista que sua lataria começara a parecer nova outra vez e as asas de tinta voltarem a ter cor branca ao invés de parecerem sujas de lama. Após terminar o auto-healing ele  flutuou em minha direção. Ao se aproximar o bastante ele parou e fechou o olho, logo em seguida eu comecei a brilhar da mesma maneira que ele estava até pouco tempo atrás. Ele não disse nada, e nem foi preciso. A dor no meu braço passou e o sangue do meu rosto evaporou, O Jimmy! me curou, ou melhor, ele acelerou meu organismo para que eu melhorasse. Com isso minhas taxas de adrenalina deveriam se normalizar, mas não, elas não podiam, eu queria estar com a adrenalina elevada. Só conseguia ficar remoendo o que acabara de acontecer, vou enfrentá-lo, pensei. Preciso aproveitar enquanto ainda me resta coragem. Mas então, O Jimmy! tomou a iniciativa.

  — Como se sente?

  — Hm, fisicamente acredito que estou melhor. — respondi. Mais tranquilo do que gostaria.

  — E quanto ao emocional: também vai melhorar, também posso ajudá-lo nisso. — disse ele de maneira tão natural que chegou a me irritar. Ah, a pessoa com que você mais se importava morreu por minha culpa, vamos ali tomar sorvete e ser melhores amigos enquanto o céu fica rosa.

  — Hm, você está zangado comigo. — disse ele.

  — É claro que estou. — respondi com amargura.

  — Hm, primeiro: ela não é a pessoa com que você mais se importa. — mais uma vez estava ele, dizendo coisas erradas de formas naturais, e o pior, respondendo meus pensamentos e sentimentos. Ainda não tenho ideia de como ele faz isso, mas me irrita. — Segundo: ela ainda não está morta. 

  — Como assim Hikari ainda não está morta? — perguntei com esperança e espanto no peito.

  — The Jimny!! não a matou, ele apenas fez o que eu fiz com você, teletransporte. Mas, digamos que de um jeito um tanto quanto mais... dramático. — a voz estridente de O Jimmy! ecoava em minha mente. 

     Meu peito se encheu de alívio e felicidade. Era como se um grande peso houvesse sido tirado de cima das minhas costas. — Precisamos resgatá-la! Vai me ajudar nisso, certo?

  — É claro, somos parceiros. Mas não se anime tanto, pode ser que não seja em como um de seus vídeo games em que o herói sempre salva a princesa no final. Lembre-se da Lei de Murphy. — Disse ele. 

     Sabe, O Jimmy! realmente é um deus extremamente esquisito. Primeiro ele tentou fazer aquela entrada triunfal, mas estragou tudo saindo de trás de uma lixeira e falando como um português, quer dizer, achas que pode realmente fugir de um deus? , quem raios fala achas ? Agora ele literalmente foi de entendimento de sentimentos a conhecimento de vídeo games à Lei de Murphy. Lei de Murphy, se algo tiver a chance de dar errado, dará errado das piores maneiras possíveis. Espero que ele esteja errado quanto ao último trecho.

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⏰ Última atualização: Aug 15, 2018 ⏰

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