Lee Jackson Memorial Hwy
04/07/2017 16h41
Durante o primeiro dia foram feitos os preparativos para a viagem. Encheram as mochilas com tudo o que tinham, alimentos, remédios, roupas, armas e até mesmo ferramentas, incluindo pregos e alguns parafusos. Casey guardara no porta malas um pequeno abajur que encontrou no antiquário, não tinham antes energia para ligá-lo, porém, talvez, quando chegassem na Zona Segura a teriam e poderia, depois de muito tempo, ver a luz elétrica ardendo numa sala. Karen levara consigo as roupas do falecido marido, Riley sua espada e armadura e Lydia uma coleção de globos de neve que achara numa caixa no antiquário, ela amava o natal, e mesmo que ainda estivesse longe da tal data comemorativa a garota gostava de sentir o espirito natalino ao seu redor. Uma pena que esse espirito não a ajudou quando foi atacada por um infectado que se arrastava durante a noite, no final do primeiro dia.
Primeiro mordeu o calcanhar, a derrubou e cravou os dentes bem no meio da sua barriga. Os seus gritos foram altos o suficiente para alertar seus companheiros do que estava acontecendo, e também a outros infectados. Mataram aquele que se arrastava na estrada, e logo depois que notaram o ferimento na barriga viram na escuridão olhos alaranjados se aproximando rapidamente, talvez uns doze ou quinze pares.
— Me ajudem! — Lydia berrava — Vamos, por favor, me ajudem!
May estava quase levantando-a quando Erick segurou fortemente o seu punho, e quando ela olhou nos olhos dele viu o que diziam. Ela estava perdida, e se a levassem todos teriam o mesmo destino que ela.
— Sinto muito. — May disse por fim, com lágrimas escorrendo de seus olhos fluorescentes.
O carro servia para somente levar a bagagem, já que, para poupar o pouco combustível que tinham, foi resolvido que arrastariam o veículo durante maior parte da viagem, alternando a cada meia hora aqueles que o fariam. O ritmo era lento, e carregando uma garota impossibilitada de andar seria pedir para que os infectados os alcançassem.
Agora Casey pensava que o que tinham feito fora um ato desumano, deixar Lydia para que fosse devorada para conseguirem deixar as aberrações para trás. E sim, fora um ato desumano, mas em nenhum momento houve algum tipo de resistência a essa escolha, a não ser, é claro, por Axel.
— Vamos! Temos que ir! — Thrawn falava enquanto via os alaranjados se aproximando.
— Não, NÃO!— Axel gritara, e correra até ela o mais rápido que conseguiu com sua prótese improvisada — Não podemos deixá-la! NÃO! — Tirou May de sua frente, mas antes que pudesse fazer algo por Lydia, Thrawn o puxou pelo braço e segurou seu queixo com a outra mão.
— Quer sobreviver garoto?! — Berrou Thrawn, enquanto as lágrimas do garoto escorriam entre seus dedos — Quer sobreviver?! — Virou o rosto dele para as criaturas que estavam cada vez mais próximas — Quer?!
Um ato desumano, porém necessário. Deixaram-na para trás, mas não antes de Erick enterrar uma bala de misericórdia em sua cabeça. Ele e Thrawn eram os únicos capazes de fazer tal coisa, e o segundo estava ocupado demais levando Axel para longe dos gritos de Lydia.
— Por favor, não... Por favor! — Foram as últimas palavras da jovem.
O dia que se seguiu fora um dia de luto. Karen e Axel choraram durante toda a manhã,tudo que conseguiam lembrar era de seus últimos gritos de desespero, pedindo por misericórdia, por ajuda, ajuda que não conseguira mesmo de seus amigos mais próximos. Erick não dissera uma palavra naquele dia, mesmo quando May perguntara algo sobre as reservas de água numa fazenda próxima. Casey arrastara o carro durante todo o dia, se negava a deixar que alguém o ajudasse, e Henry conversava com Mariah enquanto, atrás deles, Riley e Sean se mantinham de guarda, mais ninguém seria pego desprevenido por um descuido de segurança.
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Sobreviva Mais Um Dia - Livro 1
HororFaz quase um ano desde que a Peste se espalhou pelo mundo. O que parecia um teste biológico qualquer resultou na morte de milhões e na quase extinção da humanidade. Os poucos que não foram infectados pela Peste, pelo menos a sua maioria, foi devorad...