Liz

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Entro na casa da minha sogra ofegante, Sr. Augusto me olha de testa franzida, preocupado.

— Liz, está tudo bem? – Ele pergunta colocando o jornal que estava lendo na mesinha de café e levantando-se para vir até mim.

— Sim, só vim um pouco rápido demais. – Tento falar entre respirações profundas.

— Você está branca, tem certeza não aconteceu nada? – Os olhos azuis brilhantes do meu sogro me examinam, ele tem um tato aguçado. Sr. Augusto sabe que não está nada bem.

Tiro meus filhos de um em um do carrinho, minhas mãos ainda estão tremulas ao tentar desafivelar o cinto de segurança.

— Vou pegar um copo de água, você está tremendo. – Ele fala me deixando sozinha.

— Obrigada. – Respondo, agradecida pela gentileza.

Um minuto depois meu sogro volta com um copo de água na mão, entrega-me e senta-se ao meu lado.

— Então, querida, não vai me contar o que está acontecendo? – Sr. Augusto pergunta com um olhar compreensivo. Provavelmente ele já está sabendo das notícias, afinal, ele estava lendo o jornal.

— O senhor é bom observador, não é?

— Sim, essa é uma qualidade que herdei da minha mãe. – Meu sogro me dá um sorriso reconfortante.

— Eu fiquei um pouco nervosa, recebi uma ligação de uma jornalista querendo uma declaração sobre as notícias. Ela foi rude, e me deixou tão frustrada. – Minha voz falha.

— Oh, imagino.

— Nunca imaginei passar por isso, ver minha vida íntima sendo discutida por milhares de pessoas no qual nem sei quem são. Isso é muito injusto. Tem pessoas que me odeiam e nem sei por que, me acham gorda demais, magra demais, loira demais, já outras me defendem como se eu fosse um parente próximo. Isso é muito surreal para mim.

Meu sogro pega minha mão na sua e sorri.

— Liz, as pessoas que tem uma vida pública, mesmo sem querer, como é o caso do Gustavo, sempre irão passar por esse tipo de coisa. É inevitável, as pessoas gostam de opinar, muitas vezes sem qualquer razão sobre a vida do outro, é uma forma de fugir das suas próprias realidades. Assistir a vida das pessoas é mais fácil que viver a própria vida. Não se deixe afetar por isso, eu conheço você de verdade, e sei a mulher extraordinária que você é para o meu filho, a mãe excepcional que você é para os meus netos, e também sei quem é a verdadeira Liz. Não a que as pessoas acham que conhecem através de uma foto, eu conheço você e sei que você não é nada disso que eles falaram. Também sei que você acha que, como Gustavo é meu filho eu sempre irei defendê-lo, mas minha filha, eu nunca acreditaria em uma linha do que li. Meu filho tem seus defeitos, mas ele ama você e as crianças profundamente, você despertou nele Liz o que Gustavo tem de melhor. Deu-lhe uma família, um lar, uma vida estável. Ele nunca abriria mão disso por nenhuma outra mulher no mundo. Ele não seria louco para isso.

Amo o meu sogro, sua forma gentil e sensata de observar e achar soluções para tudo. Meus olhos se enchem de lágrimas, respiro fundo e deixo-as cair.

— Eu estou com medo... – Confesso.

— Você é corajosa, Liz, vai saber enfrentar isso. O medo te domina quando ele vê que tem espaço, não o deixe se aproximar.

Azul Tormenta (Livro 2 Série Cores) SEM REVISÃOWhere stories live. Discover now