Liz

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Arremesso o telefone num canto do quarto, fazendo-o se partir em dois. Droga! Todo meu corpo está tomado de raiva, por que meu marido tem que ser tão cabeça dura? Nunca é flexível com nada que faço, Gustavo tem que estar sempre no controle de tudo sobre nossa vida. Sempre está desconfiado, achando que estou escondendo as coisas dele, mas será que ele não enxerga que só fiz isso para poupar sua carreira?

Não quero estragar essa viagem para ele, ainda mais depois do começo conturbado que tivemos. Não pegaria bem para sua imagem estar vinculado a um atleta furão e que abandona os campeonatos em andamento, olho para o celular caindo e imediatamente me arrependo do que fiz. Nele estavam as fotos mais recentes que tirei das crianças, e fotos minhas e de Gustavo. Corro para apanhar os cacos do que restou, xingo-me mentalmente. Coloco novamente a bateria e tento ligá-lo. Para minha sorte ele apenas desencaixou as partes e rachou uma fissura na lateral esquerda da tela. Cruzo os dedos para que ele acenda, e para meu alívio ele dá sinal de vida. Beijo-o agradecida.

— Oh, como sou idiota! – Assim que o sinal parece na tela, o telefone começa a tocar na minha mão. Vejo o sorriso do meu marido iluminar a tela e toda raiva que estava sentindo evapora, tento ser firme e fazê-lo se arrepender de gritar comigo daquele jeito. Não atendo logo de primeira, deixo-o ligar pela terceira vez, me segurando ao máximo para fazê-lo sentir-se tão frustrado quanto eu. É infantilidade, eu sei, mas uma mulher tem que ter seu orgulho.

Respiro fundo e atendo.

— Oi. – Digo secamente e ouço um suspiro pesado, do jeito que ele faz quando sei que está tentando esfriar a cabeça.

—Liz... – ele fala baixinho, e mal posso ouvir o suspiro pesado que ele dá após falar meu nome.

— O que você quer? – Pergunto me esforçando ao máximo para me manter firme em deixá-lo saber o quanto estou chateada.

— Perdoe-me, eu sei que deve estar cansada de me ouvir dizer isso, mas estou sendo sincero. Minha flor, não acabamos de brigar devido você não me contar as coisas? Preciso que você entenda que nossa família está acima de qualquer outra coisa no mundo. Liz, sei que você tentou me proteger por causa da competição, mas eu não quero ser protegido. Eu sou seu marido, droga! Que homem sou eu se não souber lidar com nossos problemas? Eu que tenho o dever de cuidar de você e dos nossos filhos.

— Sinto muito... – eu digo, como se minha voz fosse apenas um soluço em meio ao choro que rompe do meu peito.

— Não chore, pare com isso. Odeio ver você chorando, odeio ainda mais não estar aí para lhe abraçar e dizer o quanto te amo. Eu fui um idiota, me ajude a concertar as coisas, Liz. Me ajude a ser o que você precisa.

— Oh, meu amor, você já é... – Digo com a voz embargada. — Como eu queria estar perto de você, sinto tanta falta do seu abraço, tenho me sentindo tão sozinha.

— Liz, não faz assim. – A voz de Gustavo sussurra meu nome.

— Eu te amo tanto, Gustavo, eu não quero brigar com você, nunca mais.

— Também não quero, nunca mais. Faz uma coisa para mim? Você faz? – A voz de Gustavo está carregada com nada mais do que puro desejo. Eu conheço essa voz, é assim que ele fala comigo quando está cheio de segundas intenções.

Azul Tormenta (Livro 2 Série Cores) SEM REVISÃOWhere stories live. Discover now