Caminhei por aquele trilho na floresta, tendo a sensação de já ter estado ali. Abaixo dos meus pés descalços, as folhas secas se quebram fazendo barulho.
Tenho uma sensação ruim no peito, e tudo que quero fazer é parar, mas meus pés não parecem obedecer ao meu comando. Não sabia como havia parado ali, não sabia como tinha conseguido sair do orfanato.
Mas eu não queria estar ali. Sentia alertas soarem em minha cabeça e barulhos de corvos soando ao redor.
Meu coração começa a se acelerar quando me dou conta de onde estou. Tento desesperadamente fazer meus pés pararem, e quando vejo o lago a pouca distância começo a chorar.
Não, não, não!
Minhas lágrimas misteriosamente se secam, e meu corpo caminha em direção ao corpo pálido e imóvel perto da água. Um forte odor invade meu nariz e a ânsia sobe pela minha garganta.
O corpo da minha mãe está caído no chão, seus cabelos negros pregados no rosto e corvos ao redor.
— Celine!
Grito e abro os olhos, afastando os lençóis desesperadamente de mim e caio no chão chorando.
— Minha nossa! — Charlie me abraça. — O que foi que aconteceu?
— Um pesadelo. — Seco meus olhos e sinto minhas mãos tremerem. — A minha mãe.
Charlie me lança um olhar triste e me abraça de novo.
— Eu sinto muito.
— Eu vi seu corpo caído perto da água. Ela estava morta. Eu não sabia...
— Está tudo bem, Cel. Foi só um pesadelo. Vai ficar tudo bem.
Respiro fundo, olhando para a janela e notando que já era noite. Me levanto e pego meu cobertor.
— Vou lá fora.
— O quê? — Charlie se levanta. — Pode ser perigoso. Se alguém te ver, Celine...
— Eu vou tomar cuidado. Não posso ficar aqui agora.
— Tudo bem. Tome cuidado.
Abro a porta devagar e olho para o cobertor. Entro no quarto de novo e deixo ele em cima da cama.
Ando pelo corredor devagar, sempre olhando para trás pra ver se ninguém estava vendo. As portas estariam trancadas, e o único lugar que estaria aberto era a janela do segundo andar, que levava para o jardim.
Onde era o quarto da Senhora Baudelaire e dos outros professores.
Subi as escadas, e me assustei quando bati o quadril em um jarro e ele fez um pequeno barulho. Prendi a respiração, sentindo meu coração acelerar.
Olhei para as portas dos quartos, esperando que algumas dela se abrissem. Como isso não aconteceu, respirei aliviada e fui até a janela.
Ela estava aberta e eu apenas puxei o vidro para cima e coloquei minha perna para fora. Havia uma escada ali, mas ainda assim a altura era assustadora. Quando coloquei meu pé no primeiro degrau, puxei minha outra perna para fora.
Sem querer deixar pistas, puxei de volta o vidro para baixo, mas ele acabou escorregando e se fechando, fazendo um barulho bem alto.
Minha boca se abriu em choque e eu desci as escadas rapidamente. Quando cheguei no chão, me virei para correr, mas alguém puxou meu braço e me empurrou até que estivesse encostada na parede. Ele tapou minha boca e pediu silêncio.
Arfei quando percebi quem era.
— O que você está fazendo?
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Entre a Escuridão e a Luz [PAUSA]
RomanceCeline viveu vendo desastres acontecendo um após o outro ao redor de sua família. A garota perdeu os avós, tios e consequentemente, os pais. Sem ter ninguém para que possa ficar com a garota, ela vai para um orfanato onde não há nada e ninguém por p...