Capítulo Dois: Senhor Arrogante

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As aulas tinham sido suspensas apenas para receber a nobre visita de um dos Baudelaire. Mais precisamente, do filho da senhora Baudelaire.

Eu observava do alto das escadas a movimentação que as meninas faziam ao redor do carro.

- Elas são tão óbvias. - Charlie disse aparecendo ao meu lado.

- Estou imaginando o que vai ser daqui pra frente. - Disse. - Quanto tempo ele vai ficar aqui?

- Três semanas. - Ela se estica na ponta dos pés e sorri. - Hum...agora entendo toda a movimentação. Ele é um gatinho.

Olho para Charlie como se não acreditasse no que ela tinha dito. Depois comecei a rir.

- Charlie! - Ela deu um sorrisinho inocente. - Você tem oito anos!

- E daí? Isso não quer dizer que eu não possa olhar as maravilhas da vida.

Balancei a cabeça e desci os degraus.

- Bem, eu vou no jardim. Quando essa bagunça terminar me chame, sim?

- Espera, Cel! Cuidado olha o...

Quando me virei para frente, bati meu nariz num peito musculoso e firme, cambaleando para trás.

- Aí! - Apertei meu nariz e olhei para cima.

- Porque não está no meio daquela multidão? Você devia estar me dando boas vindas. - Ele diz.

- Perdão? - Quase rio. - Eu não sou obrigada, Senhor Baudelaire. Não é todo mundo que está feliz com a sua chegada.

Ele ergue as sobrancelhas e cruza os braços.

- Como é seu nome?

- Celine. - Me seguro para não cruzar os braços e empinar o nariz.

- Pois bem, Celine. Ordeno que me trate com mais respeito.

- Ordena? - Ergo uma sobrancelha e dou um sorrisinho de lado. Ele parece desconcertado por um momento.

- É...você pensou em alguma outra palavra melhor?

Reviro os olhos e dou-lhe as costas. Não vou deixar que esse Senhor Arrogante me mande o que fazer.

Sento em um dos bancos do jardim e respiro profundamente o cheiro de flores

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Sento em um dos bancos do jardim e respiro profundamente o cheiro de flores. O jardim é quase uma propriedade minha.

Quando cheguei no orfanato, o jardim estava morto e sem vida. Então passei a vir aqui no final das aulas para cuidar das flores, agora elas estão bem cuidadas e coloridas.

Minhas preferidas são as rosas. Suas raízes com espinhos se juntam umas às outras se assemelhando a arame farpado. Eu quase não consigo tirar rosas quando quero.

Depois da torre do sino, aqui é meu lugar favorito, pois é mais afastado e quase ninguém vem aqui.

— Celine!

Saio dos meus pensamentos e me levanto, vendo Charlie correndo em minha direção.

— O que foi?

— A senhora Baudelaire vai começar um discurso em menos de cinco minutos. Você precisa ir logo ou pode receber um castigo.

Estremeço só de pensar em ter que ir para o quarto da dor. Minhas lembranças daquele lugar fazem as cicatrizes em minhas costas doerem.

— Vamos.

...

— Como vocês podem ter descoberto, esse é meu filho mais velho, Dominic. — A senhora Baudelaire diz, erguendo a mão na direção do filho. Ele fez apenas um aceno de cabeça, sem expressar nada em seu rosto.

Lá do fundo, observo seu rosto com atenção. Senhor Arrogante... é lindo.

— Ele ficará conosco durante três semanas, antes de voltar para a Alemanha e terminar suas provas da faculdade.

Viro meu rosto rapidamente para a Senhora Baudelaire. Alemanha? Ele saiu do outro lado do oceano para vir até Toronto?

— E uma outra notícia. — A senhora Baudelaire tenta dar um sorriso, mas tudo o que ele consegue é fazer algo com a boca que faria qualquer criança sair correndo gritando de medo. — A Senhorita Cristine, professora de Alemão está se aposentando e não poderá dar aulas aqui.

Franzi as sobrancelhas, suspeitando onde ela queria chegar. Não precisei chegar tão longe. Juntei dois mais dois e entendi tudo.

— Então meu querido filho irá substituí-la durante essas três semanas. Sejam bons e tratem-o bem. As aulas começam amanhã de manhã.



















Entre a Escuridão e a Luz [PAUSA]Onde histórias criam vida. Descubra agora