Samantha Marie Sammers Campbelli

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   Suspirando me aproximo mais da janela, vendo o vidro ficar embaçado pela minha respiração e vapor do café, em minhas mãos.

  _ Same, desde que te peguei no trabalho está absorta em pensamentos. _ Meu irmão aperta, meu ombro, me fazendo virar a cabeça. _ Me diga o que está acontecendo.

  Observo o rosto de Cole, e mal contenho um sorriso, zombeteiro. Ele está pior que eu.

  Seus olhos azuis, estão sombreados por um marrom escuro, mostrando muito tempo de noites mal dormidas. A boca com alguns lugares, machucados de forma idêntica a minha, mostrando a frequência em que castiga os lábios com os dentes. Está mais magro do que a dois meses atrás, quando nos encontramos em Espírito Santo. Ainda me parece lindo.

   Com seus cabelos ruivos meio rebeldes, que caem sobre a sobrancelha esquerda de forma charmosa. A boca rosada com o lábio inferior levemente sobressalente, de uma maneira bonitinha e atraente. O corpo magro com ombros largos e braços definidos. Lindo.

   Aperto seu joelho, colocando meu copo de papelão no suporte.

  _ Estava pensando em como a mãe irá reagir, quando contar da minha intensão de me mudar. _ Solto um longo, suspiro. _ Você deve ter percebido, como nossa mãe é uma expert, em nos transformar em adolescentes loucos por aprovação.

   Ele sorri, sem desviar a atenção da estrada.

  _ Você está sendo bondosa. _ Sua mão aperta o volante. _ Na verdade ela nos coloca, em uma posição imaginária e não descansa enquanto não a alcançamos. Nunca é o suficiente.

   Seu sorriso desaparece, ficando em seu lugar uma linha apertada. Agora é minha vez de apertar seu ombro, em uma tentativa de chamar atenção.

   _ Ela não faz por mal.

   Sorrio me escorando em seu, ombro sentindo o cheiro cítrico que tanto sinto falta. Ele beija meu cabelo, antes que eu me afaste voltando ao meu café.

   Me viro observando a paisagem. A velocidade das árvores me dá, certo conforto e distração.

   Com vinte e quatro anos, estou em um emprego dos sonhos, em uma empresa de advocacia maravilhosa. Meu chefe, ama meu trabalho e eu estou completamente apaixonada pela área. Posso ser considerada, uma garota de sorte por estar em um cargo fixo em uma empresa tão conhecida e renomada. Mas ainda não parece ser o bastante. Nada é.

   Faz muito tempo, que deixei de lutar para suprir expectativas, da minha mãe. Mas não posso evitar me sentir, um pouco menos competente a cada vez, que ela me pergunta algo como: “Não entendo, porque trabalhar para alguém, quando a empresa do seu pai precisa tanto de você?”. Ou: “Porque deixar de lado, a família e seus verdadeiros sonhos, para se tornar independente?”.

    O sonho da minha mãe, era uma filha e filho que fizessem, crescer e se multiplicar suas ações na empresa da família. Que continuassem o legado.

   Quando meu irmão mais velho, se formou em computação e logo depois, engenharia. O colapso nervoso da minha mãe, quase dividiu a família ao meio. Quando ele montou a próprio negócio, em redes e montagens, achei que fosse ser renegado.

   As coisas sempre foram assim, os sonhos da minha mãe deveriam vir antes dos nossos. Acho que isso foi, o que nos tornou mais unidos. Ele me ajudava a escapar de castigos, me protegia das broncas e até assumia a culpa por coisas que eu fazia, sozinha ou na companhia de Kaio.

_ Não seja boba, apenas venha. _ Olho a mão morena que Kaio, estende sorridente para mim. _ Você disse, que não tinha medo de nada, Sam.

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