Precisamos falar sobre os nossos sentimentos porque lidamos com eles o tempo inteiro. E nada melhor do que analisá-los e entendê-los pra que deixem de ser fardos. Escondê-los não nos leva a nada, já que continuaremos sentindo tudo, inclusive aquilo que a sociedade entende como ruim: inveja, ansiedade, medo, insegurança.
Depois de assistir um vídeo sobre esses temas, eu me lembrei de todos os momentos em que me senti triste e evitei chorar em público. Ocultei muitas emoções até de mim mesma. Eu não gostava de chorar nem quando estava sozinha, em casa, por mais que sentisse vontade: via a tristeza como uma fraqueza.
Ainda assim, houve momentos em que eu explodi.
Quando sentei no banco mais afastado que encontrei na escola e por acaso meus amigos me encontraram chorando e vieram conversar.
Quando tive uma crise de ansiedade no meio da rua e corri pra casa de outros amigos, que moravam perto, chorando no sofá até que a crise passasse.
Quando sai da sala no meio de uma aula, chorando porque eu não estava me sentindo bem com o que alguns colegas tinham me dito mais cedo.
Chorei várias e várias vezes na frente de pessoas queridas e até de pessoas desconhecidas, mas me senti mal por isso todas as vezes.
Porque eu achava que precisava manter a tristeza dentro de mim, escondida de todos que estavam ao meu redor – como se fosse errado sentir.
Houve até vezes que eu senti inveja e quis fingir que não sentia nada. Mas o vídeo me fez refletir também sobre isso: eu simplesmente deveria ter me permitido sentir e ao invés de condenar a inveja como errada antes mesmo de pensar a respeito. Deveria ter tentado entendê-la – e entender o que a gerava.
Também já fingi que tudo que eu sentia era coragem quando o medo me sufocava. E agir como se nada de ruim existisse em mim só me fez mal. Mais uma vez, eu deveria ter pensado sobre o que me incomodava. E ter enfrentado o que eu precisava enfrentar, apesar do medo. Mas sem sufocar o sentimento. Ignorá-lo, afinal, não fez com que ele deixasse de existir.
Definimos que existem sentimentos bons e ruins porque temos essa necessidade de nomear e classificar tudo que existe ao nosso redor e também dentro de nós.
Mas, ao invés de ignorar aqueles que escolhemos como ruins, poderíamos tirar deles o melhor que têm a oferecer: aprendizado e autoconhecimento. Porque todos os sentimentos que nos habitam dizem muito sobre nós mesmos e também sobre as pessoas com quem convivemos.
Espero, então, que a gente deixe de lado a busca por uma personalidade perfeita e se aceite, com tudo que somos e sentimos incluído no pacote.
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Longas Cartas Para Ninguém
RandomEsse é um livro onde contém textos de diversos temas onde de certa forma se encaixa perfeitamente com algo em sua vida, são textos inspirados em história reais, 90% é de minha autoria e os que não são vão tá falando quem é o escritor. Serão textos...