— Você estava dormindo! – percebi quando abriu a porta com cara de sono – Desculpa...
— Você está bem? — questionou depois de um bocejo.
— Estou. Desculpe, pensei que você estivesse acordado...
— Entre.
— Eu volto depois.
— Você me acordou, agora vai dizer o que quer! – avisou sorrindo.
— Sabe aquela festa que vai ter no Parcão hoje?
— Não.
— Todo ano tem uma festa no Parcão para comemorar o aniversário da cidade...
— Sei... – concordou enquanto bocejava de novo.
— Igor e eu sempre vamos...
— Só os dois? – interrompeu.
— Não. Claro que não. Lua também vai...
— E o seu ex? – interrompeu novamente.
— Não sei dele. O que quero dizer é que eu gostaria muito que você fosse com a gente.
— Me acordou pra isso? – questionou virando as costas – Entre Elena. Tranque a porta.
Entrei, tranquei a porta e o segui até o quarto onde ele puxou o edredom até metade da cama e pediu que eu me deitasse.
— Como é?
— Provavelmente eu não me lembrarei de nada que você disse, então, preciso ter uma prova de que nossa conversa não foi um sonho!
— E pra isso você...
— Quero acordar e te ver ao meu lado na cama! Vai Elena, deita de uma vez!
— Eduardo, eu... não posso dormir de calça jeans, e...
— Então tira.
Não pensei duas vezes e logo arranquei meus tênis, minha calça e deitei ao lado dele. Eu parecia um "dois de paus" na beirada da cama, morrendo de medo de encostar nele!
Apesar da cortina estar fechada, a luz que entrava pela janela da sala iluminava um pouco o quarto e quando senti o movimento de Eduardo se virando para mim, fechei rapidamente os olhos e fingi não estar morrendo de vontade de agarrá-lo!
— Perdi o sono. – sussurrou me olhando.
— Desculpa. – pedi abrindo os olhos e olhando para o teto.
— Você está longe, chegue mais perto!
Me aproximei um pouco e ele pediu para eu me aproximar mais e virar de frente para ele. Aquilo era estranho! Estar deitada na mesma cama que Eduardo, um de frente para o outro, os dois com a mesma intenção e os dois com o mesmo medo... Ele me olhando sem parar e eu tentando não cruzar meu olhar com o dele, estava envergonhada demais para isso, ou para qualquer coisa.
— Desculpa, não quis te acordar...
— Não me importo de ser acordado por você, Elena!
— Você também perdeu o sono...
— Aham. E daí?
— Tem alguma coisa que eu possa fazer para você recuperar o sono?
Ele riu. Eu daria qualquer coisa para saber o que passou na mente dele nesse momento!
— Como foi o trabalho?
— Tranquilo. Invadimos a casa do suspeito, ele ainda dormia e foi fácil! Prendemos ele, revistamos a residência, depois voltamos para a delegacia e a partir daí foi só a parte burocrática: relatórios, pedido de encaminhamento das provas para perícia... essas coisas... E você? Por que ainda estava dormindo ao meio-dia?
— Eu fico preocupado quando você vai fazer essas coisas...
— Fazer o quê? Busca?
— É. E aí, hoje eu não consegui dormir... Trabalhei até você sair de casa, depois, nem isso consegui mais fazer...
— Eduardo...
— Eu sempre fico preocupado, mas hoje... sei lá, fiquei angustiado, agoniado...
Passei a mão no rosto dele e sorri agradecida com a preocupação antes de ele colocar sua mão sobre a minha e a acariciar levemente. Continuamos nos olhando quando me apoiei no cotovelo direito para me aproximar mais, foi quando senti a respiração de Eduardo tão rápida quanto a minha e seu coração tão acelerado quanto o meu. Ele me queria, eu o queria.
— Eu não deveria ter feito isso... – eu disse quando ouvi o despertador dele tocar – desculpa, Eduardo, eu vou embora...
Meio atrapalhada e desesperada catei minha calça e tênis do chão e corri para meu apartamento. Nem me preocupei se tinha alguém passando no corredor e me visse atravessando-o usando apenas uma camiseta, calcinha e meias.
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Algum Dia
RandomEu sei que não deveria ter confiado tanto nele, mas... Eu o amava e depois do meu acidente ele cuidou tão bem de mim... Só não imaginava que toda aquela dedicação teria um preço. Peeciso fugir, preciso salvar minha vida. Espero que algum dia eu tenh...