25 Pt.01

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— Você estava dormindo! – percebi quando abriu a porta com cara de sono – Desculpa...

— Você está bem? — questionou depois de um bocejo.

— Estou. Desculpe, pensei que você estivesse acordado...

— Entre.

— Eu volto depois.

— Você me acordou, agora vai dizer o que quer! – avisou sorrindo.

— Sabe aquela festa que vai ter no Parcão hoje?

— Não.

— Todo ano tem uma festa no Parcão para comemorar o aniversário da cidade...

— Sei... – concordou enquanto bocejava de novo.

— Igor e eu sempre vamos...

— Só os dois? – interrompeu.

— Não. Claro que não. Lua também vai...

— E o seu ex? – interrompeu novamente.

— Não sei dele. O que quero dizer é que eu gostaria muito que você fosse com a gente.

— Me acordou pra isso? – questionou virando as costas – Entre Elena. Tranque a porta.

Entrei, tranquei a porta e o segui até o quarto onde ele puxou o edredom até metade da cama e pediu que eu me deitasse.

— Como é?

— Provavelmente eu não me lembrarei de nada que você disse, então, preciso ter uma prova de que nossa conversa não foi um sonho!

— E pra isso você...

— Quero acordar e te ver ao meu lado na cama! Vai Elena, deita de uma vez!

— Eduardo, eu... não posso dormir de calça jeans, e...

— Então tira.

Não pensei duas vezes e logo arranquei meus tênis, minha calça e deitei ao lado dele. Eu parecia um "dois de paus" na beirada da cama, morrendo de medo de encostar nele!

Apesar da cortina estar fechada, a luz que entrava pela janela da sala iluminava um pouco o quarto e quando senti o movimento de Eduardo se virando para mim, fechei rapidamente os olhos e fingi não estar morrendo de vontade de agarrá-lo!

— Perdi o sono. – sussurrou me olhando.

— Desculpa. – pedi abrindo os olhos e olhando para o teto.

— Você está longe, chegue mais perto!

Me aproximei um pouco e ele pediu para eu me aproximar mais e virar de frente para ele. Aquilo era estranho! Estar deitada na mesma cama que Eduardo, um de frente para o outro, os dois com a mesma intenção e os dois com o mesmo medo... Ele me olhando sem parar e eu tentando não cruzar meu olhar com o dele, estava envergonhada demais para isso, ou para qualquer coisa.

— Desculpa, não quis te acordar...

— Não me importo de ser acordado por você, Elena!

— Você também perdeu o sono...

— Aham. E daí?

— Tem alguma coisa que eu possa fazer para você recuperar o sono?

Ele riu. Eu daria qualquer coisa para saber o que passou na mente dele nesse momento!

— Como foi o trabalho?

— Tranquilo. Invadimos a casa do suspeito, ele ainda dormia e foi fácil! Prendemos ele, revistamos a residência, depois voltamos para a delegacia e a partir daí foi só a parte burocrática: relatórios, pedido de encaminhamento das provas para perícia... essas coisas... E você? Por que ainda estava dormindo ao meio-dia?

— Eu fico preocupado quando você vai fazer essas coisas...

— Fazer o quê? Busca?

— É. E aí, hoje eu não consegui dormir... Trabalhei até você sair de casa, depois, nem isso consegui mais fazer...

— Eduardo...

— Eu sempre fico preocupado, mas hoje... sei lá, fiquei angustiado, agoniado...

Passei a mão no rosto dele e sorri agradecida com a preocupação antes de ele colocar sua mão sobre a minha e a acariciar levemente. Continuamos nos olhando quando me apoiei no cotovelo direito para me aproximar mais, foi quando senti a respiração de Eduardo tão rápida quanto a minha e seu coração tão acelerado quanto o meu. Ele me queria, eu o queria.

— Eu não deveria ter feito isso... – eu disse quando ouvi o despertador dele tocar – desculpa, Eduardo, eu vou embora...

Meio atrapalhada e desesperada catei minha calça e tênis do chão e corri para meu apartamento. Nem me preocupei se tinha alguém passando no corredor e me visse atravessando-o usando apenas uma camiseta, calcinha e meias.

Algum DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora