Capítulo 4: Simplesmente Amigas

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Cheryl p.o.v.

  Mesmo depois do nosso quase beijo no drive in meu relacionamento com Veronica Lodge não melhorou muito. Ok, eu estava chateada porque a minha mãe me proibiu de me despedir do Jason e acabei descontando na Veronica. De novo.
  De qualquer forma, ela foi incluída na lista de convidados do memorial. Como meus pais puderam deixar que a filha de um homem que eles odeiam, que sequer conheceu meu irmão, pudesse se despedir dele e eu não?!
  Marchei para longe do Clube dos Cinco quando a Mortiça Addams resolveu vir atrás de mim.
  - Cheryl, espera. Você está sofrendo. É uma semana difícil para você, por isso está sendo desagradável...
  - Talvez. Onde quer chegar?
  - Que não deveríamos ter um momento no drive in para voltamos a estaca zero? - ela questionou como se fosse algo óbvio - Olha, eu não quero ficar presa numa eterna briga de gato com você. Isso só termina de um jeito: aniquilação mútua.
  Eu rolei os olhos para manter a pose, mas no fundo eu sabia que aquela era a melhor oportunidade de me aproximar dela.
  - Concordo.
  - Então não podemos simplesmente ser amigas? Ou pelo menos "frenemies".
  Eu dei as costas e continuei andando, mas parei na escada.
  - Se quer realmente uma conciliação, venha à minha festa do pijama.
  - Legal! Claro. Quando?
  - Na véspera do memorial. Eu não quero passar a noite antes do enterro do meu irmão sozinha.

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  Wow, Veronica realmente sobreviveu àquele jantar do inferno.
Minha mãe fez questão de demonstrar que sua presença era tão indesejada quanto a minha existência enquanto meu pai alfinetou uma ferida aberta.
- ... eu nem tive a chance de me despedir. - ela disse se referindo à prisão de seu pai.
  Eu nunca havia parado para pensar nos sentimentos dela, assim como eu ela teve alguém que amava tirado de sua vida, mas ao invés de deixar a amargura lhe tornar uma pessoa pior a dor apenas a ensinou a ser alguém melhor. Por um segundo desejei ser como Veronica Lodge, que mesmo depois de tudo estava sentado comigo na cama vendo fotos.
  Ela tinha um sorriso tão lindo que me senti mais leve, em poucos minutos ela havia feito eu me esquecer daquele jantar desastroso.
  - Não quero parecer esquisita, mas o Jason era lindo de morrer.
  - O mais bonito de todos. Algo me diz que ele iria gostar de você.
  Nossos olhares se encontraram, ela parecia insegura sobre o que dizer em seguida. Ou como dizer.
  - Por que me convidou hoje a noite? Ela me questionou - Por que não Tia ou Ginger? Não são suas melhores amigas?
  - No entanto, na noite da gincana quando tive um ataque de pânico foi você que me ajudou. Não elas.
  Nossos olhares se encontraram, minha vontade era se me inclinar para frente e colar nossos lábios, mas não o fim uma vez que, se Veronica havia percebido pela minha postura o quão a fim dela eu estava naquele momento, ela não fez nada.
- Cheryl, você pode dizer adeus ao seu irmão. Mas por que tem que ser...
  - Na frente das pessoas?
  - É.
  Aquela era uma pergunta esperada, parecia algo bobo, mas Veronica pareceu me entender assim que expliquei minhas razões.
  - ... Quero que todos saibam que eu sinto muito. E que Jason merecia uma familia melhor do que tinha.
  - Vá em frente. - ela me encorajou - Eu ajudarei. E deixe que Penelope e Clifford Blossom contra-ataquem.
  - Sim, eles irão. Eles irão me matar.
  Vi a dúvida passar pelo rosto de Veronica e eu sorri com ironia da minha própria desgraça.

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No dia seguinte eu estava em frente ao espelho, dando os últimos retoques, quando ela chegou por trás e mexeu gentilmente no meu cabelo.
  - Você está pronta?
  - Quase. - eu respondi - Vá em frente. Eu já vou.
  - Certo.
  Eu fiquei me encarando no espelho por alguns segundos, aquilo simplesmente não parecia certo. Resolvi vestir a roupa que estava usando quando vi o JJ pela última vez: um vestido vintage branco elegante com um casaquinho de mangas 3/4 da mesma cor. Parece loucura, mas quando o vesti senti Jason ao meu lado.
  Então desci em direção a cerimônia e fiz A entrada. Todos os olhares estavam voltados para mim, inclusive o de Veronica. Ergui mais a cabeça quando passei pelos meus pais e me posicionei em frente ao público, respirando firme antes de iniciar.
  - Bem-vindos a Thornhill. - eu estava nervosa, mas a minha voz saiu calma - Agradeço a todos por sua presença. Tomem seus lugares por favor.
  Até meus pais se sentaram, mesmo de longe pude fazer leitura labial do que Veronica falou: "só vai piorar as coisas".
  Eu não levei um discurso pronto como planejei por dias, aquilo era inútil e jamais poderia transmitir toda a sinceridade do que eu estava sentido. Na hora eu abri meu coração e disse o quanto Jason me protegeu e o quanto eu queria poder ter feito o mesmo.
  - ... eu sinto muito, Jay-Jay. - disse com a mão sobre o seu caixão. - Nós falhamos com você. Todos nós. 
  Me inclinei sobre ele e deixei as lágrimas caírem livremente, foi a segunda vez que eu chorei em publico. Então senti um toque as minhas costas e me virei já abraçando a Veronica, que deve ter se levantado assim que comecei a chorar. Deitei minha cabeça em seu ombro e ficamos assim por um tempo, ela não precisou dizer uma palavra para fazer em me sentir melhor, pois aquele abraço fez eu me sentir segura novamente, como naquele dia no vestiário.

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  Isso durou até a minha megera de mãe me arrastar pelo braço até o meu quarto, me jogando com força na cama.
  - Espero que tenha se divertido. Depois dessa noite as vixens não existirão mais. Se não fosse o fato de ninguém querer saber de você - ela agarrou meu queixo - eu a mandaria para um internato na Europa hoje à noite.
  Ela deixou o quarto e eu me derramei em lágrimas, afinal era verdade, apenas três pessoas se importavam comigo: Jason, que estava morto; Nana rose, que era tão refém daquela família quanto eu; e Heather, que minha mãe fez questão de afasta-la para sempre...
  Então senti a cama afundar e alguém passou novamente aquela mão em minha costas, me virei para ver Veronica com o olhar gentil.
  - Hey, não fica assim, ninguém pode te afasstar da vixens contra a sua vontade e você precisa saber que a sua mãe está errada. - Veronica pôs a mão em meu rosto, direcionando o meu olhar para que encontrasse profundamente o seu. - Você não está sozinha, há pessoas que se importam contigo: as vixens, sua avó, Archie, Kevin, Betty e eu. Eu me importo contigo, Cheryl.
  Havia algo na voz de Veronica que me fez perder o controle e eu a beijei. Ela não respondeu, ficou imóvel de surpresa, seus lábios mal se mexeram contra e ela se afastou antes que eu pudesse aprofundar o beijo.
  - Não, Cheryl...
  - Claro, eu interpretei os sinais errados, - ri de escárnio - você estava apenas sendo legal comigo como forma de redenção ou algo assim.
  - Não é isso. - ela disse calmamente. - Você passou por muita coisa e eu sei que  você não é essa bruxa sem coração que as pessoas pensam, você provou isso para todos hoje. - ela pôs a mão no meu ombro. - Eu gosto de você como amiga, Cheryl. Quero dizer, você é linda e é o tipo de garota que eu pegaria? Com certeza, eu teria feito isso se o Kevin não tivesse aparecido no drive in. - ela me deu um sorriso - Mas você está emocionalmente abalada, do que você precisa agora é de uma amiga e eu estou aqui para isso. O que me diz, amigas?
  - Amigas. - eu concordei timidamente com um sorriso.
  Veronica e eu continuamos amigas, ou pelo menos "frenemies" nos dias que se seguiram, quero dizer, na maioria dos dias mantínhamos conversas civilizadas, mas tinhamos os nossos desentendimentos como nosso duelo pela liderança das Vixens e a surpresa na festa surpresa do Jughead.
  Mas no fim, éramos simplesmente amigas.

Do You Feel The Same Way? - ChoniOnde histórias criam vida. Descubra agora