Capítulo 2

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Felizmente, a risadinha para, mas ainda posso sentir seu olhar perfurando minha pele.
Eu o ignoro e arrumo a bolsa. Meu celular foi parar dentro da bolsa novamente. Preciso seriamente esquecer esse otário. Jesus, existe alguma coisa que eu não tenha aqui? Chicletes, lencinhos, maquiagem, analgésicos, ingressos antigos, amostras grátis de perfume, absorvente íntimo, chaves, um bonequinho que ganhei de um fã.. Que merda?

- Com licença, srta. Clarisse?

Eu levanto para ver um garoto bonitinho estendendo o que se parece demais com meu café favorito.

- Uau, você parece estressada - ele comenta com a quantidade certa de preocupação para evitar que eu arranque suas orelhas com meus dentes. - Sou Cody. Estagiário, café?
- Oi - olho o copo de papelão - O que tem aí?

- Um cappuccino com creme extra.

Balanço a cabeça em sinal positivo, impressionada.

- Foi o que eu imaginei. Meu favorito.
- Eu sei. Procuro saber do que você e o Sr. VillaNueva gostam e não gostam, apar poder antecipar suas necessidades e proporcionar um ambiente agradável de trabalho.
Agradável? Eu e Alexandre? Ah, pobre criança. Pego o café dele e sinto o aroma enquanto contínuo em busca do meu celular fugitivo.
- Isso é sério?
Que merda aconteceu com meu celular?

- Sim - Ele apontou para meu celular em cima da mesa.
Jogo a cabeça para trás com um suspiro.
Jesus, o garoto foi enviado pelo próprio Deus.

Eu pego o celular e me esforço para não abraçá-lo. Meu adorável colega de apartamento diz que sou um pouco grudenta demais. Na verdade, o termo é pegajosa, mas prefiro grudenta, me sinto melhor.
Em vez de abraçar, apenas sorrio para ele.
- Se quiser respirar um ar, te chamo quando eles estiverem prontos para iniciar.
ESTOU APAIXONADA!
- Você é demais!
Vejo uma sombra, esparramando-se em uma cadeira do lado oposto da sala, então ajeito os ombros e me empino como se não desse a mínima.

O calor do seu olhar me segue até eu chegar à escadaria, aí esmoreço.
Digo a mim mesma que não sinto falta desse calor.
A escadaria é mal iluminada, e leva a uma sacadinha atrás da sala de reuniões. Antes mesmo da porta se fechar atrás de mim, encosto a testa na parede gelada. Viro e me recosto nos tijolos frios, inspiro e levanto o olhar para acalmar meus nervos. Tenho certeza de que nada menos do que sedativos cirúrgicos vai me ajudar hoje.
Respiro mais uma vez e tomo coragem para voltar, mas, antes de poder segurar a maçaneta, a porta se abre, e o gatilho de todas as minhas raivas é apertado. O jeans modela seu corpo de uma forma que eu não devia sequer notar.
Os olhos são como os que eu lembrava. Hipnotizantes. Cílios escuros e enormes. Ardentemente intensos.
Mas o resto..

Esqueci, Deus.. esqueci de verdade.

Me forcei a esquecer.
Até hoje ele é o cara mais bonito que já vi. Não, bonito não é a palavra.. Atores de novelas são bonitos, mas de uma forma completamente previsível, sem graça. Alexandre é, intenso, cativante. Como uma rara pantera exótica. Beleza e poder. Maravilhoso, sem nem mesmo tentar.

Odeio ele.

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