oh, decisions

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6.

Com a confirmação de Liam, o meu corpo desabou um pouco no banco. Eu adorava a Danielle, desde sempre. Até porque ela costumava viver comigo em Houston, no Texas, enquanto éramos crianças e fomos as duas para New York juntas.

Engoli em seco. A montanha russa que sempre havia representado o namoro do Liam com a Dani era, agora, mais como um precipício de discussões e passos em falso. Cada vez pior. Não sabia muito bem o que se passaria a seguir, apesar do Liam ser um rapaz fantástico e a Dani uma rapariga querida, algo parecia não resultar entre eles, e isso entristecia-me, porque eles mereciam ser felizes.

O Liam suspirou com força, deixando a sua cabeça cair sobre o volante, mas levantou-a um segundo depois olhando para o lado de fora do carro. - Eu não sei o que fazer, Bah. Eu não sei, mesmo. - E com isto, ele fez marcha atrás, seguindo o caminho normal para me deixar no meu apartamento confortável.

Eu não soube o que dizer, nem durante a meia hora de trânsito em que o automóvel lentamente andou. Conselhos nunca foram o meu ponto forte, mas neste caso eles simplesmente eram inexistentes.

A minha mente e pensamentos barulhentos estiveram embrulhados em torno de muita coisa, toda a semana. Não posso mentir, o post-it era uma dessas coisas. Era óbvio que o Harry o tinha escrito, mas nem era esse o problema. O problema era que era o Harry.

Tudo sobre ele, para mim, era complicado e exasperante. Desde a maneira como ele andava descontraidamente, ainda que segurasse nas suas costas o peso de tanta coisa, à forma como me mostrava as minhas fraquezas e retirava todas as peças de defesa que alguma vez me ajudaram.

Eu sabia que, no fim, era eu, só eu, quem ficaria a navegar no vazio e sairia perdedora.

Mas lá está... No fim do quê? Essa era a questão.

Ele era sedutor, demasiado sedutor. Todos os seus lentos movimentos pareciam provocar em mim uma certa empolgação e os seus toques eram magia, incitando um sentimento de formigueiro por todo o meu corpo. Era quase impossível, eu, a rapariga mais desacreditada em relações ou, mais verdadeiramente, em rapazes, estar a ser totalmente manipulada por um.

Quando a sexta-feira chegou, pela primeira vez em algum tempo, eu cheguei atrasada à empresa.

"Trânsito." desculpei-me, encolhendo os meus ombros magros à Lace, que me olhava com uma expressão de total irritação.

Ignorei, como é óbvio. Eu nem deveria sequer dar-lhe satisfações, por isso ela não tinha de reclamar.

Recusei também qualquer pedido seu de a ajudar nalguma tarefa, com a justificação de ter de escrever algo.

Estava sem qualquer paciência para isso. Nunca me tinha candidatado para ser assistente de ninguém, não era minha obrigação, então fiquei recostada na minha cadeira toda a manhã, a pesquisar.

Contudo, mal consegui trabalhar. Remexi nas minhas pastas, fotos, procurei verdadeiramente algum tema na minha cabeça, porém acabei a manhã sem fazer nada ao certo.

Finalmente veio a pausa para o almoço e eu agradeci aos céus. Levantei-me rapidamente da cadeira, procurando pela Ashley, nos corredores enquanto estes gradualmente se enchiam de pessoas. Encontrei-a ainda sentada na sua secretária em chamada com alguém e mal o seu olhar me encontrou, encostada na moldura da porta, ela despediu-se de forma demorada, com um sorriso tão doce como mel. Não precisava de queimar os neurónios para perceber que era o Niall e não pude deixar de me sentir um pouco aborrecida comigo mesma por acabar com os poucos momentos que eles tinham para falar durante o dia, pela minha aversão egoísta a comer sozinha.

troublemaker // h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora