4- capitulo

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Ella

-quantas vezes eu tenho que dizer que estou bem? Nunca mais tive minhas crises, não sinto dor. Eu estou bem. Não vou morrer. - falei olhando no fundo dos olhos do meu irmão.

-mesmo assim Ella! Eu não posso arriscar te perder. Você sabe o que acontecer ano passado-desviei meu olhar do dele e me levantei para olhar a vista da enorme janela de meu quarto .

Ano passado, estava tarde e eu queria dar uma espairecida. Sai de casa sem contar a mamãe e a Josh. Fui até um restaurante simples, liguei meu computador e escrevi o que tinha que escrever. No mesmo instante que terminei, meus olhos começaram a ficar mais pesados. Minha respiração estava irregular. Em desespero, peguei minha bombinha puxei todo ar que pude antes que eu caísse. Me levante rápido e comecei a discar o número de algum táxi. Eu sabia que a bombinha só me daria alguns minutos até a falta de ar voltar. Eu obviamente precisava ir pra casa.

Foi tarde. Parada esperando o táxi ainda com o telefone em meu ouvido, minha visão se tornou um completo vulto. Minha respiração se perdeu por completo e tive que me segurar em uma grade atrás de mim para não cair. Uma dor insuportável apareceu em meus pulmões e senti meu corpo desfalecendo graças a falta de ar. Cai no chão gélido daquela rua. Meu primeiro pensamento era que eu iria morrer. Nada mais me passava pela cabeça se não isso.

As pessoas ao meu redor gritavam em desespero, a procura de um medico, enquanto eu consegui dar dois apertos seguidos no botão de desligar do iPhone. Eu sabia que ligaria pra central da polícia, mas era tudo ou nada.

-atendimento da delegacia da Carolina do sul, em que posso ajudar?-eu não conseguia falar. Eu estava guardando meus últimos suspiros, meus últimos segundos de respiração para isso. Pedir ajuda

-rua... Calistencia- foi tudo o que consegui falar antes de desmaiar.

-já faz 1 ano. Digo que estou bem.-Vejo Josh concordar pelo canto do olho e o mesmo se levantar, e se retirar do meu quarto. Não digo nada apenas me sento na bancada próxima a vista. Eu precisava de momentos assim. Eu precisava que as pessoas me tratassem como uma adulta de 22 anos normal.

Ouço batidas na porta e grito um "entre" não muito agradável. Eu não queria outro papo sobre eu ser uma completa prisioneira. Me sinto uma adolescente que não posso sair sem uma autorização do adulto responsável. Mano, EU sou a adulta!

-vim pegar um livro que esqueci aqui- finalmente virei para trás dando de cara com Matteus. Eu nunca tinha prestado tanta atenção até aquele momento. Matteus era extremamente bonito, admito. Seus olhos transpareciam uma certa rigidez. Seus cabelos eram quase do tamanho do meu e seu corpo -mesmo magro e não tão incrível- era de tirar o fôlego.
Seus olhos estavam sobre mim e dava para sentir o tanto que o cara era desprezível.

-acho que sei qual é- disse sorrindo e indo pegar um livro que havia encontrado a um tempo. Ele não parecia um livro, era mais puxado para um diário. -ele é bem bonito, se incomoda se eu...- Matteus tomou de minhas mãos antes mesmo deu terminar a frase.

-não. Tchau Ella-disse Matteus e logo se virou para saída de meu quarto.

O que raios tinha naquele livro para deixa-lo tão... Eufórico... Vulnerável... Tão... Egrr!

Meu celular logo tocou. Ao pega-lo revelou o nome de Dianna

-oi moça solitária do computador-disse Dianna me fazendo rir

-oi moça...-tentei lembrar de alguma característica que ela estava no dia anterior, mas foi completamente falta de tempo- dos cabelos loiros-ela riu.

-vim a praça hoje com a esperança de lhe encontrar e nada!- voltei minha atenção novamente para vista atrás de mim.

-meu irmão me deu uma bronca-disse completamente constrangida

-conte-me mais-revirei os olhos entediada, sempre odiei falar pelo telefone.

-odeio falar por telefone. Vou te mandar meu endereço, venha até aqui e te conto tudo

-OK- logo desliguei e mandei minha localização. Sim, eu sei, só a conheço a um dia e já estou convidando a mesma para uma casa que nem minha é.

Boa Ella.

(...)

-garota! Por que não me contou que é rica?- ri de sua expressão e acompanhei até a área da piscina.

-isso na verdade é tudo de um amigo da minha mãe- ela assentiu um tanto desconfiada.

-cadê sua mãe?- perguntou Dianna me deixando sem outra opção a não ser contar tudo. Senti medo. Era a primeira vez que eu fazia uma amiga realmente que não sabia de minha doença. Eu não queria perder amigos.

-me deixou aqui e foi para CML da Nova Zelândia- o rosto de Dianna empalideceu. Comecei a ficar extremamente nervosa .

-quem tem câncer ?- ela me perguntou em um sussurro e eu quase tive vontade de me jogar na piscina e ficar ate ela ir embora.

-eu. Câncer pulmonar. Desde 17 anos- ela concordou e vi uma lágrima caindo em seu rosto- o que houve?-perguntei preocupada.

-desculpe tudo isso. Quando eu tinha 10 anos, minha mãe foi na CML. Minha irmã de 20 anos, havia sido diagnosticada com um câncer cerebral. Ela acabou não resistindo- Dianna desabafou e tive ainda mais desejo de me enterrar na areia. Como eu pude ser tão insensível?

-sinto muito-disse tocando em seu ombros e ela logo assentiu agradecida.

-mas, me fala, por que justamente aqui?- ela me perguntou e com um enorme sorriso, percebi que passaria horas e mais horas falando sobre livros

-então...

Se Não Fosse VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora