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Um ano. Um ano de tratamento. Um ano sem Louis. Meses e mais meses de luta e sofrimento passando por recaidas e fracassos. Quedas de cabelo e dor. E eu sei que em todo esse tempo ele nunca parou de me procurar. Mantendo contato com minha família,os únicos que permiti ficarem ao meu lado, a todo instante querendo saber o meu paradeiro ou meu estado. E eu ainda me lembro nitidamente de escutar sua voz ao acaso em uma chamada com Gemma. Tão desesperado e angustiado. Nesse dia eu quase desisti.


Por pouco resisti de voltar atrás em minhas palavras, e deixa-lo passar por isso tudo comigo. Mas não podia. Queria ser dele por inteiro e completo. Lutar por nosso amor, sobreviver por Louis. Não entrega-lo apenas a metade boa, meu querido não merecia lidar com a parte ruim. Não deveria. Somente o deixei saber que estava vivo. Já era mais do que eu havia programado.

E sei que estou sendo hipócrita, mas eu me preocupava mais com Louis do que comigo mesmo. Eu só o queria bem, e sentia que estando longe o faria melhor, e talvez me motivaria. Teria para quem voltar.

Inicialmente, acreditei que seria possivel lidar com a distância. Como me enganei. Quando se está acostumado com um rosto em especial, um tipo único de beijo, e os olhos mais fascinantes que já existiram, a abstinência de não os te-lo é quase mortal. De algum jeito, sabia que Louis entendia perfeitamente pelo que eu estava passando.


E no meio da noite quando não me sentia bem, eu sonhava estar abraçando ele. Quando a saudade era quase palpável, eu o imaginava segurando minha mão naquele quarto frio e branco de hospital, me assegurando que tudo ficaria bem, com lágrimas silenciosas, gritava em minha mente o quanto o amava.

Agora, finamente ocorreram melhoras substânciais em meus exames. Já consigo respirar normalmente sem a ajuda de aparelhos, meus cachos então a crescer e sinto o entusiasmo voltar ao meu corpo. Tinha me esquecido como era viver de verdade.

Minhas bochechas coram e um sorriso genuíno se prende em meu rosto quando recebo a notícia, juntamente com minha mãe, que mesmo existindo resquícios do câncer, a probabilidade de uma recuperação quase total é elevada. Olho para ela e a vejo lacrimejar. Nosso primeiro choro de felicidade nesse quarto vazio.

Aos poucos, depois de alguns exames de rotina e as orientações necessárias sobre todas as consultas que precisarei comparecer durante a minha vida, pude ter alta. As chances de meu estado piorar eram baixas e eu podia lidar com isso.


E se louis em algum momento me enviou seu amor, foi isso que me fez forte para lutar. Sei que ele deve estar insano com tudo que ocorreu, mas nunca deixei de ama-lo. Sentir ele ao meu lado, mesmo que à distância foi meu alicerce em toda essa longa jornada. Agradeço aos Deuses por ele existir, e por não terem nos separado por definitivo. Por essa segunda chance.

Talvez parte de mim se arrependa por priva-lo de passar esse um ano sem qualquer oportunidade de reencontro. Com toda certeza ele se machucou, até mais do que eu, com isso. Não pude evitar desapontá-lo. Porém, estou mais que disposto a fazer Louis me perdoar e voltar a ser meu lar, pois eu nunca senti tanta falta de casa como sinto quando não estou em sua companhia.

Me encontro preso em devaneios quando saio da ala de oncologia e me dirijo à entrada do hospital. Há um mutirão de familiares a minha espera com beijos, abraços e palavras carinhosas de apoio. É reconfortante se sentir amado. Mas falta alguém. Meu pequeno Príncipe de olhos azuis. E isso é tudo que penso quando compro um belo buquê de tulipas e sigo para o carro, após me despedir de todos e assegurar para Gemma que estou bem. Preciso consertar um possível erro e espero não ser tarde demais.

If I could stay |L.S|Onde histórias criam vida. Descubra agora