Capitulo Um

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Olhei para o relógio pela milésima vez conferindo as horas que, neste momento pareciam se arrastar em uma velocidade irritante.

As palavras do meu professor pareciam cada vez mais distantes e a minha atenção diminuía a cada segundo que parecia uma eternidade na minha cabeça.

Eu ia perdendo os sentidos aos poucos e só me lembro de ter despertado quando senti o cheiro do perfume forte do meu professor ao lado de mim.

Levantei-me e sorri de forma culposa, tentando pedir desculpas com o olhar.

— Ora bem, senhorita Isabela. Como vi o seu empenho e tamanha atenção na minha aula, eu proponho que faça um resumo em forma de aula sobre a matéria da página oitenta do teu manual e traga isso até amanha. Perfeição é o meu lema para esse trabalho. Quanto aos outros, boa noite e bom descanso — mal o professor disse essas palavras, os meus colegas saíram em disparada da sala.

Arrumei os meus pertences com a velocidade de uma lesma e preparei-me para sair do edificio antes que as portas se fechassem.

Caminhei preguiçosamente sobre o meio-fio enquanto me amaldiçoava internamente por estar tão cansada. Não é de longe fácil manter um emprego em part-time e estudar ao mesmo tempo sendo bolsista.

Quando cheguei á casa, eu sabia que não podia me dar o luxo de dormir, mas o meu cérebro não me deu tréguas e eu tive que descansar o que para mim, significou uma madrugada jogada no lixo a revirar os conteúdos que devia preparar.

Não me lembro de ter adormecido, mas quando acordei, estava com a cara entre o meu livro e o visor do meu laptop acesso.

                        [...]

Depois de devidamente limpa e organizada, dispensei a minha bicicleta por causa das poças de água que preenchiam a estrada e optei por um autocarro para chegar ao meu local de trabalho.

As minhas primeiras horas dividiam-se entre sonecar, tentar escrever e atender a clientela.

— Isa — a voz de Rose, apesar de suave, me assutou e obrigou-me a acordar.

— Eu peço imensas desculpas Rose. Vou já lavar a cara — fechei o laptop com o trabalho concluído e virei-me para o olhar meigo de Rose.

— Eu entendo que estejas cansada, minha filha. Mas tu não nos deixas dar-te férias e já trabalhas aqui faz dois anos — Rose implicou segurando o meu ombro com delicadeza.

— Eu não posso parar de trabalhar, Rose. Eu pago as minhas contas com esse emprego — expliquei.

— Que não seja por isso, eu pago-te o teu salário a cem por cento durante as tuas férias.

— Por mais aliciante e generoso que isso seja da tua parte, eu não posso aceitar — ia virar-me quando ouvi o som do sino da porta tilindar, mas Rose segurou-me pelo braço gentilmente.

— Não se cobre tanto, minha querida. Saiba que a minha oferta de férias sempre estará de pé.

— Eu agradeço imenso, Rose.

Por estar a conversar com Rose, Clay teve de ir atender o meu lado da lanchonete e eu fiquei no balcão a atender os clientes costumeiros.

Cruzei os braços e ergui uma sobrancelha mirando Clay quando vi-o inclinar-se na minha direção com um sorriso zombeteiro no rosto.

— O cliente da mesa seis quer ser atendido por ti, bela adormecida — ele entregou-me o caderninho de anotações.

— Algum cliente habitual? — questionei desconfiada.

Até O Último SuspiroOnde histórias criam vida. Descubra agora