11° Capítulo

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A campainha toca dando sinal para a hora de jantar. Levanto-me do pequeno sofá da biblioteca e guardo o livro na estante. Vou até ao refeitório e pego num tabuleiro servindo-me.

Sento-me numa mesa sozinha e com muita dificuldade tento comer o que deveria ser puré. Sinto alguém sentar-se a meu lado e olho para o lado encarando a pessoa que acabou de se sentar a meu lado.

"Posso?" ela fala.

"Já te sentaste." digo rudemente.

"Já vi que não estás nos teus melhores dias." Jade fala.

"Pois." falo secamente. Decidi que me vou afastar de todos. Novamente. Levanto-me e vou para o jardim. Sento-me no mesmo banco de sempre e olho para o vazio mergulhando nos meus pensamentos.

Como começou tudo? O que foi que eu fiz para começarem a mal tratar-me? Zayn diz que a culpa é de Louis, mas como? Louis diz que só está aqui à 4 anos como é possível ele ser o culpado de tudo? Só se também mentiu acerca disso. Eu já não sei o que pensar. É tudo demasiado confuso.

Volto para o meu quarto de sento-me na cama obrervando o teto.

"Quero todos no auditório dentro de 5 minutos!" a voz do coordenador soa pelos corredores. Numa fração de segundos os corredores enchem-se de gente e todos seguem o seu caminho para o auditório.

"Silêncio!" o homem grita e todos se calam.

"O orfanato fez um acordo com uma escola e a partir da próxima semana todos irão ter aulas." todos começam a murmurar entre si. Possivelmente a reclamarem por terem aulas.

O orfanato nunca se preocupou com a educação dos adolescentes que aqui habitam, nunca quiseram saber se iriam às aulas. Não que isso que seja um problema para os alunos.

Acho que deve ser uma maneira do orfanato ficar bem visto na sociedade. Provavelmente uma maneira de acolherem mais adolescentes.

"A partir de segunda-feira todos os alunos vão para os respetivos anos, ou seja, vão acabar o ano onde ficaram. Vão todos para a escola St.Anna no centro de Londres. Não quero saber se estão insatisfeitos. Agora, todos para os quartos! Ah, as listas das turmas estaram afixadas na secretaria amanhã de manhã aqui no orfanato." todos se levantam e vão para os respectivos quartos. Qual o sentido de tudo isto? Para que nos por na escola? O que vamos aprender em tão pouco tempo de aulas? De certeza a maioria vai chumbar. Não que isso seja um problema para mim. Apenas não faz sentido, para o coordenador deve fazer mas para mim não.

Visto o meu pijama e deito-me na cama fixando o teto.

Pensando bem, talvez ir para a escola não seja assim tão mau. Falta 1 mês para a mesma acabar e 1 mês para fazer anos, resumindo, 1 mês para eu sair daqui e ser livre. 1 mês para fazer o que me apetecer. Talvez não seja assim tão mau. Talvez...

(...)

Sábado, o dia mais agitado de toda a semana. Todos se apressam a ir terem uns com os outros e fugir do coordenador. Não sei para onde vão todos ao sábado, toda a gente desaparece, até mesmo o coordenador. Será que podemos sair ao sábado? Aposto que não, o coordenador nunca deixaria ninguém sair daqui.

Para mim sábado é um dia como todos os outros, uma seca. Como sempre não se faz nada. Já sairam as turmas, fiquei no 12A e, infelizmente, Louis e Katy também. Também já nos deram os livros e o material escolar. O meu horário e chave do cacifo também se enquadram na losta de coisas que a escola, generosamente nos deu.

Domingo, dia calmo, todos se fecham nos quartos a conversarem uns com os outros, as raparigas falam de rapazes e moda e os tapazes de miúdas e desporto. E eu? Eu apenas faço a minha rotina habitual.

Louis não voltou a falar comigo, nem eu quero que o faça. Não quero voltar a falar com ele ou até mesmo olhar para ele. A única coisa que eu peço é que não fique ao pé de Louis, não quero voltar a encara-lo. Nunca mais.

Segunda. O primeiro dia de aulas. Continuo a achar que isto não faz sentido absolutamente nenhum, mas enfim, o que posso fazer eu?

Já sei que vou ser odiada e gozada na escola, vão achar-me estranha e blá blá blá. Se fosse na minha antiga escola ninguém daria pela minha conta, mas como vou ser caloira, todos se vão rir de mim, mas isso não me afeta, já estou habituada a gozarem comigo mas também já aprendi a defender-me.

Levanto-me a muito custo e dirijo-me à casa de banho. Ligo o chuveiro e dispo a minha roupa pendurando-a na porta. As gotas de água percorrem o meu corpo relaxando-o.

Acabo o duche e enrolo o meu corpo numa toalha assim como o meu cabelo,pego na roupa e vou até à minha cama pegando noutra.

Está frio e a chover. Pego numas calças de ganga e numa camisola e visto-me. Ponho o meu gorro preto e o meu casaco igualmente preto. Calço os meus velhos All Star e vou até ao refeitório. Será a primeira vez que não se encontra cheio? Pego numa sandes e num sumo e como a caminho da escola. A escola não é muito longe, são a uns possiveis 5 quarteirões daqui.

Caminho ao ritmo da música dos The Fray enquanto me dirijo para a escola.

O edifício é grande e feito de tijolo.Entro no mesmo e procuro o cacifo 327. Após vários corredores e olhares desagradáveis encontro o cacifo e abro o mesmo pondo os meus livros lá dentro.

Procuro a sala onde vou ter a minha primeira aula. Literatura. Entro na mesma e sento-me na última mesa, como sempre.

O professor entra seguido de outros alunos, sentam-se nos seus lugares e felizmente ninguém se sentou a meu lado, nem mesmo Louis.

O professor começa a falar e a minha mente viaja lá para fora apreciando o pequeno jardim nada igual ao do orfanato.

"Estás no meu lugar." uma voz roca fala. Olho para o lado e está um rapaz em pé a olhar para mim.

"Não vejo o teu nome em lado nenhum." gozo e volto a olhar pela janela.

"Senta-te logo ao lado dela meu." um rapaz diz impaciente. O rapaz alto revira os olhos e senta-se a meu lado. Este deve ser um daqueles populares da escola. Pensa que é mais que os outros e, como ja disse mais que uma vez, odeio.

A aula passou rápido, felizmente e dirijo-me à próxima sala depois de ir ao cacifo. Só espero que ele não fique ao pé de mim outra vez e ele que não pense que eu vou mudar de lugar.

Caminho até ao orfanato enquanto a chuva bate contra o meu corpo. O rapaz de cabelos castanhos não se sentou ao pé de mim ao longo do dia e eu agradeço por isso.

Ninguém falou comigo e eu não falei com ninguém. Louis ainda tentava falar comigo mas logo se arrependia. Enfim, um dia normal.

Chego ao orfanato e abro os grandes portões para entrar. Dirijo-me ao meu quarto e pouso a minha mochila na cama, pego nos livros de história e vou até à biblioteca.

Só podem estar a brincar comigo.

Mais um capítulo! Espero que gostem :) Kisses xx

Darkness.Onde histórias criam vida. Descubra agora