Quem Sou Eu

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AVISO DE GATILHO

PEÇO PARA AQUELES QUE POSSUEM GATILHOS RELACIONADOS A ABUSO NÃO LEREM ESSE CAPITULO.

Me pego pensando a respeito de quem sou sempre, dos motivos, causas, de quais experiências que passei possam ter influencia em como me sinto.

Desde os 9 anos até o final da adolescência tive medo de homens e meninos, beijava muito na boca, mas toda vez que um tentava avançar o sinal eu me desesperava e fugia. Achava que estava tudo bem comigo, que o que eu tinha passado não me atingia, eu sequer imaginava como eu iria sofrer no futuro. Era aquela adolescente que enfiava a cara nos livros e estudos e escrevia poemas a respeito de amor não correspondido.

Aos 8 anos comecei a sofrer abuso sexual por uma pessoa próxima a mim, aconteceram mais de uma vez e os detalhes disso ainda me machucam muito. Ele me tocava nos seios, pernas, coxas, na vagina, usava a boca para me chupar, usava os dedos para me masturbar, tentou forçar penetração com o pênis dele, mas nunca conseguiu pois eu reclamava de dor. Pedia para eu masturbar ele, chegou ate a ejacular com a minha mão nele, pode ter algum detalhe a mais que eu não lembre, não lembro o numero de vezes que isso aconteceu e sinto que tenho falhas na memoria com relação a minha infância toda.

Minha família não faz ideia de que aconteceu isso comigo e até hoje não tenho coragem de contar talvez por medo do que possa acontecer, medo de não acreditarem, medo de questionarem o motivo de eu contar isso somente agora. Tem pessoas na minha família que sofrem problemas cardíacos e não quero correr o risco de perder nenhum deles, fora que é alguém que convivo até os dias atuais.

Desde o ocorrido me olho de forma diferente, me masturbo de forma diferente, pois sei que no fundo eu senti prazer com aquilo e por isso me sinto culpada. Antes eu me tocava de uma forma por pura curiosidade, depois passei a me tocar em busca de uma sensação que senti naqueles momentos e que me trouxe prazer.

A culpa, nojo, raiva, são alguns sentimentos que carrego comigo desde que tive minha inocência roubada, desde que fui violada por alguém que jamais deveria ter encostado em um fio de cabelo meu.

Além de me masturbar eu arrumava formas de ver vídeos pornôs escondido da minha mãe e tinha umas revistas com contos eróticos que sempre mantinha escondido.

A pessoa que abusou de mim sempre pediu para que eu passasse musicas para o celular dele e nesses momentos eu aproveitava para passar os vídeos que ele tinha pro meu celular.

Eu também percebia que quando ele estava vendo vídeos do tipo deixava uma pequena abertura na porta de onde era possível ver o que ele estava assistindo. Quando eu começava a ficar excitada por estar vendo essas coisas sentia um certo medo de ser pega ali e então eu saia pra rua até pra não ficar sozinha com ele pois ali eu estava começando a entender que o que ele tinha feito é errado.

Perdi minha virgindade aos 18 anos, porem foi aos 17 que os atos sexuais envolvendo uma segunda pessoa passaram a fazer parte da minha vida.

Minha primeira vez é algo que vou deixar pra falar no próximo capitulo.

Mas posso adiantar, com ele senti uma necessidade enorme de transar e foi ali que a vida descontrolada começou.

Quem sou eu?

Sou uma menina que foi violada e hoje sofre com as consequências disso.

Sou alguém que esta aprendendo a lidar consigo mesmo.

Sou uma doente que esta fazendo tratamento e espera voltar a sentir prazer em outras atividades diárias.

Sou alguém que tenta se controlar todos os dias.

Sou alguém que quando consegue realizar uma atividade adquire mais fé em si mesma.

Sou alguém aprendendo a lidar com as crises e recaídas.

Sou alguém cujo inconsciente só pensa em uma coisa: SEXO!

Querido Diário: Revelações de uma NinfomaniacaOnde histórias criam vida. Descubra agora