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Quando a campainha tocou, Amelie voou pelas escadas. Sua irmã havia aberto a porta.

— Cai fora, é para mim! — A garota gritou. O entregador ficou olhando longamente para ela enquanto lhe entregava a caixa.

— Aposto que é mais um dos seus livros idiotas — a irmã revirou os olhos e fechou a porta, enquanto a outra corria para seu quarto. — Você só sabe ler.

Amelie nem mesmo se deu o trabalho de responder a amiga. Quando passou o portal do seu quarto, já havia jogado a caixa e anota fiscal longe. Nas suas mãos um livro grosso de capa de couro sintética e páginas amareladas de propósito se abriu com cheiro novo.

Ok, então esta é a minha chance.

— Amelie, querida, já estou saindo. Você tem certeza que irá ao baile? — Ouviu alguém bater na sua porta.

Uma mulher de cabelos grisalhos surgiu a porta, segurava uma bolsa pesada e estava uniformizada para trabalhar.

— Sim, mamãe, eu irei. — Amelie respondeu, cobrindo o livro com um lençol. — Irei... irei com um amigo.

— Um amigo?! — a mãe da garota sorriu e lhe deu um beijo na testa. — Como ele se chama?

Lo... Lou.

— Lou? Tipo Lou Reed?

— Isso! — a garota estava nervosa.

— Lou... Já gostei do nome. — A mãe voltou para a porta. As faixas refletivas de seu uniforme brilharam na luz. — Tome cuidado, ok? Pegue o dinheiro que deixei com sua irmã para o taxi da volta, não pegue carona com bêbados e não confie em um garoto que te der uma flor. Ou um bracelete corsage de flor. Eles fazem isso só porque querem te beijar.

— Ok, mãe! Tchau!

— Amo você, pompom, aproveite a festa.

Amelie ficou um tempo olhando para seu quarto pequeno onde mal cabia sua cama e uma mesa com o pé quebrado. Lá do andar de baixo, ouviu sua irmã dizer: "não vou te dar grana, preciso sair também, se vira para voltar."

A garota se levantou para fechar a porta – que a mãe sempre deixava aberta – e ouviu a irmã completar: "além do mais, com quem você vai? Quem vai querer levar uma menina feia como você para o baile de formatura? Você é tão burra."

Basta. Ela pensou, abrindo o livro no capítulo de invocação e começou o trabalho. Fosse ou não dar certo, ela teria que tentar. Faltava uma hora para o baile começar.


Em frente a conjunto de runas sobre um tecido azul escuro no chão, desenhos, incenso e ossos de pássaro, Amelie se sentou. Com a luz apagada e a janela cerrada, a chama iluminava formas trêmulas na parede, mas não tão trêmulas quanto as mãos da garota. Muito baixo, começou a pedir:

Eu, eu preciso de um acompanhante para o baile da minha formatura. Ninguém gosta de mim nesse plano e eu não queria ficar sem... eu nunca fui numa festa em toda minha vida. Eu ofereço ao deus do trovão meus bens espirituais e meu sangue...

Opa, opa, pera aí. — uma voz masculina ecoou no quarto.

Amelie soltou a faca que segurava e virou-se. Atrás dela um homem muito alto, tão alto que roçava o topo da cabeça no teto, usando um terno escuro olhava-a desconfiado.

— Não precisa mais de sangue para alguns rituais, mocinha. Isso já tem uns 800 anos.

Funcionou! Oh minha Frigga, funcionou!

caught in a lieOnde histórias criam vida. Descubra agora