3. Lagrima sorridente

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Acho que chegou a determinado ponto em que Gaybi percebeu que ser "certinho, era muito chato! Até esse momento, ele era um cara que se comportava bastante, e mesmo assim, achava meios de se rebelar e de se expressar, como em uma foto do segundo ano do fundamental, em que ele fazia um gesto do rock and roll. Mas não era nada sério (eu acho). Quando tinha 12 anos, decidiu raspar o cabelo, o motivo era meio incerto, mas ele raspou. Todos como de costume, começaram a caçoar o Gaybi, ele foi alvo de chacota. Mas adivinhem? Ele não se importou nem um pouco. Dois dias após o corte de cabelo radical, ele viajou para João Pessoa, onde comprou uma miçanga do símbolo da maconha, junto com um cordão de dente de javali, acompanhado por dois anéis (um de prata, representando uma caveira, e o outro era neutro, feito de coco). Todo o dia antes de ir para o colégio ele colocava todos os acessórios comprados no hippie. Patrícia argumentava contra o seu estilo, mas o argumento de sua mãe não os convencia. Pegava o relógio e ia para a escola. Se olhava no espelho, e gostava do que via. Na classe, era motivo de piadas, pois seu estilo fugia um pouco dos parâmetros da sociedade. Mas esse era o objetivo de Gaybi. Ser diferente! Esse foi um dos ápices de sua personalidade forte e gritante.

Em alguns dias de aula, ele sem sentava na sua cadeira, e observava os seus colegas de classe. Ficava perplexo com o nível de inteligência de cada um. Pois, por incrível que pareça, eles não o superavam no intelecto. Mas Gaybi não queria se gabar por esse fato, ele guardava para si mesmo, e ficava muito feliz em saber que teria uma excelente carreira no ramo acadêmico. Ou seja, o investimento que a sua família o proporcionava, estava realmente valendo à pena. E um dia, Gaybi daria muito orgulho pra sua família.

Ele era um garoto bastante curioso, sempre fazia perguntas aos professores e ao seu irmão, sobre temas variados (política, espaço, matemática, etc.). Além disso, ele era um leitor nato. Enquanto seus colegas discutiam sobre futebol, youtube, e jogos de vídeo game. Gaybi pensava sobre o paradoxo de Epicuro. Deve ser por isso que aos seus 13 anos, ele era a favor do aborto, era de esquerda, escrevia um livro, era a favor da legalização das drogas, amava teatro,era vegetariano, estudava italiano desde os oito anos e o principal, ele era ateu!

Para Gaybi, o conteúdo passado nas aulas, não era o suficiente. Por isso ele sempre estudava coisas por fora. Graças ao acesso a internet, e um dinheirinho para comprar livros, ele foi se tornando um gênio aos poucos.

Isso também interferiu diretamente no seu gosto musical, pois ele não gostava de funk como a maioria, e sim de MPB e Rock brasileiro, algo raro para um garoto de 12 anos. Ícones como Cazuza marcavam os ouvidos de Gaybi enquanto ele se deliciava com um belo café puro.

Como todo ser humano, ele teve relações amorosas (por mais incrível que pareça) mais isso será abordado mais pra frente nesse livro.

Ao decorrer de seu crescimento intelectual, foi percebendo que estava ficando sozinho... E na cabeça dele, isso soava como uma exagerada transgressão. No recreio, não se encaixava muito bem nos grupos, era sempre o "deslocado", à vezes jogava xadrez em seu recreio, com um colega. Na verde, Gaybi era uma pessoa bastante animada e divertida, mas morria por dentro. Porém, ele sempre devia manter as aparências. Toda vez, antes de ir à escola, ele tomava um banho. Gaybi amava o banho, pra ele, aquele ato simbolizava uma renovação de seu espírito. Ele momentos "certeiros". Exemplo: Uma viagem ou um banho, pois no banho, você tem apenas um objetivo, que é acabar o banho. Na viagem também só há um único objetivo, que é chegar ao destino. Depois de tomar banho, Gaybi ficava mais animado e acordado, pronto para ir ao colégio. Ao término de sua arrumação, ele pega a bicicleta, e pedala com veracidade até o colégio, para mais um dia de aula pertencente a sua rotina. Na escola, Gaybi tinha a surpreendente habilidade de se enturmar com qualquer pessoa, podia ser o mais popular ou o mais nerd. E nesses encontros, ele devia criar e transmitir uma imagem. Saindo um pouco disso, vamos nos prender em um desejo que Gaybi possuía.

Por incrível que pareça, um dos sonhos dele era ter um filho. Sentia-se tão confortável em saber que poderia educar uma criança para se tornar a sua imagem e semelhança. Não literalmente, pois se fosse assim, o seu filho seria bastante conturbado. Mas Gaybi queria lhe ensinar a ler, viajar com ele, vê-lo crescer, essas eram vontades vindas realmente do interior de seu coração. Gostava da inocência infantil.

Voltando ao assunto escola. Gaybi não gostava de ser o babaca pelo fato de ser o mais inteligente, mas queira ou que não, ele se vangloriava por dentro, tinha patente para isso.

Agora voltando ao fato dele não querer ser o certinho. Toda vez que Gaybi ia para a escola, e se sentava na cadeira, percebia que havia duas pessoas inteligentes e certinhas, que sentavam perto dele(Daniel e Augusto). Eles funcionavam praticamente como robôs, ou seja, só prestavam atenção na aula, e no recreio não faziam bagunça. Quando a campa anunciava o termino do recreio, eles eram os primeiros a se retirar. Gaybi simplesmente não paciência para ser feito um "robô". Ele não se sentia feliz sendo o certinho da história. Com isso ele ia para o fundão, para conversar, bagunçar e lançar bolinhas de papel no ventilador. Ele tinha nojo de Daniel e do Augusto, eles eram totalmente filhos de magnatas e também eram ignorantes políticos. Mas como Gaiby não devia agredi-los, decidiu então guardar o sentimento de ódio para si mesmo.

Gaybi todos os dias, passava por um conflito de sentimentos e personalidade. Uma hora sofria de misantropia, outra se achava burro, em poucas ocasiões ficava feliz... Mas isso era apenas em seu interior. Pois quando falasse com qualquer pessoa, ele sorria e ficava o mais educado e simpático possível. Enfim, ele podia estar rindo muito, mas por dentro... Ele... Chorava bastante!

Era Um Ateu Em Campina GrandeOnde histórias criam vida. Descubra agora