Nós estávamos indo tão bem. Como que tudo pôde se estragar em cerca de somente alguns minutos? Bem, não é como se fosse nos filmes ou novelas onde o casal se distraiu e o carro acabou capotando. Nós sequer vimos acontecer. Eu só me lembro de colocar as mãos no teto para tentar me apoiar melhor. O medo emanava dos corpos presentes no carro. Para mim, tudo ficou como em câmera lenta.
Eu demorei pra processar que o grito estridente era meu. Depois que o carro virou cinco vezes, tudo estava em silêncio total. Minha mãe estava com o rosto cortado e o sangue que descia do nariz de meu pai pingava no teto. Eu não tinha palavras para descrever tamanho horror. Tinha eu ficado órfã? Não, eu não suportaria!
Depois de muito tentar tirar meu cinto, consegui escapar dando com tudo a cabeça no teto do carro. Gemi de dor. Eu sentia alguma coisa molhada no meu rosto, mas não me importava. Sai do carro e tentei abrir a porta do motorista, que emperrada estava e emperrada ficou. Abri a porta do passageiro e soltei o cinto de mamãe. Seu corpo caiu mole e seu rosto estava praticamente todo cortado. Mas não tinha nada mais grave que isso, então por que ela não me respondia?
Pego o celular e ligo para a ambulância pedindo socorro. Digo meias palavras sussurradas e graças a Deus a mulher consegue entender e diz que está vindo rápido. Sento-me e abraço os joelhos, deixando as lágrimas se expandirem para fora de mim. Sou toda rios e lágrimas.
Em quinze minutos torturantes a equipe de primeiros socorros chegou e fizeram todo um processo com meus pais, colocando-os em macas e depois na ambulância. Céus! As pessoas não me deixam ver meus pais! Estão me levando para longe deles e só os vejo depois de alguns dias, pálidos e gélidos.
5 anos depois...O celular apitou e o professor que dava aula sobre "Os sistemas Cardiovascular e Respiratório" me olhou com uma careta. O homem já não era bonito, fazendo cara feia então... Nem imagine.
Peguei o celular enquanto ele não estava olhando, coloquei no silencioso e visualizei a mensagem de Annie.
"Que horas você sai hoje? Esqueceu da nossa festa?"
Puta que pariu! Eu realmente havia esquecido, mas eu não poderia ir. Afinal, fazer aulas de medicina e trabalhar em um Hospital é de esgotar qualquer um.
"Eu tenho a tarde toda de turno no hospital hoje, Annie. Que tal deixar para uma próxima? Quem sabe amanhã? " — Respondi.
Eu e Annie somos colegas de quarto desde o acidente de carro. Ela era nova na cidade e queria um lugar barato para morar. Meus pais me deixaram uma herança incalculável e uma super mansão, eu não queria ficar sozinha e aí aluguei um dos quartos para ela.
"Você já me deixou esperando ontem então eu remarquei com os garotos para hoje. Poxa Katie, o que eu vou fazer com aqueles dois gostosos? Um menagé à tróis?" — Ironizou. Revirei os olhos para a idiotice dela e me surpreendi quando o celular vibrou com outra mensagem.
"Não revire esses olhinhos verdes para mim, Katherine." — Eu imaginei ela com os olhos semicerrados e com uma voz irritadiça. Bom, o que eu poderia esperar com quatro anos de convivência? Sorri.
— Katherine, gostaria de compartilhar conosco o que é tão engraçado? — O professor perguntou e eu logo desmanchei o sorriso. — E então...? — Eu sequer tinha o que falar. — Só para me certificar de que não irá atrapalhar minha aula novamente. — O professor disse, andando por entre as fileiras e chegando até a mim, por fim, puxou o celular da minha mão. Eu me senti uma criança quando os pais a repreendem e repreendi a mim mesma por me lembrar disso. O assunto pais é praticamente um limite rígido para mim. Ainda assim, eu continuei sem prestar atenção na aula dele.
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Promises of crime
FanficKatherine só queria ter uma carreira de sucesso, uma família e ser feliz, mas o destino lhe trouxe dois homens que transformaram sua vida em uma bagunça total. Na vida deles não existe rotina. Eles são o perigo em pessoa. Tragédias acontecem e o amo...