─ Nella? ─ Eric sussurrou da carteira atrás da namorada, enquanto a professora de química escrevia na lousa.
─ O que foi? ─ ela disse bem baixinho.
─ Você quer ganhar seu presente de dia dos namorados?
─ Eric, nós estamos no meio da aula. ─ Antonella o encarou pelo canto de olho.
─ Você é craque em química, e eu também. Vai, Nella, por favor! ─ ele fez um biquinho fofo, mas ela não teve tempo de responder.
─ Se os pombinhos estão tão interessados em conversar, podem fazer isso lá fora. ─ a professora anunciou, fazendo a sala inteira encarar o casalzinho ─ Andem! Eric, Antonella... Para fora.
─ Até parece que eles não gostaram. ─ um dos colegas provocou, causando risos.
─ Se aquiete ou vai fazer companhia para eles, Antônio. E com suas notas, perder uma aula de química não é indicado.
A porta se fechou nas costas de Eric e Antonella enquanto a sala soltava vaias e gritos. A menina estava emburrada, mas o namorado estava animado.
─ Como você pode estar feliz, Eric? A professora nos colocou para fora da sala!
─ Nella, eu e seu irmão somos expulsos da sala pelo menos uma vez por semana!
─ Exato, você e meu irmão! Não eu. ─ ela fez bico e cruzou os braços, parando no meio do corredor.
Eric riu, se aproximando e desfazendo o aperto dos braços dela, depositando um beijo no bico.
─ Você está muito triste para eu te entregar seu presente?
─ Não sei porque não entregou, mas se eu fui expulsa da aula, é o mínimo que você pode fazer! ─ ela cedeu, um pequeno sorrisinho brincando no rosto.
─ Então vem comigo.
Eric pegou a namorada pela mão, indo em direção à portaria. Assim que o porteiro o viu, pegou um embrulho e estendeu.
─ Isso é o que eu chamo de sorte, garoto.
─ Nem me fale. Obrigado. ─ Eric pegou o embrulho pardo, com Antonella o observando cheia de curiosidade ─ Vem, vamos para o banco do jardim.
Havia meia dúzia de pessoas pela escola naquela hora. A grande parte dos alunos do primeiro e segundo ano havia matado o segundo período de aula, mas não os terceiros. Sendo ano de vestibular e Enem, a maioria estava aproveitando cada aula ao máximo para não ter que enfrentar também um cursinho.
O casal sentou no banco que seu grupo de amigos costumava ocupar. Para a surpresa de Antonella, Eric começou a rasgar o embrulho.
─ Esse presente não deveria ser meu? ─ questionou.
─ Ah, ele é, pequena... É que eu quero te entregar ele sem esse papel pardo horrível. Aliás, bem ruim a pessoa que fez essa embalagem, hã? Achou que estava embalando carne? ─ resmungou Eric, rasgando as fitas adesivas ─ Pelo menos a caixinha é bonitinha.
─ E você deu o endereço da escola para o Correio porquê...
─ Ah, não dei o endereço da escola! Minha mãe recebeu ele em casa, e trouxe para mim. ─ explicou o rapaz, começando a rir ─ Eu passei a semana passada inteira rezando! Comprei esse presente há seis meses, mas ele se perdeu em Curitiba.
─ Eric, vai dizer que você comprou meu presente de Dia dos Namorados da China?
─ Você sabe que eu adoro fuçar na AliExpress, pequena. E lá tem umas coisas bem legais! ─ Eric segurou a caixinha ─ Garanto que você vai gostar.
Ela pegou o presente, desconfiada e ao mesmo tempo ansiosa. Puxou a abas da tampa, encontrando um embolado de plástico bolha. Antonella puxou tudo, deixando a caixa vazia.
─ Seu presente é plástico bolha?
─ Nella, não faz a Catarina e para de frescura. ─ riu Eric ─ O presente está envolto pelo plástico, né?
A garota mandou a língua para ele, começando a desembrulhar o objeto que estava ali dentro. Quando afinal conseguiu identificar o que era, quase pulou no lugar.
─ UM GLOBO DE NEVE DA BELA E A FERA?
─ Você sempre achou globos de neve lindos, em todos os filmes. E bom, Bela e a Fera é meio que o nosso lance, né? ─ Eric sorriu, todo fofo ─ Era para ser seu presente de Natal, depois de aniversário... Pelo menos chegou a tempo do dia dos namorados!
─ Ah, Eric, eu amei! ─ Antonella jogou os braços ao redor dele, o abraçando apertado ─ Foi o presente mais lindo que eu já ganhei!
─ Mesmo sendo da China? ─ ele provocou, ainda abraçado com ela.
─ Idiota. ─ Nella riu, se afastando e admirando seu presente ─ Olha, eles estão dançando. E tem os outros habitantes do castelo junto! Que lindo.
─ Eu sabia que você ia gostar, pequena!
─ Acertou em cheio, grandão! ─ ela se inclinou e deu um selinho nele ─ Obrigada. O seu presente está em casa. Te dou hora que formos embora.
─ Eu vou pra sua casa hoje?
─ Ué, você e a Tina não vão jantar e dormir lá? Temos prova de matemática amanhã, e você e o Biel precisam muito de ajuda para estudar! ─ lembrou a menina.
─ Mas o seu pai me olha feio quando eu vou dormir lá!
─ Eric, você dorme na minha casa desde os oito anos.
─ Mas eu não era seu namorado. Agora que eu sou, seu pai só falta querer me matar! ─ dramatizou o rapaz, provocando gargalhadas na namorada.
─ Até outro dia chamava ele de tio, agora tem medo. Aí, Eric, francamente, o que eu faço com você?
─ Olha, temos vinte minutos até a próxima aula e estamos sozinhos. Eu posso te dar algumas ideias.
─ Não precisa, eu tenho a perfeita. ─ Antonella se levantou, o puxando pela mão ─ Nós vamos na biblioteca, começar a estudar matemática!
─ Você tá me zoando, né? ─ Eric guinchou, estarrecido.
─ Fica quieto que a gente aproveita e dá uns beijos no meio das estantes, sem o porteiro nos fuzilando. ─ ela disse baixinho, fazendo o namorado rir.
─ Essa é a minha garota.
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Amor aos 17 - Coletânea de Contos Baseados em "Amor aos 16"
RomanceColetânea de contos baseados no livro "Amor aos 16". Os eventos aqui descritos ocorrem um ano após livro, no Dia dos Namorados de 2018. Os contos serão postados entre 05 e 12 de junho de 2018.