A Ascensão

A realidade é outra

"Conversamos sobre isso depois", quero saber quando será esse depois... - Pensa Kathy.

Depois dessa conversa, Ed e Kathy começam a andar pela floresta em busca da trilha que usaram para chegar na cabana.

- É difícil eu esquecer um caminho que eu já havia usado antes... Acho que se eu subir em uma das árvores, talvez consiga ter uma visão melhor.
- Você está com sua capa?
- Sim, apesar de já estar gasta, mas deve dar
- A última coisa que quero é você doente e com a pele em carne viva, cuidado, Ed.

Ed começa a revirar sua mochila em busca de sua capa, ele a encontra dobrada diversas vezes, pois a mesma era fina e muito fácil de dobrar.

- Meu Deus, pra que tudo isso?
- Minha bolsa guarda muito mais coisas do que apenas uma capa, preciso de mais espaço, né?
- Certo, certo, mas olha o estado disso, além de você ter dobrado ela mais do que é permitido, ela ainda está cheia de brechas e furos, se você subir lá com isso, é capaz de morrer no primeiro contato direto com a luz solar. Deixa que eu subo, prometo ter cuidado.
- Tem certeza? - Pergunta Ed de forma duvidosa.
- Sim, a única coisa que pode me ferir é a queda, porque de resto está tudo bem, aliás, me empresta seu capacete, nunca se sabe se lá não tem algum poro.
- Realmente... Tome, deixa eu colocar, vai que você deixe seu pescoço exposto.

Ed pega um capacete que estava amarrado no lado superior direito de sua bolsa, o capacete era como se fosse um capacete de motociclista, porém ele tinha em sua parte interna, uma espécie de pele transparente, a mesma está presente em toda parte interna do capacete, e saindo dele, em sua parte inferior também tem a pele, de forma cilíndrica, que ao entender, seria para o pescoço.

- Pronto, se tiver algum poro, não vai ter como ele ter contato com você.
- Está bem, vou indo então.

Kathy avança em direção a primeira árvore grande que vê. Ed, que estava observando uma árvore atrás da que Kathy estava prestes a subir, diz:

- Kathy, olhe pra essa árvore, parece ser uma das progressivas, melhor subir nela do que nessa ai - Diz Ed apontando pra árvore.
- Tem razão, não tinha pensado na ideia de procurar as progressivas.

Kathy começa a subir na árvore denominada progressiva, os galhos da mesma são muito fortes e nenhum está podre ou sequer demonstra sinal de fragilidade. Galho após galho, pé após pé, Kathy escala a árvore com todo cuidado que tem, até que enfim alcança o topo da árvore e consegue ver nitidamente onde eles estavam e o que os aguardavam.

- Ed, tenho duas notícias, uma é ruim e a outra é péssima. Qual você quer ouvir? - Diz Kathy de forma sorridente.
- Certo! Deixa eu ver se eu entendi, nós estamos com duas notícias ruins- Errado, um ruim e outra péssima - Retrucou Kathy
- Quer saber? Tanto faz, só diz logo
- A péssima é que estamos bem próximos de uma zona vegetativa e a ruim é que a uns dois quilômetros está a cidade.
- Entendi, bom, vamos pra cidade, temos mais chances de sobreviver lá do que ficar aqui na floresta e esperar os fungos nos infectar, ou pior...
- Vamos andando, Ed, procure ficar atento, pois ainda estamos perto da ZV.
- Está bem, te digo o mesmo.

Ed e Kathy caminham por aproximadamente quarenta minutos até chegarem no topo de um monte, onde a vista da cidade era completa. A cidade estava completamente dominada pela natureza, os prédios todos com limo e fungos, grama no asfalto, árvores crescendo dentro das estações de metrô, raízes saindo de dentro de estabelecimentos como cafeterias, lanchonetes, bancos e mercados, a representação perfeita de que a natureza retomou seu poder e agora é a nova governante da terra.

- Que coincidência, já fazem mais de 30 anos desde que eu joguei um jogo que tinha uma cidade como essa... E olha só onde estou, quem dera que tudo isso fosse um sonho
- Você sempre fala de jogos, eu queria jogar um ao menos uma vez, pra saber como é, sabe? Deve ser bem divertido
- Relaxa, você ainda vai jogar um, vou encontrar um jeito
- Tá... - Responde Kathy de forma descrente. Ed olha para ela, pensa em dizer algo, mas hesita e continua olhando para a cidade.