Capítulo 3

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— Você não se importa, Jimin hyung?

Particularmente, não. Não se importava de estar grudento, nervoso, com frio e com uma puta dor de cabeça, já que estava se concentrando no seu máximo para não parecer um idiota na frente de Jungkook.

— Sobre o quê?

Claro que ele não diria isso.

Jungkook virou o rosto para Jimin e franziu as sobrancelhas. Jimin engoliu em seco.

A possibilidade dele ter certeza de tudo que Jimin estava falando era maior que 80%.

— Você não faz a mínima ideia do que se passa na minha cabeça, sabe?

Jimin cobriu o pescoço com as mãos quando Jungkook o olhou, inclinando a cabeça.

Tensionou-se quando ouviu o barulho de Jungkook arrastando os pés descalços pelo banco que estavam sentados, como se o pressionasse para o responder.

Virou o rosto e fez de tudo que podia para olhar apenas através das janelas do carro.

— ... Como se eu pudesse.

Jungkook soltou um riso com sua resposta.

— Você não se importa de estar comigo agora? — Abriu um sorriso desdenhoso — Não que você tenha muita escolha.

Teve certeza de encarar Jungkook o mais firme que conseguiu quando ele terminou sua frase.

Não teve efeito algum. Jungkook e seu sorriso provocativo nem ao menos tremeram.

Como contra-ataque, porém, tensionou-se tanto que os músculos do ombro doeram.

Forçou-se a relaxar os ombros, antes de inclinar a cabeça sobre o braço de Jungkook e se esparramar. Ouviu um riso baixo dele.

— Como você mesmo disse, não tenho muita escolha. — Resmungou, timidamente — Pensar sobre isso agora vai me dar dor de cabeça.

Teve certeza de que Jungkook não acreditaria nele. Se ele fosse acreditar em algo, seria que Jimin estava tão nervoso que não conseguiria recusar nada que ele dissesse.

De qualquer modo.

— Não acredito que tá pensando nisso de novo. — Zombou.

E apesar de que Jimin queria ficar irritado, não conseguiu.

Não quando sentiu a mão de Jungkook em seu braço, puxando-o para mais perto. Acabou virando, e deixando-o apertar suas bochechas contra o peito.

Quis dizer que não gostava, que queria ser soltado, mas não conseguiu.

Porque a respiração calma de Jungkook chegava rapidamente em suas orelhas, fazia barulho, passava por seu cabelo. E mesmo assim, seu coração batia tão rápido que Jimin praticamente sentia-o contra seu rosto.

Foi por isso que não pediu-o para o soltar. Porque não aguentou não sorrir com a situação, e se Jungkook visse seu estado, tinha certeza de que ele quem seria o errado na história.

Jimin, se abrisse a boca, acabaria sendo o gay atirado da história.

...

Piquenique. 

Estava participando de um piquenique com Jeon Jungkook, sua sombra e a luz das estrelas. 
Seu coração estourava dentro do peito enquanto masticava um sanduíche delicadamente preparado pelo amigo enquanto esse encarava o seu, quieto.

Não tinha coragem de dizer uma única palavra. De sua voz esganiçada deixar as coisas óbvias demais, ou de sequer chamar a atenção dele para suas bochechas rosas.

E se se confessasse, finalmente?

— Você tem agido de um jeito que eu gosto bastante ultimamente, hyung. — Jungkook comentou. 

Jimin franziu as sobrancelhas e para não ter de o responder, enfiou a outra metade de seu sanduíche inteiramente na boca. Ele, como se soubesse que Jimin não estava preparado para ser olhado, não tirou o olhar das estrelas e do desenho particular que faziam.

Eles estavam de moletons mais uma vez. Estava frio através do tecido, mas não frio demais. Eles usavam meias e sapatos fechados. Jimin, na verdade. Jungkook havia arrancado o dele fazia algum tempo.

Mas Jimin sentia-se enorme e estúpido. Sentia-se feio e imprestável. Sentia como se fosse estragar a noite preparada tão meticulosamente por Jungkook. E se desculpava mentalmente por estar devorando o lanche deles por inteiro enquanto não sabia como lidar com o batimento nervoso de seu coração.

— Não sabe como? 

Odiou a forma como ele lançou-o um sorriso. Aquele tipo de sorriso. O seu famoso despretensioso, os lábios superiores sumiam e os inferiores, finos como eram, quase tinham o trono tomado por seus dentes redondinhos. E lá eles se arrastavam, como se estivessem prontos para lutar.

Jimin sentiu o estômago revirar quando Jungkook abaixou a cabeça e o olhou, diretamente. Ele já não tinha mais sanduíche para mastigar, nem para se esgasgar. Tudo o que tinha era sua boca vazia e o queimar em suas orelhas.

E Jimin meio que sabia. Jimin meio que sabia do que Jungkook estava falando. Sabia que ele realmente não mantinha realidade em suas palavras, e seu gostar era diferente do de Jimin.

Sabia de como estava agindo.

— Tenho uma ideia.

Sentou-se do mesmo lado que ele e evitou contato visual. Evitou acompanhar os olhos dele emaranhando-se nos seus e escaniando cada parte de seu rosto. Jimin evitou sequer prestar atenção no barulho de respiração dele.

Ao invés disso, prestou atenção em si próprio. No barulho que seus dedos faziam ao brincar com a grama, e o barulho de cada fungada inconfortável, e o barulho de seu coração estourando a som máximo em seu peito.

Jungkook soltou uma risadinha.

— Já que você sabe, então não temos nenhum problema em mim falando sobre.

Mas Jimin não gostaria de ouvir. Não gostaria de ouvir sobre o quanto corava, o quanto tremia, e o quanto sorria por Jeon Jungkook. Não queria dar a si mesmo esse gostinho de estar apaixonado.

— Às vezes, parece que você gosta de mim, hyung. — Jungkook anunciou seu monólogo, uma das primeiras de muitas vezes naquela noite. — Você faz essa expressão, como se gostasse de tudo que eu faço.

Se fosse Jungkook quem falasse, estaria tudo bem. Porque ele não gostava de garotos, oras. Ele está apenas brincando com você, onde lá se viu Jungkook e garotos?

Mas Jimin e garotos eram parte do mesmo mundinho. E, de certa forma, apenas o pé esquerdo de Jungkook estava encaixado em seus sapatos combinando.

Não queria que ele soasse tão convicto enquanto dizia aquilo.

— Me dá vontade das coisas realmente serem assim.

Porque, quando ele soava daquele jeito, não conseguia fazer mais nada mas aceitar.

Completo.  

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⏰ Última atualização: Nov 03, 2018 ⏰

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