Capítulo 1 - PILOTO

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Já era tarde quando Ryan Christian estava voltando de sua corrida noturna. Ele adorava correr na beira da praia. Estava perto do final do Dia da Recordação. Lembrava os velhos tempos, de sua infância e de seu ex melhor amigo, ao qual perdeu com a guerra que se instalou. Ao lembrar da perda, o ódio subia em sua mente com uma mistura de tristeza.

Essa praia era a mesma onde ele tentou se suicidar há um ano atrás, quando mais da metade do mundo havia sido bombardeado. Na época, a dor de pensar na possibilidade de que o seu melhor amigo havia morrido era demais para os seus sentimentos. Ryan ainda se lembrava do primeiro beijo que ele havia recebido de Theo aos seus quinze anos de idade.

*

Ele estava na esquina da rua à noite, ainda abalado depois do seu pai ter batido outra vez na sua mãe. Já Theo estava deitado em seu quarto, que ficava no primeiro andar de sua casa, ouvindo música quando viu Ryan pela janela, sentado na calçada. Estranhando, decidiu descer e conversar com o amigo.

- Ryan? São oito horas da noite, o que está fazendo aqui na calçada?

Ryan, hesitante e com os braços segurando as pernas, respondeu olhando para baixo:

- Não quero falar sobre isso agora. Somente... estou aqui.

Theo, ainda incomodado com o desconforto do amigo, e o vendo desocupado, sentou ao seu lado e falou depois de alguns minutos:

- Então... meus pais saíram para fazer um jantar na casa de alguns parentes meus. – Disse Theo enquanto segurava as suas mãos e esfregava os dois polegares - Você poderia me fazer companhia?

- E para qual motivo? – Disse Ryan.

- Nenhum. Só para o caso de você não estiver ocupado por agora. Vai saber por quanto tempo você pode ficar longe de casa, haha – Disse Theo, meio desengonçado após a pergunta de Ryan.

Ryan hesitou dentro de si por um momento, ele não queria conversar com ninguém. Mas, ao pensar nos seus problemas familiares e no desejo de não querer voltar para sua casa para se encontrar com o pai bêbado, se levantou e disse:

- Tudo bem. Se não for muito incômodo.

- Não será nenhum, acredite – Disse Theo após segurar a mão de Ryan e o puxá-lo em direção a sua casa, com um largo sorriso no rosto.

Aquela noite foi mágica. Não, não foi somente pelas músicas que eles dançaram nos primeiros momentos em que Theo tentava animar Ryan, que hesitava dançar por achar algo idiota. O quarto estava escuro, sendo iluminado pela luz que vinha da rua. Já na quinta música que tocava, Ryan e Theo já dançavam juntos, aumentando a auto estima de Ryan que antes estava no zero.

Foi quando o Ryan tropeçou desengonçadamente na cama de Theo, caindo sentado e gerando um momento de silêncio entre os dois para absorver a situação. Depois de alguns segundos ambos gargalharam com a situação, um olhando para o outro. Durante o cessar de suas risadas, Theo olhou profundamente para os olhos de Ryan, que ficaram iluminados com a luz que emanava ao lado da janela de seu quarto.

- Os seus olhos são lindos Ryan.

Houve um momento de silencio no quarto. Ryan, antes com uma fisionomia sorridente, agora se torna séria. Ele não sabia o que responder às palavras proferidas por Theo. Theo, meio sem jeito, se aproximou de Ryan e sentou ao lado dele ao pé da cama. O toca fitas tocava músicas variadas, desde músicas brasileiras a músicas internacionais. Neste momento em que eles estavam ao pé da cama, o toca fitas começou a tocar "Go All The Way".

O Herói que Habita em MimOnde histórias criam vida. Descubra agora