A mais de duzentos anos
Estou de pé atrás da cadeira do meu pai, Alef Leader, o primeiro Supremo, esperando que os outros alfas cheguem e se sentem. Estou nervoso, minhas mãos suam, não sei se algum dia serei capaz de fazer o que meu pai faz, bom talvez algum dia possa ser a metade do que que ele é. Tento me acalmar observando a sala onde estamos, é muito bonita, as paredes são pintadas de vermelho, contrastando com a grande mesa redonda de madeira que tem no centro da sala. Apesar da ser uma mesa grande tem apenas sete cadeiras, destinadas aos alfas das sete grandes alcatéias.
Tento me lembrar das aulas sobre as alcatéias que tive antes da guerra começar. Lembro-me de que cada alcatéia se destina a uma função. Forço a memória para aqueles dias de paz, nos quais minha única preocupação era escapar das aulas, consigo enfim lembrar o nome das alcatéias e suas funções, a segunda alcatéia mais importante era a Warrior, eles eram os guerreiros, a terceira alcatéia eram os Forger, se encarregavam dos armamentos, a quarta eram os Shields, os protetores, a quinta eram os Counsel, os conselheiros, a sexta os Grasp, os espirituais, e a sétima os Grower, agricultores. A última alcatéia e a mais importante era a minha, a Leader, nós somos responsáveis de guiar as alcatéias, somos os mais fortes. Ficamos responsáveis de comandar, de unir as alcatéias, de proteger, nós temos a responsabilidade de manter os linhagem dos lobos viva.
Só agora percebi que das seis cadeiras restantes quatro já estão ocupadas, faltavam somente os alfas das alcatéias Grasp e Counsel. Meu pai começa a ficar impaciente, me alegra saber que não sou o único nervoso com esta reunião. Meu pai pretende unir as alcatéias, unifica-las em suas funções, isso é inusitado, não sabemos se os alfas vão aceitar. Mas a guerra começou a 50 anos e com cada alcatéia cumprindo uma única função não seremos capazes de vencer a guerra contra os vampiros. Precisamos que todos saibam lutar, forjar, plantar, aconselhar e proteger. Os dois últimos alfas chegam e meu pai, o supremo, se levantou e começou a falar.
- Essa é a primeira vez que nos reunimos desde o começo da guerra. Acreditávamos que a guerra acabaria rápido - meu pai respirou fundo, seu olhar demonstrou sofrimento, tenho certeza que pensava nas nossas perdas, mas voltou a falar calmo não deixando transparecer o quão cansado estava - infelizmente não foi assim, por isso estamos aqui. Temos que fazer algo, não temos mais tantos guerreiros, nem forjadores e nem agricultores, precisamos que todos saibam fazer tudo nesse momentos de guerra. - alguns olhares demonstravam não entender o que meu pai queria dizer - temos que unir todas as alcatéias, ensinar os segredos de cada função para os outros.
Quando isso foi dito houve alvoroço, mas nenhum dos alfas se pronunciou.
- SILENCIO - gritou meu pai - Klaus Warrior, o que acha meu amigo? - perguntou ao Alfa dos Warrior.
Klaus era um homem grande, de cabelos negros e olhos azuis, era alfa a mais de 500 anos. Comandava sua alcatéia com punhos de ferro, pelo menos era o que diziam, eu o via pela primeira vez hoje. Atrás dele havia uma bela mulher, não se parecia nada a ele, era loira e seus olhos tinham uma coloração que nunca tinha visto, violeta. Ela me olhou e sorriu, só então percebi que a encarava, me senti envergonhado por meu ato ousado, então voltei a atenção no alfa Warrior.
- Eu Klaus, alfa da alcatéia Warrior, e minha Luna Kira - olhou para a mulher atras de si e lhe dedicou um sorriso, que provavelmente poucos recebiam - apoiamos a decisão do Supremo.
Meu pai acenou com a cabeça em forma de respeito e agradecimento e continuou.
- Fabrizio Forger, o que acha? - o homem negro que se sentava ao lado de Klaus se levantou, esse eu conhecia bem, com certeza apoiaria, ele havia forjado a minha espada, a que me acompanha desde o começo da guerra, minha companheira, ao menos enquanto eu não encontro a minha luna.
- Eu Fabrizio, alfa da alcatéia Forger, apoio sua decisão. - ao dizer isso se sentou novamente. meu pai repetiu o gesto que havia feito a Klaus e prosseguiu.
- Thayla Shields, se pronuncie - era incomum uma mulher ser alfa, mas Thayla havia demonstrado seu potencial, me protegeu mais de uma vez no campo de batalha. Era uma mulher muito bonita, cabelos cor de fogo, pele branca como a neve e olhos verdes como esmeraldas, as vezes me perguntava porque a Deusa Lua não me deu ela como companheira. Ela seria perfeita, era forte como qualquer guerreiro, determinada, era única. Então, ela se levantou e falou:
- Eu Thayla, alfa Shields, apoio - se sentou novamente, meu pai repetiu o gesto novamente.
- Ragnar Counsel - meu nobre amigo se levantou, ele era tão alto quanto eu, alguns diziam que competiria comigo em beleza e tamanho. Tinha cabelos loiros e olhos mel. Parecia abatido, triste e poderia até dizer que meio moribundo
- Eu Ragnar, alfa da alcatéia Counsel, e minha falecida luna Raynara - percebi que ao dizer isso meu amigo se partia em dois, seu amada companheira havia morrido, me perguntei o que aconteceu e o bebe que Raynara esperava estava vivo. - apoiamos a decisão. - disse e voltou a sentar-se.
Em momentos como este agradeço a Deusa por não ter me dado uma companheira, não suportaria a ideia de que algo lhe acontecesse. Talvez minha luna já tenha morrido na guerra, antes mesmo que eu a conheça, isso faz com que meu coração se parta em pedaços. Rezo a Deusa para que a proteja e a traga até mim.
- Sinto muito por sua perda Ragnar. - diz meu pai - Frederico Grasp - um homem de meia idade se levanta, apesar da ideade tenho certeza de que seria capaz de arrancar a cabeça de um inimigo.
- Eu Frederico, alfa Grasp, apoio a decisão - diz e se senta. Faltava somente uma alcatéia e nós poderíamos vencer a guerra.
- Asafe Grower, se pronuncie - ditou novamente meu pai e um homem ruivo se colocou de pé.
- Eu Asafe, alfa da alcatéia Grower, apoio a união.
O semblante do meu pai se iluminou, assim como eu ele sabia que agora nos venceríamos a guerra e tempos de paz viriam.
- Agradeço a todos. O que resta das alcatéias deveram se unir nos territórios Leader, para que comecem os treinamentos. Isso é tudo. - após dizer isso meu pai e eu nos retiramos da sala e nos dirigimos a casa.
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Após a união das alcatéias, nós treinamos e lutamos com todo o empenho possível, a guerra já dava sinais de estar em seu fim e sairíamos vitoriosos. Apesar de sairmos vitoriosos as perdas foram grandes, talvez nunca nos recuperariamos. As alcatéias começaram a voltar para seus devidos territórios, mas antes se acordou que a cada cem anos as seis alcatéias voltariam a nossos territórios para celebrar e consagrar a união, na comemoração chamada de Tertúlia.
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A filha da lua
WerewolfApós a guerra, a cada cem anos as sete alcatéias principais se reúnem, para a Tertúlia, pretendendo consagrar novamente a união, que lhes permitiu vencer. A ultima Tertúlia ocorreu quando Louise Blanc era jovem, ainda não preparada para um companhe...