Capítulo 4 - Louise

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Eu nem acredito que a Tertúlia está chegando, isso me dá esperanças de encontrar meu companheiro, minha metade e meu norte, na ultima comemoração era muito jovem para encontra-lo, tinha apenas 50 anos, sei que parece muito, mas para nós lobos não, vivemos muito tempo, então 50 anos é como adolescência. Na ultima vez, o novo supremo, Enzo, tomou a posse do cargo, até hoje me lembro como ele é bonito, é loiro e de olhos verdes bem parecido com a sua mãe a antiga luna suprema. Também, me lembro como lhe derrubei no chão e como foi vergonhoso fazer algo do tipo com alguém tão importante. Bem que ele podia ser meu companheiro, ele seria perfeito. Estava tão perdida em meus pensamentos que só agora percebo que tem um soco vindo em minha direção e não dá tenho tempo de esquivar.

- Mais que merda Louise, vc está bem? – diz Wilker, meu treinador, após acertar o soco e me derrubar – vc tem que prestar mais atenção, onde estava com a cabeça caramba. Agora sua mãe vai querer me matar, já estou até vendo o roxo se formar. - e estende a mão para me ajudar a levantar.

- Eu estou bem Wilker. Estava pensando em como vai ser impressionante ir pra Tertúlia e poder em fim conhecer meu companheiro, vc imagina como é excitante a ideia de conhece-lo? – digo me levantando e batendo a mão na bunda para tirar a sujeira da minha calça.

- Menina, vc não deveria estar distraída e menos com esse tipo de coisa – lá vem ele de novo, assim como meus pais parecem papagaios – vc é a futura alfa dos Warrior tem que treinar e se aprimorar nas habilidades de combate e ser a melhor, eu sei que esse não é seu sonho mas é seu destino.

Reviro os olhos, todos dizem qual é meu destino, mas ninguém pergunta o que eu quero para o meu destino. Sou adepta ao principio de que o destino se faz e não ele que faz vc.

- Aí está meu ponto, eu não acho que meu destino seja ser uma alfa e menos a dos Warrior, eu não quero ser alfa e te garanto que meu irmão terá um imenso prazer de cumprir o "meu destino" – digo fazendo aspas com os dedos – eu quero uma família, quero ser amada e que me amem e para isso não preciso aprender a lutar, irei abrir mão de tudo isso quando eu o encontre e vc já sabe disso Wilker. Não sei pq vc e meu pai insistem em que treine ou aprenda a usar armas.

- Pq vc precisa se defender e isso é uma necessidade independente se vc tem companheiro ou não – ele diz alto com seu tom amedrontador, mas ele sabe que não funciona comigo. Começo a andar em direção a porta, estou ansiosa para me arrumar e ir para a comemoração – Onde vc vai Louise? – ele diz ainda com seu tom ameaçador. Eu somente aponto o relógio na parede e digo:

- já terminou meu horário de tortura Wilker. – Digo rindo, eu realmente considero isso uma tortura. Eu odeio treinar e qualquer coisa relacionada a violência não é pra mim, costumo dizer que tenho duas pernas esquerdas. – Te vejo na comemoração treinador!! – grito já saindo pela porta e não me atrevo a olhar para traz, pq sei que ele me faria voltar dizendo que eu não tinha me esforçado suficiente e teria que continuar.

Normalmente não treinamos na área interna da minha casa, ou seja, a casa dos meus pais, mas hoje eu insisti em treinar na área interna já que faz muito calor e sem falar o tempo que economizo até chegar em casa. Hoje eu, minha família e alguns membros importantes da alcateia vamos para a alcateia Leader para a comemoração do Tertúlia. Eu adoro a ideia de confraternizar com outras alcateias e todas estarão lá, não é como se ficássemos isolados, muito pelo contrário sempre havia encontros e comemorações com outras alcateias, mas nunca com todas juntas, esse era apenas na Tertúlia. Nesses últimos cem anos, a única alcateia que não veio até a nossa foi a do supremo, o que segundo o meu pai é bem normal, já que nós que deveríamos ir até lá e não eles até aqui.

Ao terminar de subir as escadas, vejo meu irmão sair do escritório do meu pai com uma cara de felicidade, já até posso fazer uma ideia do motivo. Estamos tentando fazer com que ele permita que Luke treine para ficar em meu lugar como alfa, não que ele não tenha um treinamento, ele de fato tem, mas o treino para se tornar alfa é mais rigoroso e difícil. Ao me ver, ele vem e me da um abraço e eu retribuo.

- ele vai me deixar treinar com vc – ele diz e eu faço cara de confusa, pq comigo e não somente ele – não faça essa cara, ele quer te ver para explicar. Vc sabe que se quiser ser alfa eu não tenho problema não é, quando eu era pequeno realmente ansiava isso, mas agora eu o faço por vc. Para que vc possa escolher seu destino como vc mesma diz.

- eu sei e por isso te amo. Vc é o melhor irmão que eu poderia ter – digo lhe oferecendo um sorriso – mas eu não nasci para ser alfa e esse roxo na minha cara, realmente prova isso – digo rindo de mim mesma.

- vc não se esforça o suficiente querida irmã, por isso sempre tem algum roxo que com prazer vc usa para fazer chantagem com papai – isso eu não podia negar, sempre que tinha um roxo novo o usava de justificativa para não treinar alguns dias – E agora vai lá falar com senhor Klaus, para que vc possa ficar linda, como sempre, para a nossa viagem. – Ele diz já me empurrando em direção a porta do escritório.

- é melhor mesmo, pq se não eu não terei tempo para esconder esse roxo – digo já abrindo a porta do escritório.

Mal terminei de abrir a porta e vejo aqueles olhos azuis me encarando, o tempo realmente tinha feito muito bem ao meu pai, ele continuava com sua beleza extrema e sua postura autoritária, apesar de alguns fios brancos para mim eram somente um chame a mais. Para alguns poderia ate ser considerado uma pessoa carrancuda e extremadamente amedrontadora, mas não para mim, para mim ele era o meu pai amoroso e bondoso. Desde que me lembro ele nunca me disse que eu não seria capaz de ser uma alfa por ser mulher, como muitos por aí pensam, apesar da minha pouca propensão em ser a tal, ele sempre acreditou em mim.

- outro roxo, minha filha – ele diz com pesar – eu esperava que pelo menos hoje vc chegaria sem nenhum, o que aconteceu??

- Eu apenas me distrai momentaneamente, mas não se preocupe. Luke disse que queria falar comigo – digo me sentando em uma das cadeiras em frente a enorme mesa de madeira.

- Se distraiu, simples assim. Meu Deus, como eu vou deixar vc sendo uma alfa se vc se distrai com tanta facilidade – pelo visto meu pai não está de bom humor hoje.

- Pelo que Luke me contou eu não precisarei ser mais a alfa pai. Vc não o deixou treinar exatamente para isso, o que eu não entendo é pq eu terei que continuar com essa tortura – disse lhe encarando com cara de incógnita.

- Pelo que parece se vcs dois fossem agentes de inteligência nós estaríamos acabados não é mesmo – será que isso deveria ter graça, pq se sim, ele realmente não tem nenhuma vocação para humorista – o seu irmão não vai treinar para se tornar alfa, mas sim para te apoiar caso seja necessário, por isso vc continuará treinando como sempre. Quando vc vai esquecer essa ideia ridícula de abdicar de ser alfa por um companheiro, eu sei que um companheiro é importante, minha filha, mas não é tudo.

- Mas pai eu não quero ser uma alfa eu não nasci para isso e então pq não deixar o Luke com esse fardo? – pergunto já irritada com a assunto, é sempre o mesmo, eu não quero e ele insiste em que é meu dever e meu destino. Pelo menos agora eu já dei uma passo na direção que eu quero, Luke será treinado como deve para ser alfa.

- Pq ele é seu e não do seu irmão, se fosse para ele ser alfa a deusa o teria mandado como primogênito – diz ao passar a mão no cabelo, sempre o faz quando está irritado - Já chega dessa história. Vá se arrumar, nós saímos em duas horas.

Desisto de discutir, mas somente por enquanto, pq quando encontrar o meu companheiro nem meu pai e nem ninguém me fara desistir de abrir mão de tudo por ele. Saio do escritório e vou para meu quarto me arrumar e arrumar minhas coisas para ir a alcateia Leader.

A filha da luaOnde histórias criam vida. Descubra agora