Tempestade

Capítulo VII

Surpresa

Elena

Acordo na manhã de sábado, resolvo ir até o supermercado abastecer minha cozinha, e comprar alguns utensílios que precisarei durante a semana. Visto uma calça de academia um top e uma blusa folgada aberta nas laterais, calço o tênis e saio. Aproveito e vou correndo pra me exercitar já que não me matriculei a nenhuma academia ainda. Corro por cerca de meia hora até a porta do supermercado. Entro pego um carrinho e começo a pegar os produtos da minha lista, pego além de comida produtos de limpeza e higiene. Termino as compras e peço um táxi, porque não conseguiria levar tudo sozinha. O taxista me deixa na porta do prédio e logo Roberto me vê cheia de sacolas e vem me ajudar.
- Bom dia senhorita Elena, deixe-me ajudá-la. - pega a maioria das sacolas pra si.
- Olá Roberto, o que combinamos sobre o senhorita? Por favor você é meu único amigo aqui, deixe as formalidades para os moradores mais chatos. - ele da uma boa risada e segue em direção ao elevador.
- Bom Elena, por aqui não temos muitos moradores que gostem de serem chamados pelo primeiro nome, a senhorita é a primeira. - ele diz ao digitar meu andar.
- Isso deve ser coisa desses paulistas riquinhos, lá em Minas isso não existe. Na verdade não sei pois lá morava em casa, não em apartamento. - damos rizadas.
Chegamos em meu andar Roberto coloca as sacolas na sala e se despede. Eu criei um grande afeto por Roberto, ele sempre me era solícito, me arrancava boas rizadas e me parecia ser uma pessoa muito legal. Apesar de amar essa nova fase da minha vida eu ainda era uma pessoa bem solitária aqui, não conhecia ninguém, não tinha amigos então não me animava muito em sair sozinha por aí. Espero que minha timidez não me atrapalhe a conhecer novas amizades, só assim eu posso desfrutar um pouco da noite dessa cidade que nunca dorme. Escuto o interfone e vou atender, é Roberto.
- Elena, um rapaz chamado André pede para que desça para falar com ele. - me pergunto quem será, e o que quer, já que não conheço ninguém aqui. - Ah ele acabou de dizer que foi mandado pela senhora Luiza.
Arregalo os olhos ao me lembrar que minha mãe havia mesmo mencionado um presente que chegaria hoje.
- Estou descendo Roberto. - Digo e saio as pressas com a curiosidade nos céus, dona Luiza sempre me surpreendia e eu sabia que hoje não seria diferente.
Chego lá um rapaz muito bonito de terno preto, quando me apresento abre um sorriso muito bonito por sinal, me cumprimenta com dois beijos no rosto, e uma mão saliente deslizando pela minha cintura. André se apresenta e me diz que trouxe uma encomenda enviada pela minha mãe.
- Certo e onde está? - pergunto ao ver suas mãos vazias.
- Está na rua aqui ao lado, pode me acompanhar ? - ele diz me dando uma olhada nada inocente, sinto meu rosto esquentar, quando vejo que ele está me cantando.
- Vamos lá então. - digo e o acompanho.
André vira a rua e vai até o carro que sempre foi meu sonho de consumo, um Evoque branco, lindo que assim que eu estivesse estabilizada no meu emprego com certeza compraria um desses em um milhão de parcelas. Abre a porta e me chama pra ver algo que está lá dentro, eu o sigo e não vejo absolutamente nada, nenhuma caixa ou papel de presentes. Lanço pra ele um olhar de interrogação, e ele fala:
- E aí o que achou ? - pergunta ele sorridente.
- Como assim, achei do que? Cadê minha encomenda?
- Aqui, o carro é sua encomenda, sua mãe mandou te entregar e te avisar pra dirigir com segurança.
Meu queixo cai, fico sem palavras, abismada com o tamanho da loucura da minha mãe, aquele carro era caríssimo, nem ela tinha um carro que custasse tanto.
- Puta Merda minha mãe me deu uma Range Rover. - falo alto pra ver se eu conseguia acreditar. Dou pulos de alegria não consigo me conter. André abre um sorriso de orelha a orelha vendo minha alegria.
- O passeio do fim de semana já tem transporte garantido. - diz ele.
- Ah meu Deus, não consigo acreditar, preciso arrumar algum lugar pra ir pra estrear meu carro novo. - Digo ainda extasiada.
- Como assim arrumar um lugar pra ir? E as amigas? O namorado? São Paulo é tão grande tem tanta coisa pra fazer. - diz ele surpreso.
- Sou nova aqui, ainda não conheci a cidade e nem pessoas, só começo a trabalhar na semana que vem. - Digo me sentindo triste. Ele faz uma cara de surpreso, parece pensar no que vai dizer e finalmente solta:
- Posso ser seu guia turístico esse fim de semana, se quiser claro, conheço lugares que tenho certeza que vai adorar. - fico tentada a aceitar mas nem conheço ele, seria loucura aceitar sair com um cara que nunca vi na vida. Por fim digo educadamente.
- Não posso aceitar, você já deve ter seus planos, sua vida, sua namorada pra cuidar. Não se preocupe eu vou dar um jeito. - Digo sem jeito.
- Olha se seu medo for porque não me conhece não se preocupe, te passo todos meus dados, endereço pra você deixar com alguém de confiança, inclusive tenho certeza que sua mãe vai achar uma ótima idéia, pois nos tornamos amigos mesmo que por telefone já que durante essa semana nos falamos quase todos os dias pra acertar a compra do seu carro.
Fiquei animada e acabei aceitando. Estava louca pra conhecer a cidade e por medo de me perder ou não saber onde é legal ir acabei não indo a lugar nenhum. Apenas visitei alguns lugares que pesquisei na internet e que dava pra ir de dia. Marcamos de nos encontrar as 21 horas hoje na porta do meu prédio...