Tempestade

Capítulo VI

Andando com as próprias .

Elena

Cheguei no prédio, me impressionando com tamanha imponência, o prédio tem uma fachada super moderna com um R em destaque enorme e solitário. Entro no saguão e vou até a recepção.
- Bom dia, tenho horário com o senhor Carlo agora, Elena Flores.- Digo com um sorriso no rosto.
- Espere um momento. - Ela responde secamente me olhando dos pés a cabeça.
Depois de longos minutos esperando a moça me lança um olhar de tédio me entrega um crachá e fala no mesmo tom anterior.
- Décimo andar elevador B.
Respiro fundo, relevando a falta de educação e me direciono ao elevador. O segurança me cumprimenta educado com um sorriso no rosto.
- Bom dia senhorita, bem vinda ao prédio. - Agradeço com um sorriso e subo. Quando o elevador se abre me deparo com uma recepção super chique e uma secretaria muito bem arrumada com um sorriso no rosto.
- Bom dia senhorita Flores, o senhor Carlo a aguarda em sua sala. - diz e  gosto dela de cara.
- Só Elena por favor, e muito obrigada ãhn?...
- Giselle, Giselle Fernandes. E por favor sem formalidades também certo ?- Ela sorri e eu assinto. 
Giselle me encaminha até a sala, bate a porta e ouço uma voz nos autorizar a entrar.
- Bom dia senhor Carlo, como vai? - Digo tentando disfarçar meu nervosismo.
- Muito bem, senhorita Flores já se adaptou à nova cidade? - pergunta ele atencioso.
- Estou amando a cada dia mais. - Digo sincera.
- Bom então vamos ao que interessa, a empresa está em processo de expansão e estamos precisando de profissionais que estejam dispostos a crescer junto conosco. - Assinto atenta a tudo que ele fala. - Estou ciente da profissional que é, e por isso quero te oferecer um cargo junto a minha equipe de Administração, já que você sabe como funciona tudo por aqui tendo em vista sua experiência no seu estágio em Minas, você ocupará o mesmo cargo que sua antiga chefe ocupa lá. - Quando ele diz arregalo meus olhos, ficando assustada, achei que teria um cargo mais baixo por estar começando agora, apesar de ter me formado primeiro em Administração eu não tive tanto tempo de me aprofundar na profissão já que fazia junto a faculdade de Direito que sempre foi minha verdadeira paixão. - Você pode começar na segunda feira e vou deixar alguns currículos em sua mesa, pra que possa analisar e escolher sua nova secretaria. - Balanço a cabeça ainda paralisada, sem palavras com o coração quase saindo pela boca. Quando decidi me mudar pra São Paulo de imediato já pensei em trabalhar aqui, já que era familiarizada com a empresa e sabia como funcionava. Enviei meu currículo ao presidente de Minas, que já me conhecia e o repassou para Carlo, que prontamente entrou em contato comigo marcando nossa entrevista. Mas eu não imaginava que teria um cargo tão bom assim logo de cara, achei que começaria mais baixo e por mérito iria conquistando meu lugar. Mas por surpresa do destino estou eu aqui no meu primeiro emprego oficial como gerente Administrativa, ocupando o segundo melhor cargo do departamento, estando abaixo apenas de Carlo que era Admistrador de todo o departamento. Saio do prédio em êxtase e resolvo ligar pra minha mãe pra contar.
- Filha, que saudades, até que em fim me ligou, achei que tinha me esquecido. Não te liguei porque queria te dar um espaço, e deixar você mesma sentir vontade de falar comigo. - Meu coração se comprime e meus olhos se enchem de lágrimas, a saudade que até agora estava abafada pelas novidades, surge pesando toneladas e a vontade de voltar correndo para o colo da minha mãe fica incontrolável.
- Mamãe - minha voz sai vacilante - que saudades, eu nunca me esqueceria de você, você a vovó e o vovô são tudo pra mim, sabe disso. Não liguei antes porque estava tão atolada na minha adaptação que quando me via livre já deitava esgotada e dormia. Mas está tudo bem, trago novidades bombásticas.- Digo rindo sabendo que ela vai dar pulos de alegria.
- Fala logo, antes que eu entre neste telefone e apareça aí, - rumos juntas.
- Consegui meu primeiro emprego. - Digo eufórica. Ela solta um uhul e me enche de perguntas e fica mais feliz quando digo o cargo que vou ocupar.
- Ah filha eu sempre acreditei em você, sempre soube o quanto é capaz, mas quero que saiba que eu sempre estarei aqui, dando tudo certo ou tudo errado, você sempre vai ter a mim do seu lado. E caso precise de algo por favor me ligue, seja um pouco mais dependente de mim, o que é meu é seu e de seu irmão também. - Ela diz chorosa.
- Eu sei mamãe, você é meu poço de coragem, minha segurança que me permite arriscar é por isso que estou aqui hoje. Eu dependo totalmente de você emocionalmente, mas quero ter meu próprio dinheiro, quero colher os frutos de tudo que eu abdiquei pela faculdade, financeiramente preciso andar com minhas próprias pernas. - Digo tentando fazê-la entender que chegou minha hora de me tornar independente.
- Eu sei Elena, você é minha filha e não podia ser tão parecida comigo até em pensamentos. Mas antes de você começar subir seus próprios degraus, eu vou te mandar um presente, que vai chegar aí amanhã cedo. Espero que goste. - Ela diz me deixando extremamente curiosa e com medo de ser mais uma de suas extravagâncias. Finalizo a ligação e ligo pra minha avó, onde ela coloca no auto falante para meu avô participar da conversa e toda a animação e parabenização se repetem...