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Fazíamos o caminho de volta para casa como costumeiro. Diariamente - pelo menos nos dias de aula - pegávamos a pequena estrada de paralelepípedos que dava em nossas casas, estas, uma ao lado da outra.

A de alvenaria rosada, com algumas lascas soltas pelo tempo, era de Jimin e sua família que morava no bairro fazia tempo, eram demasiadamente conhecidos pela vizinhança, inclusive, os primeiros a falar com minha família quando cheguei na pequena casa, recém pintada de amarelo-claro, alguns anos atrás.

— Tae, podíamos ver o clube dos cinco de novo hoje. — proferiu o pequeno de cabelos azuis estonteantes. Ele era um grande apreciador de filmes do século passado, principalmente clássicos.

— C-Claro, podemos sim. — era praticamente impossível negar algo à ele. Sou um tremendo idiota por aceitá-lo enquanto ainda estava chateado com o mesmo.

— Vou almoçar, me arrumar e depois irei em sua casa, tudo bem? — indagou quando chegamos em frente à casa cor-de-rosa, olhou para ambos os lados, checando se havia alguém na rua, e ao constatar que não, dera-me um selinho nos lábios.

Enrubesci com o contato que não era nada novo para nós dois. Esse tipo de "carinho", não lembro muito bem quando começou, talvez por alguma brincadeira, era comum a nós. O problema era que eu gostava demasiadamente destes carinhos, destes beijos e sem perceber, comecei a ficar viciado em Jimin. Minha cabeça martelava sua figura 24 horas por dia.

Durante as aulas eu pensava no momento que elas acabassem e fôssemos andando juntos para casa, e se eu ganharia um beijo de despedida. Antes de dormir, pensava no seu rosto, principalmente nos olhinhos que fechavam se ele sorrisse muito, e nas coisas que havíamos conversado durante o dia.

Quando dei por mim, gostava muito mais de Jimin do que imaginei que gostaria. O problema é que para ele eu não era nada demais, eu sentia que não era. Era apenas um amigo que recebia um pouco mais de carinho que os outros, uns beijos, mas nada o suficiente para sair de uma "amizade colorida", e aquilo me incomodava.

Cheguei em minha casa, suspirei fundo e tirei o peso da mochila dos meus ombros, jogando-a em uma cadeira, relembrando do modo que Park tratou outro garoto na escola, como não poupou os sorrisos e o contato.

Eu definitivamente não havia gostado.

Colorful 🌈  vminOnde histórias criam vida. Descubra agora