Anti social Social Clube

Não sei lidar com isso...

Fiquem agora com o capítulo de hoje...

Entro na escola e caminho até o mural que fica no corredor principal para checar o horário de aulas do dia. Estou atrasada como sempre então decido entrar na sala somente no segumdo horário na aula de história, que por sinal é uma das minhas favoritas da vida ♡.

Algumas garotas passam por mim me encarando e ouço comentários que sei que são ao meu respeito, como sempre. É Impressionante o quanto que um capítulo infeliz da vida de uma pessoa pode render fofocas por anos. Aliás desde muito antes nós dois já éramos o assunto favorito da rádio corredor, éramos o casal mais popular do colégio, ele por ser o garoto mais gato e também capitão do time de basquete da escola, e eu por ser a mais conhecida entre os alunos e a líder das animadoras de torcida.

Como eu pude me enganar tanto? Eu cheguei realmente a acreditar que ele me amava. Assim como eu o amava com todo o meu coração. Mais isso talvez fosse porque eu era uma garota boba que ainda acreditava que seu amor era verdadeiro. Mais ele não me amava de veradade e agora eu sei muito bem disso.

Nunca esquecerei aquela sensação horrível que eu senti no dia em que ele me abandonou com um coração despedaçado. Me senti tão sozinha, e o pior foi ter que voltar para a escola em que eu era acostumada a estar sempre ao seu lado, as lembranças me atormentam até hoje. Como malditos fantasmas que insistem em me lembrar que eu sou a pessoa mais anti social do mundo depois que ele se foi.

Me senti tão envergonhada por ser abandonada daquela forma que entrei em uma forte depressão, passei um mês sem consegui por os pés no colégio e encarar os nossos " amigos". Com esse afastamento acabei por perder meu posto como líder das animadoras de torcida, e quando eu finalmente consegui voltar eu me retrai completamente,  perdendo assim uns poucos amigos que eu achava que tinha.  Não quis papo com ninguém porque todos que se aproximavam de mim uma hora ou outra perguntavam o porque de ele ter ido embora daquela maneira.

E eu não sabia e ainda não sei lidar com isso.

E pensar que eu fazia planos com ele...eu pensava que ele faria parte do meu futuro. Pensei que ele estaria aqui ao meu lado no ensino médio, pensei que comemoraria comigo a aprovação para a faculdade de Medicina ao qual nos dois sonhavamos,  imaginei que meus filhos teriam os olhos verdes dele...as discretas sardas espalhadas pelo rosto, os cabelos dourados. Eu amava tudo isso nele. Amava pensar que ele estaria ali comigo para sempre. Uma grande parte da minha estrutura veio à baixo com a sua partida e agora eu nem sei onde ele está.

Mas agora eu oro internamente para que ele tenha morrido. Tomara que o avião tenha se espatifado no chão... A minha vida fica bem mais leve pensando por esse ângulo. Pelo menos assim eu não fico criando expectativas que por acaso ele voltará. Não crio ilusões de que um dia ele irá entrar por aquele maldito portão e que me abraçará e sorrira para mim como fazia todas as manhãs. Aí que raiva. Eu adorava aquele sorriso. Dá até um arrepio na espinha quando lembro daquele sorriso que ele dava com o canto da boca...

-Além de chegar atrasada ainda fica parada aqui no meio do corredor sonhando acordada senhorita Collins?-pergunta o diretor a mim. Sem perceber acabei ficando parada com cara de bunda olhando para o meu armário.

-Me desculpe Diretor Winslon, eu apenas me distrai por um segundo -Falo recolhendo os livros que iria precisar.

-Apressese e vá para sua respectiva sala, o segundo horário já tocou à alguns minutos.

-Já estou indo... Até mais diretor Glibur.-falo rapidamente, fecho meu armário e caminho apressada até a sala. (Ele não gosta de ser chamado pelo nome).

Todos na sala me olham, mas eu finjo que não percebo e caminho apressada até a última bancada do lado esquerdo. Emília já estava lá.

-Atrasada de novo? -pergunta sussurando para que a professora não ouvisse.

-Me distrai, acabei me atrapalhando com o horário.-falo baixinho para que somente ela ouvisse.

-Dessa vez vou deixar passar. Ok? -pergunta séria. Emília odeia que eu me atrase para a aula, pois fica pensando que vai ficar sozinha na escola.

-Ok. -respondo sorrindo.-Sargento Marshmellow.-falo e faço o sinal de continência para ela. Sorrimos.

Emília é a única amiga que me restou, ela não desistiu de falar comigo e também nunca me pergunta sobre ele, agradeço muito por isso. Ela sim entendeu o quanto era e ainda é doloroso para mim falar dele.

Quando eu finalmente voltei ao colégio fui bombardeada por perguntas e questionamentos.  Porque ele foi embora?  Pra onde ele foi?  Porque ninguém sabia que ele iria embora?  Porque ele não lhe avisou antes? Quando ele vai voltar?  E a principal: Ele irá voltar?

Gente por favor né?  Se ele foi tão ordinário ao ponto de ir embora do nada como se fosse algum fugitivo,  imagina se ele me contaria para onde diabos foi. E eu também prefiro nem saber. Já tive essa curiosidade.  Mas agora não mais...

Prefiro pensar que o seu vôo caiu no oceano pacífico e que ele foi devorado por um tubarão e que agora ele está queimando no fogo do inferno. Não achem que eu sou malvada ou nada do tipo. Sou apenas um pouco rancorosa. Só um pouco claro...