Three

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- Você vai telefonar pro seu pai?! - O meu tio, Jin, me lançou um olhar incrédulo.- Só espero que esteja preparado para ouvir um sermão.

O seu pai não é do tipo que aceita um tratamento gélido em um dia e no outro já esqueceu, ou que age como se nada tivesse acontecido.

Ele com certeza é de guardar rancor. Lembro-me perfeitamente da época em que ele namorava sua mãe.

Os dois ficavam brigados por dias! Quando era culpa dela, então, a coitada ficava de plantão ao lado do telefone, esperando que ele se dignasse a retornar as ligações!


Ah, se ela soubesse... Ah se eu soubesse! Certemente teria dado um jeito naquele namoro no primeiro dia...

   O Jin continuou a tagarelar para as paredes e nem reparou quando eu me encaminhei, com o telefone sem fio, para o meu quarto.

Se eu iria mesmo fazer aquilo, precisaria de muita privacidade.
   Senti-me na cadeira de rodinhas e a empurrei de um lado para o outro, com a antena do telefone na boca, pensando no que falar.

Em vez disso, os meus pensamentos voaram para o ano anterior. Exatamente 14 meses antes.

Eu ainda morava no apartamento dos meus sonhos. No bairro perfeito, bem perto do shopping, da escola, dos meus amigos...
  
Eu estava lá, totalmente na minha, trancado no meu quarto, estudando para a prova de Química.

Aliás, tentando estudar... Não entendi por que vou precisar de ligações, reações e soluções na minha vida!

Quero ser arqueólogo, como a minha mãe. Aliás, segundo meu pai, a culpa de tudo é da profissão dela; acredito que ele ache que até o buraco na camada de ozônio é a devastação da Floresta Amazônica sejam culpa dela.

Mas o fato é que eu tinha matado o curso de inglês por causa daquela maldita prova.

Não que eu quisesse fazer isso. Afinal, o meu amor daquele mês estaria lá e eu daria tudo para ir àquela aula e para ficar ficar repetindo I love you, Kiss me ou Let's stay together  por uma hora sem parar enquanto olhava pro Min Yoongi.

Mas, quando você está correndo seriamente o risco de repetir de ano por causa de uma matéria, você não pode se dar ao luxo de perder tempo paquerando o seu colega, seja em coreano, inglês, japonês ou Francês.

E, exatamente por isso, eu estava em casa em um horário que não deveria estar.

A minha mãe estava viajando, como sempre.
Poucos meses antes tinha conseguido passar em um concurso que, além, de oferecer um ótimo salário, seria muito importante para o currículo dela.

Mas no contrato constava que ela precisava estar disponível para viagens interestaduais e internacionais.

Ela aceitou, claro.

Eu mesmo dei força: aquilo seria excelente para a carreira dela e não é como se eu não pudesse me virar sozinho, afinal já tinha quase 17 anos. E, além do mais, eu tinha meu pai.

É.

Naquela época eu tinha...

Saí do meu quarto para beber água e relaxar um pouco; afinal, meus neurônios já estavam quase fundidos com àquela Química toda.

Então ouvi um riso de mulher vindo de algum lugar.

Congelei na hora, pois imaginava estar sozinho no apartamento, mas subitamente entendi tudo.

Aquilo só podia deixar uma coisa... A minha omma tinha antecipado a volta da viagem e provavelmente não havia dito nada para me fazer uma surpresa!

Ela sabia que naquele horário eu estaria na aula de inglês, e com certeza tinha planejado me esperar na sala, para que, quando eu abrisse a porta, desse de cara com ela lá! (N/A: ah, Jimin... pobre e inocente Jimin...)

Fui lentamente em direção ao quarto dos meus pais, seguindo o som da voz.

Como a minha mãe não é de falar sozinha, devia  estar conversando no celular, e eu iria aproveitar para inverter a surpresa...

Cheguei devagar e fiquei tentando escutar, mas, vem naquele momento, tudo ficou em silêncio.

Por isso só tirei a maçaneta, mas a porta não se moveu. Estava trancada.

- Omma?- falei, franzindo o cenho
Aquilo estava meio, na verdade, muito estranho. Por que minha mãe trancaria a porta se imaginava estranho sozinha em casa?- Apenas o silêncio me respondeu, e logo em seguida ouvi um farfalhar que parecia ser barulho de pano.

De roupa.

De alguém se vestindo.

Será que a minha mãe tinha acabado de sair do banho? Mas ela abriria a porta para mim enrrolada na toalha sem o menor problema...


700 FUCKING PALAVRAS, SCRR

Príncipe Pop °Pjm+Jjk°Onde histórias criam vida. Descubra agora