Parte 1: A flor azul

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  "O amor nasce de pequenas coisas, vive delas e por elas às vezes morre." — Lord Byron  

O corpo estava todo molhado e gelado, o que não era atoa – enfrentou o caminho de volta para casa na chuva. Mas não havia se importado na hora porque seu coração doía. Assim como nem percebera todas as lágrimas que caiam sobre seu rosto se misturando com as gotas geladas.

Não fizera muito tempo desde que voltara a Tóquio e, logo, nem o caminho decorara até o apartamento que dividia com Sakura. Resultando em alguns metros a mais de chuva sobre suas costas quando se deu por perdido e, o pior, a febre o atacou durante o restante da noite. Porque o peito lhe doía de tal forma que nem se preocupou em tirar as roupas molhadas e apenas se despejou na cama. Obviamente, acordar estava sendo muito difícil.

Porém, algo o intrigou – o gosto de frutos ainda não maduros em sua boca a tornando seca. Segundos foram necessários para processar que havia algo dentro dela, se assustou e levantou apressadamente cuspindo tal volume em sua mão direita.

– O que eu comi? – Naruto perguntou a si mesmo encarando a perfeita pétala azul.

O telefone parecia tocar ao fundo de seus pensamentos, o som do toque se tornou insistente e só então o apanhou e confirmou que estava tocando de verdade. Resolveu ignorar a chamada de Sakura, não queria relatar o ocorrido da noite anterior.

Apenas abriu as mensagens tão insistentes dela e fez um meio sorriso diante da preocupação da melhor amiga. Algumas ele até adicionaria aos favoritos.

"Naruto meu amor, quando voltar me conte tudo. Não me esconda nada." – 19:37

"Eu acho que já deve ter voltado a essa hora, por isso te liguei. Me atenda." – 22:19

"Eu tô preocupada Naruto, por favor me ligue." – 00:46

"PORRA NARUTO JÁ AMANHECEU, ME RESPONDE CARALHO." – 8:04

Até chegar na última recente mensagem.

"Eu tô vendo você online, já sei que deu merda. Pode me contar já!" – 12:21

Bloqueou o celular e o jogou para longe – esqueceu que se o quebrasse dificilmente conseguiria comprar outro, agora (provavelmente) era um desempregado depois do que fez para Itachi.

O Uchiha era seu novo chefe e, acima disso, seu ex-namorado. Tudo porque Naruto resolveu que ele era velho demais para si e precisava aproveitar outras coisas antes de engajar em um relacionamento sério. Mas ele amava aquele velho, ele queria sim continuar a fazer parte de sua vida, porém, a imaturidade o abateu e quando fez 18 anos o abandonou.

Naruto poderia ter sentado e conversado com Itachi sobre, mas ele decidiu largar tudo e da pior forma. Itachi havia proposto o noivado justamente na sua festa de aniversário e ele se assustou, havia acabado de completar 18 anos e não pensava em casamento. Mal sabia o que faria da vida e já iria casar?

A decisão de não noivar ele nunca a trocaria, porém, a maneira que escolheu para responder Itachi diante do todos os seus conhecidos e familiares seria seu eterno arrependimento. Ele negou inúmeras vezes com a cabeça e ainda berrou um não tão audível que, seria possível, Tóquio inteira tivesse escutado.

Agora, cinco anos após o caos ele tentaria arrumar as coisas. Mas talvez não existe mais conserto, pois desde sua chegada as coisas já estavam tão diferentes. A ponto de sua presença ser totalmente irrelevante.

Naruto desembarcou do avião com um sorriso no rosto, passara cinco anos servindo como voluntário em regiões menos abastadas da Índia. Finalmente estava de volta com a cabeça no lugar e o coração pronto para corresponder a seu futuro noivo.

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