—... A vida é um caminho, que temos de trilhar... — E lá estava um grande homem a minha frente, tocando seu velho violão, num ritmo de country. O que é bem estranho de se ver por aqui, afinal estamos em Paris. Ah sim, me esqueci não é? Este é meu pai, homem de estatura grande e larga, com cabelos negros como ônix, olhos castanhos e uma barba grande e lisa. Ele ama tirar um tempo no seu dia para tocar seu som na varanda daqui de casa, vendo o fluxo de pessoas na rua, Nicholas Tidall é o nome dele.
Sou Joshua Tidall, tenho 13 anos. Já digo, prefiro ser chamado de Josh, é mais descolado. Moro aqui no Batignolles-Monceaux, um bairro conhecido pelo seu residencialismo elitista ao oeste e popular ao leste, ou seja, tem a área dos riquinhos (como eu odeio esses moleques) e das pessoas como eu. Mas este bairro é legal, dá pra ir ao parque Monceaux, ir ver espetáculos no Palais des Congres de Paris com minha mãe, entre outras coisas. Isso, minha mãe, não poderia esquecer, não é? Emilly Benoit. Ela é a melhor mãe, mesmo que eu ache que todos dizem isso. Ela é linda, loira com olhos azuis. Ouço histórias de quando ela era modelo para a LVMH e seus produtos de luxo, mas largou para ficar com o papai. Agora ela nos faz ir na reunião da escola.
Hoje é dia de reunião de pais e mestres na escola em que estudo, eu e meus pais estamos indo para lá. Você já deve ter passado pelo sétimo ano né? Quando todo mundo já fala palavrão e comete bullying, geralmente com você. É, não sou o garoto mais popular da Collège Lycée Charlemagne, mas tenho amigos, graças a Deus. Como por exemplo, meu melhor amigo Theobald Saint Claus, Theo pros mais íntimos. Ele tem músculos definidos e boa aparência (vulgo loiro de olhos verdes) Conheci esse cara no primário, ele poderia estar em escolas particulares (as melhores) sendo podre de rico como é, mas prefere conviver "normalmente". Sim, eu disse que odiava os riquinhos, mas este é exceção.
E minha outra amiga, que é muito especial. Seu nome é Miranda Jade, a garota mais bonita do mundo, seus cabelos são curtos com uma cor castanha escura, seus olhos verdes intensos como jade, provando que ela merece esse sobrenome. Ela sempre está de óculos, sempre sendo muito fofa. Acho que se ela me olhasse diretamente sem aqueles óculos na frente, meu coração pararia. Enfim, eu, Theo e Mira somos o trio, sempre arranjando encrenca pela escola e pelas ruas do Louvre, tudo que fazíamos era junto, cada um ajudando o outro. Ao menos eu posso cair, afinal, eles estarão lá pra mim e eu pra eles. Agora que você já sabe o bastante sobre mim, creio que queira emoção, não é?
Era mais um dia comum na Collège Lycée Charlemagne. Mentira, hoje é dia de reunião com os pais, onde os valentões recebem broncas de seus responsáveis, é engraçado. Eu estava sentado ao lado de Theo em algum canto aleatório da escola, em uma escadaria qualquer, enquanto esperávamos a reunião acabar.
— Meu pai quer que eu vire presidente na empresa dele. — Disse Theo, um pouco irritado. — Vou ter que mexer com todas essas paradas chatas, tipo gestão de pessoas, sei lá!
— Qual é, não pode ser tão ruim, pode? Aliás, você não tem que se preocupar. Sem sua genialidade estaríamos perdidos amigo. — Digo animadamente enquanto me lembrava das provas de Matemática, tá bom, nem tanto. — Enfim, não se preocupe, vai dar tudo certo.
— Deus te ouça. Se eu falhasse meu pai certamente me mataria. — E então ele começa a rir baixinho. — Agora que lembrei, onde está a Mira?
— Ela disse que estaria aqui. Bem, vamos procura-la. — Levanto, sou logo seguido por Theo. Começamos a andar pela escola, vendo todos nossos colegas, Andrew, Jacques, Melissa, Clementine, entre outros. Mas eles não me importam, quero saber da Miranda. Chegamos na quadra de educação física e lá estava ela, porém, tinha mais alguém junto. Era Johan, o valentão da escola.
— Eu já falei, você vai namorar comigo! —Dizia ele, ameaçador enquanto se aproximava e ia levantando os braços. Não suportei. Eu parti pra cima dele com raiva! Toquei em seu ombro, fazendo-o virar o rosto e o soquei com toda minha força. Isso fez minha mão doer. — Você é tão fraco Tidall, vou te quebrar como um ossinho de galinha! — Ele estalou os dedos das mãos, eu não recuei nem um centímetro. Não posso deixar ele fazer isso, não com ela. Ele me soca no olho, me fazendo cambalear pra trás. Theo se aproxima enquanto manda uma voadora atingindo-o bem no peito. Não adianta muito, Johan é enorme. Nosso grande inimigo agarra Theo e começa a aperta-lo. Aproveito a oportunidade, pego uma cadeira que estava próxima e utilizo-a para bater em sua cabeça. Por fim, ele desmaia no chão frio da quadra.
—Mira, você está bem? Ele não fez nada, fez? — Me aproximo dela, juntamente com Theo. Ela estava com uma expressão preocupada.
— Ele não fez mais do que me ameaçar, está tudo bem rapazes. — Ela nos abraça forte, vejo uma lágrima cair de seu olho. — Obrigada. — Ela seca os olhos. Eu queria fazer isso por ela, esquece, não tenho essa liberdade. — Vocês por outro lado, estão machucados, por minha culpa.
— Não se culpe, eu, você e Josh. Um por todos e todos por um, lembra? Somos os três mosqueteiros nessa França. — Theo comenta, fazendo-nos rir. Ele é bom em animar o clima.
— Vamos sair daqui pessoal. — Digo apontando para a saída da quadra. Meus amigos vão na frente, dou uma última olhada em Johan, que ainda está desacordado no chão. Esse cara me enoja. Sigo adiante.
O resto do dia foi normal, meus pais reclamando de uma notinha vermelha ou outra, nada que eu não possa resolver depois. Agora, sobre meu olho roxo. Bom, eles disseram que eu estava certo. Aproveitando que dessa vez não fiquei de castigo ou algo do gênero, vou até a sala de visitas e pego meu ipod azul, que está em cima da mesa de centro. Ah como amo meu ipod, ganhei ano passado da mamãe. Estava eu a ouvir Break the distance da linda Ashton Edminster (recomendo), meu celular toca. Era Theo.
— Opa, Josh. Vamos fazer algo pra esse fim de semana? Eu, você, Mira. Clássico, que tal? — Quando ele diz clássico, está se referindo á ver meu pai tocando country. Não é uma escolha ruim.
— Claro! Domingo á tarde. — Desligo o celular. Já tenho planos pro domingo.
E cá estamos ouvindo meu pai tocar uns clássicos do country, essas musicas são boas demais, sempre me fazem pensar em grandes jornadas. Imagine a si mesmo montando um corcel de aço em planícies psicodélicas. Tá, exagerei. E a noite foi chegando, assistimos filmes e comemos muitos petiscos, mamãe fez Kebabs. Bem, chegou uma hora em que Theo teve de sair por causa de problemas na família. Agora era só eu e ela lá, na varanda conversando sobre a escola e outros assuntos cotidianos.
— Seu pai é grandão. — Disse Mira, esticando o braço pra cima o máximo que pôde. Não chegou muito alto. — Quero me casar com um homem grande assim.
— Se vocês pensam desse jeito, acho que nunca vou casar então. — Espera, por que falei isso? Meu Deus!
— Eu me casaria com você. — Quando ela disse isso, meu coração parou de bater por um segundo. Vi que agora ela se deu conta do que disse e ficou corada. — Não vou negar.
— Sério? — Agora eu estou corado também, devo estar igual á um pimentão. — Então, poderíamos casar no futuro, não é? — Antes dela falar algo, meu cachorro Èmille aparece na varanda e faz cocô no canto. Nem preciso dizer que fedeu.
— Acho melhor eu ir. Até amanhã Josh! — Ela saiu correndo pra dentro. Vejo o pai dela chegar de carro. Observo-a enquanto vai embora. Vou me casar com essa garota.
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Dos 13 aos 33
RomanceNão concorda que o verdadeiro amor supera qualquer obstáculo? O amor pode sobreviver ao tempo? Joshua Tidall irá nos mostrar uma grande história.